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A vitória de Donald Trump na corrida à Casa Branca animou as bolsas nos EUA, com os principais índices em NY batendo recordes de pontos. Mas, passada essa empolgação, os investidores vão ter que voltar seus olhos a outras questões, como o desempenho da economia americana e mundial, além da taxa de câmbio e preço de commodities.
“A vitória de Trump traz alívio de um lado, no curto prazo (aos mercados), mas tensão por outro lado”, diz a analista da XP Martha Matsumura.
No lado positivo, era o candidato visto mais como pró-mercado, o que ajudou a puxar a valorização dos índices americanos e o dólar globalmente, nesta quarta-feira (6). Por outro lado, promessas como a resolução de conflitos globais, entre Rússia-Ucrânia e Israel-Irã, podem gerar volatilidade em preços como do petróleo e de grãos.
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“O preço do petróleo remete muito à inflação, que pode ser puxada para cima por Trump. Não por decisões econômicas, mas por tentar resolver esses conflitos”, afirma ela.
Além disso, possíveis medidas contra a China, elevando as tarifas de importações, podem “bagunçar” também o mercado de commodities como um todo.
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Ela lembra, por exemplo, que há uma forte correlação entre petróleo e soja, já que do segundo pode derivar o diesel, que compete com combustíveis fósseis.
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“A gente enxerga um petróleo com preço para cima e soja para baixo”, diz, destacando que a demanda por soja por parte dos chineses poderia ser deslocada dos EUA para outros produtores, como o Brasil, levando o preço da soja americana para baixo.
Segundo ela, esse cenário causaria um excedente de soja, resultando numa queda, paulatina, dos preços, de forma global.
Cenário Brasil
Com a volta de Trump, a analista avalia ainda que deverá ocorrer um fortalecimento da moeda americana e, por consequência, uma desvalorização do real. No entanto, não apenas a questão do novo governo americano deve contribuir para esse movimento de enfraquecimento.
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“Por aqui, o cenário não é muito favorável. Há o plano de corte de gastos do governo, mas podem vir metas inatingíveis. Assim, pode haver uma reação positiva em um primeiro momento, mas o mercado seguirá se questionando sobre o quanto o plano será executável”, diz.
Ela acrescenta que todos esses problemas internos “preocupam” o investidor estrangeiro e são “precificados” nos ativos. “Não enxergo um cenário em que o gringo olhe para o Brasil e diga: ‘vou colocar meu dinheiro aqui’. Isso é preocupante”, afirma.
Onde investir
Diante disso, ela entende que as empresas americanas e os índices acionários americanos devem seguir se fortalecendo, assim como o dólar, mesmo após esse “frenesi” inicial, com a vitória de Trump.
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Para o investidor brasileiro, sobretudo o de bolsa, o cenário pode seguir oposto ao visto nos EUA. “Podemos ter esse descolamento do mundo, por conta das nossas questões fiscais.”
Nesse sentido, ela aponta como alternativas ao investidor brasileiro apostar em ativos que reduzam o “risco local”, como por meio de BDRs, ETFs e criptoativos.
“Com câmbio e juros muito para cima, os investidores fazem ajustes a valor presente das empresas, o que pode ‘amassar’ o Ibovespa, descolando nossa bolsa dos mercados lá fora.”
“Por isso, a importância da diversificação em ativos globais, não ficando apenas no Brasil”, conclui.
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