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Dono de uma das maiores linhas de despesas do Orçamento Público por ser responsável pelos repasses de benefícios e serviços do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tem procurado formas de cortar gastos e contribuir com os objetivos do governo federal de equilibrar as contas públicas.
Em entrevista concedida ao InfoMoney, o presidente do órgão, Alessandro Stefanutto, explicou que uma das verticais para gerar maior eficiência nos serviços prestados envolve o investimento no uso de inteligência artificial em processos. A ideia é que as novas tecnologias comecem a ser implementadas ainda em 2024.
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“Nós fizemos uma prova de conceito com 8 empresas. Seis não aguentaram, porque realmente envolve atestado, base [de dados] pesada… E duas chegaram até o final. A Dataprev, com isso, preparou a aquisição. E a nossa ideia é começar a usar ainda neste ano”, afirmou. Confira a íntegra pelo vídeo acima.
Na conversa, Stefanutto reconheceu que os ganhos dos novos processos devem levar um tempo até começarem a ser percebidos, mas frisou que a mudança representa um significativo avanço para a instituição.
“Pelo que tenho lido, com inteligência artificial, você vai ganhando exponencialmente. No começo, a curva ainda é um pouco inclinada, mas isso é uma revolução para o INSS. Porque eu vou começar a fazer esse balanço de dados: ‘aqui eu tenho que colocar perícia’. ‘Aqui, não, volta para o Atestmed, automaticamente’“, disse.
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Para ele, a IA auxiliará o órgão a analisar os dados coletados e tomar decisões mais efetivas sobre o melhor uso de sua estrutura, como os casos em que devem ser alocados peritos e aqueles em que isso não é necessário e a automação seria suficiente.
Parte deste trabalho já tem sido realizado com o Atestmed, sistema que permite que segurados solicitem o benefício por incapacidade temporária (antigo auxílio-doença) por requerimento de análise documental de forma digitalizada, sem perícia presencial ─ o que reduz custos para a instituição e permite uma melhor alocação de profissionais.
“Nós vamos poder fazer um balanço do segurado, ter um ranking, automaticamente. Outros processos de trabalho, por exemplo aqueles em que apuramos irregularidades, [também] vão ser feitos automaticamente. Já entram em uma esteira para cuidar prontos. Hoje fazemos manualmente”, comparou.
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“Temos muita coisa para entregar, mas a grande novidade para o INSS, para o ano que vem, é a inteligência artificial. Qual é a perspectiva? Foi feita a prova de conceito, foi feito o edital, uma contratação pela Dataprev. Nós vamos passar a usar assim que nos disponibilizarem. A informação que recebi foi que, talvez, ainda neste ano, nós consigamos começar a usar a inteligência artificial”, apontou.
A equipe econômica do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera economizar R$ 7,3 bilhões em despesas vinculadas ao INSS em 2025. O montante representa 28% de todas as medidas de redução de despesas anunciadas em agosto. Dos cortes de gastos no órgão, R$ 6,2 bilhões devem vir a partir da implementação do Atestmed e outros R$ 1,1 bilhão de medidas cautelares e administrativas.
Além desses recursos, o INSS dará uma contribuição para as contas públicas com os recursos arrecadados com o recente leilão da folha de benefícios, realizado na semana passada. Dos 26 lotes, a Crefisa venceu 25 e o Mercantil o outro. Pelos cálculos do governo, o processo deverá gerar algo em torno de R$ 6 bilhões por ano para os cofres do Tesouro Nacional, mesmo em um certame realizado durante disputa judicial.
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Durante a entrevista, Stefanutto defendeu a necessidade de se instituir um método estruturado para lidar tanto com a fila de beneficiários quanto com os processos de revisão de alguns programas ─ garantindo, assim, mais previsibilidade para as contas públicas e evitando problemas de indenizações e pagamentos retroativos no futuro.
“O que acontece? Displicência numa época, e depois crueldade em outra, de não dar benefício para quem tem direito. Essa era acabou. Agora todo mundo que tem direito está tendo benefício entregue mais rápido. Isso está na rua, nos números. E estamos melhorando a qualidade fazendo as revisões”, afirmou.
“E isso não pode ser feito só para [gerar] um ganho fiscal, para depois, nos anos seguintes, não. Nós tivemos revisões que foram mal feitas, do ponto de vista jurídico e operacional, e que depois, no ano seguinte, a Justiça reverteu, corretamente, mais de 80%/90% dos números. Não podemos fazer isso. É como uma pedalada. E pior: tira utilizando as pessoas simples”, concluiu.