Por que Vale (VALE3) segue sendo a preferência do Itaú BBA em mineração e siderurgia

Equilíbrio entre performance operacional e atratividade financeira chama atenção do banco; previsão de dividendos está abaixo das estimativas anteriores

Murilo Melo

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A Vale (VALE3) continua sendo a principal escolha do Itaú BBA para o setor de mineração, logística, energia e siderurgia na América Latina, apesar dos desafios da área, por seu equilíbrio entre performance operacional e atratividade financeira. O banco manteve a recomendação de outperform (potencial de valorização maior do que outras ações comparáveis, equivalente à compra) para os papéis da mineradora, com preço-alvo de US$ 13 por ADR (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) para o final de 2025.

A atualização do modelo do BBA para a Vale incorpora os resultados do terceiro trimestre deste ano (3T24), assim como novas provisões financeiras relacionadas à Samarco. “Vemos um cenário positivo com o aumento da eficiência operacional da empresa, que vem acompanhada pela redução de passivos relevantes. A avaliação da Vale continua atrativa, com um múltiplo EV/Ebitda de cerca de 4,0 vezes para 2025 e uma previsão de retorno de fluxo de caixa livre (FCF) de 8-10%, excluindo despesas relacionadas a Brumadinho e Mariana”, afirma o relatório do banco.

O múltiplo EV/Ebitda é uma métrica financeira usada para avaliar o valor de uma empresa em relação à sua capacidade de geração de caixa operacional. Esse múltiplo compara o valor total da empresa, incluindo suas dívidas, com o Ebitda que representa o lucro operacional antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

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Com esses dados, os analistas estimam que o preço-alvo deve manter um potencial de alta de 21% até o final de 2025, além de oferecer um retorno total para o acionista (TSR) de 28%, incluindo um rendimento de dividendos projetado em 7%.

Impacto de preços e operações da Vale

Os estrategistas do BBA preveem uma queda nos preços do minério de ferro em 2025, estimando uma média de US$ 95 por tonelada, abaixo dos US$ 110 por tonelada registrados neste ano. Segundo eles, essa queda deve-se, em parte, ao aumento da oferta, com novos projetos entrando em operação, como Capanema e Vargem Grande, da própria Vale, além do projeto Onslow, da Mineral Resources. Outro fator de peso é a expectativa de queda na produção de aço na China, que deve ter uma retração de 3% em 2025, segundo a World Steel Association.

Apesar da perspectiva de preços mais baixos, o custo marginal de produção do minério de ferro se mantém alto, na faixa de US$ 90-95 por tonelada, o que tem ajudado a sustentar os preços em níveis estáveis. Além disso, os analistas dizem que as melhorias no controle de custos da Vale podem compensar parte desse impacto.

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O banco observa que a mineradora registrou um custo C1 (custo de produção) de US$ 18,2 por tonelada em setembro, abaixo da média de US$ 22,9 registrada nos primeiros nove meses deste ano, e dentro do guidance (desempenho futuro) de US$ 21,5-23 por tonelada para o ano.

Previsão para o Ebitda e dividendos da Vale

Para 2025, o BBA projeta um Ebitda total de US$ 15,7 bilhões, 13% abaixo das estimativas anteriores. A justificativa que o banco dá para esse declínio é a queda nos preços do minério e por uma visão mais cautelosa em relação à divisão de metais básicos da empresa. No entanto, essa queda no Ebitda, segundo os analistas, será parcialmente compensada pela diminuição dos custos, impulsionada pela diluição de custos fixos.

Segundo os cálculos do banco, a Vale deve oferecer um retorno de fluxo de caixa livre de 8-10% entre 2025 e 2026, potencialmente traduzindo-se em um rendimento de dividendos nos mesmos níveis. A projeção considera a exclusão dos pagamentos relacionados às tragédias de Mariana e Brumadinho.