“O que acontece lá acontece aqui”, diz Bolsonaro sobre Trump – e cita Temer para vice

“Trump me tem como uma pessoa que ele gosta, é como você se apaixonar por alguém de graça”, falou o ex-presidente

Equipe InfoMoney

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vê paralelos entre sua trajetória política e a de Donald Trump, e sugere que os desafios enfrentados por ambos seguem um padrão. “Tudo o que acontece lá acontece aqui”, afirmou Bolsonaro em entrevista à Folha de S.Paulo publicada nesta quinta-feira (7), referindo-se à polarização, às disputas institucionais e ao cenário de oposição forte que ele e Trump enfrentam em seus respectivos países.

Bolsonaro também revelou seu desejo de comparecer à posse de Trump, no início de 2025. Com o passaporte retido devido às investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, ele planeja solicitar uma liberação ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Vou peticionar ao Alexandre [de Moraes]. Ele decide”, disse, acrescentando: “Trump me tem como uma pessoa que ele gosta, é como você se apaixonar por alguém de graça”.

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Segundo apuração do jornal O Globo, aliados de Bolsonaro entrarão em contato direto o ministro Alexandre de Moraes para tentar convencê-lo a liberar o documento para que o mesmo compareça à posse de Trump, no dia 20 de janeiro. Bolsonaro, inclusive, teria dado aval a contatos diretos com o ex-presidente Michel Temer (MDB) para fazer a ponte com Moraes.

À Folha, Bolsonaro mencionou Temer como um nome viável para a vice-presidência, deixando a porta aberta para alianças estratégicas. “Não descarto conversar com ninguém, até com você”, brincou, antes de acrescentar: “Ele [Temer] é garantista, é um ex-presidente”. Bolsonaro reforçou que está disposto a construir pontes com diferentes figuras políticas, priorizando parcerias que possam fortalecer seu retorno ao cenário eleitoral.

Em um eventual novo governo, diz, optaria por uma estrutura mais política no Palácio do Planalto, com menos presença de militares. “Os ministros do Palácio teriam que ser políticos, não os que eu coloquei”, admitiu. Em relação à mídia, reconheceu que seu estilo impetuoso gerou tensões: “Eu fui muito impetuoso muitas vezes”, disse, reconhecendo que, em uma segunda oportunidade, abordaria a relação com a imprensa de maneira mais estratégica.

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Bolsonaro também aproveitou para tecer novamente críticas ao papel do Judiciário, ressaltando que, em sua visão, o Supremo Tribunal Federal deveria restringir-se à resolução de conflitos. “Quem não tem o poder de se intrometer em nada é o Judiciário. O Judiciário é para resolver conflitos”, afirmou. Para ele, o Parlamento deve ser o poder “de última palavra”, representando diretamente o povo, enquanto o Executivo deve operar de forma mais autônoma. Ele acrescentou: “Para o Lula está muito bom. Comigo tinha no mínimo uma intervenção do Supremo por semana”.