Utensílios de cozinha podem ter produtos químicos tóxicos, segundo novo estudo

Nova pesquisa aponta presença de substâncias cancerígenas em diversos produtos de uso diário, como utensílios de cozinha

Victória Anhesini

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Utensílios feitos com plástico preto possuem um número elevado de produtos químicos tóxicos, de acordo com novo estudo realizado pela organização Toxic-Free Future e cientistas da Vrije Universiteit, em Amsterdã.

Tais químicos são cancerígenos e são desreguladores hormonais em humanos. A pesquisa aponta que eles estão em substâncias retardantes de chamas e estão presentes em diversos itens com plásticos pretos. O estudo foi revisado por pares e publicado na edição de outubro da revista científica Chemosphere.

Segundo Megan Liu, coautora do estudo e gerente de ciência e políticas da Toxic-Free Future, as companhias continuam a usar os retardantes de chamas tóxicos em eletrônicos de plástico. 

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A pesquisa ressalta as consequências da falta de restrições sobre os produtos químicos utilizados em plásticos de eletrônicos, comumente encontrados em televisores. Quando reciclados, os produtos químicos acabam contaminando objetos de uso diário, como brinquedos e utensílios de cozinha.

“Esses produtos químicos cancerígenos não deveriam ser usados desde o início, mas, com a reciclagem, estão entrando no meio ambiente e em nossos lares de várias formas”, disse a gerente da Toxic-Free Future, em comunicado à imprensa.

A reutilização de plásticos reciclados com altas concentrações de retardantes de chama tóxicos, pode introduzir esses materiais em produtos domésticos que não exigem proteção contra fogo. Como são produtos de uso frequente, mais pessoas ficam expostas a riscos desnecessários.

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“Esse problema afeta de forma particular as populações mais vulneráveis, como crianças e mulheres em idade fértil.”

Resultados da pesquisa

O grupo de cientistas analisou as fórmulas químicas de 203 produtos domésticos, incluindo utensílios de cozinha, brinquedos infantis, acessórios de cabelo e diversas embalagens de alimentos. Foram identificados dois tipos de substâncias retardantes de chama, os bromados (BRFs) e os organofosforados (OPRFs), e outros polímeros plásticos.

O estudo encontrou os níveis mais altos dos químicos em uma bandeja de sushi, uma espátula e um colar de contas infantil. No total, 85% dos itens continham os produtos analisados.

Além disso, os resultados revelaram que o plástico normalmente usado em eletrônicos, feito à base de estireno, continha níveis significativamente mais altos de retardantes de chama tóxicos do que os plásticos menos comuns em eletrônicos (polipropileno e nylon). Isso apoiou a hipótese dos pesquisadores de que os produtos químicos estão presentes devido à reciclagem de lixo eletrônico em itens domésticos.

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Em pesquisas anteriores desenvolvidas pela Toxic-Free Future, os cientistas concluíram que a maioria dos televisores possuía retardantes de chama tóxicos. Entre 2017 e 2019, a organização encontrou que a maioria das empresas substituiu os retardantes de chama éteres difenil-polibromados (PBDEs) por membros da mesma classe – retardantes de chama organo-halogenados. 

Outros estudos já demonstraram que esses químicos podem escapar dos produtos para o pó e o ar dentro de nossas casas, percorrerem águas residuais e poluem residências, águas, a cadeia alimentar e até os humanos.