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O jornalista José Luiz Datena não é mais apresentador do programa Brasil Urgente, uma das principais atrações da TV Bandeirantes. O fim do ciclo foi anunciado pela própria emissora, em comunicado divulgado na quarta-feira (30).
Apesar de deixar o comando da atração, Datena permanecerá na Band, com a qual tem contrato em vigor pelos próximos dois anos. Seu filho, Joel Datena, assumirá, em definitivo, a apresentação do Brasil Urgente.
A saída de Datena do programa policial é confirmada após a participação do jornalista nas eleições municipais deste ano, como candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo (SP).
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Após figurar nas primeiras colocações nas pesquisas iniciais sobre a corrida eleitoral, Datena perdeu tração, ficou muito distante dos primeiros colocados na disputa e terminou com apenas 112.344 votos, amargando um modesto quinto lugar (com 1,84% dos votos válidos).
No primeiro turno, o tucano ficou atrás de Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).
Ainda de acordo com a TV Bandeirantes, Datena deve experimentar novos formatos na grade da emissora, na área do entretenimento. Além do Brasil Urgente, o apresentador já comandou programas como Quem Fica em Pé e Agora é com Datena.
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O Brasil Urgente, que estreou na Band em 2001, é um dos programas policiais mais tradicionais da TV brasileira. A atração, muitas vezes, briga pelo segundo lugar de audiência entre as emissoras abertas no fim da tarde. Datena comandou o programa por 23 anos.
Leia, na íntegra, o comunicado da Band sobre a saída de Datena do Brasil Urgente:
“A Band tem um enorme carinho pelo apresentador José Luiz Datena e reforça os laços de amizade com o profissional, que tem uma trajetória de enorme êxito no Grupo Bandeirantes há mais de 20 anos.
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Em comum acordo, o comunicador deixa a apresentação do Brasil Urgente, atração que comandou com maestria e grande audiência e que agora segue com seu filho Joel Datena.
Para 2025, a emissora já discute com José Luiz Datena a criação de projetos no entretenimento, área em que já atuou com sucesso.”
A “cadeirada” em Marçal
Apesar da baixíssima votação e da participação discreta na campanha eleitoral de 2024, José Luiz Datena protagonizou um dos momentos mais marcantes da eleição na maior cidade do Brasil.
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Irritado com as provocações do adversário Pablo Marçal, o candidato do PSDB perdeu o controle e agrediu o rival com uma cadeira, em pleno debate promovido pela TV Cultura, no dia 15 de setembro.
Datena foi expulso do programa, enquanto Marçal também não pôde continuar – e saiu da sede da emissora diretamente para o hospital.
Ao comentar o episódio, em várias entrevistas após a agressão, Datena disse que não se orgulhava do ato, mas também não se arrependia.
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“Pablo Marçal demonstrou, em todas as situações em que teve oportunidade, sua falta de caráter. Demonstrou, ainda, que é uma ameaça à cidade de São Paulo. Será detido no voto. Mas, a despeito disso, precisava também ser contido com atos. Foi o que eu fiz”, justificou o então candidato.
“Montanha-russa” na política
A filiação de Datena ao PSDB, entoando um discurso de candidato, não foi nenhuma novidade. Isso já havia ocorrido inúmeras vezes ao longo dos últimos anos, em um movimento de idas e vindas, anúncios e desistências, o que transformou o apresentador em um personagem quase folclórico na cena política do país.
Antes de embarcar no PSDB, José Luiz Datena já havia passado por uma dezena de partidos dos mais variados matizes no espectro político-ideológico, de todas as colorações, da esquerda à direita. O apresentador já fez parte de PT, PP, PRP, DEM, MDB, PSL, PSD, União Brasil, PSC e PSB.
Prefeito, vice ou senador?
Em sua extensa trajetória partidária, Datena esteve, por mais de uma vez, a um passo de se candidatar a cargos públicos importantes – mas, na última hora, sempre “refugou”. Isso ocorreu pelo menos em 4 ocasiões nos últimos 8 anos, desde as eleições de 2016.
Então filiado ao PP, Datena teve o nome anunciado pelo partido à prefeitura de São Paulo, com base em pesquisas internas que mostravam o apresentador liderando, com folga, a disputa – Fernando Haddad (PT) era o prefeito à época e sofria com baixos índices de aprovação dos paulistanos.
Datena acabou desistindo de concorrer e deixou a legenda após a publicação de uma reportagem do jornal O Estado de S.Paulo dando conta de que a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontava pelo menos R$ 300 milhões em propinas supostamente direcionadas ao PP entre 2006 e 2014, em casos de corrupção na Petrobras.
Dois anos mais tarde, em 2018, Datena voltou ao centro do debate político ao ter o nome especulado como possível candidato ao Senado Federal. Ele estava no antigo DEM (que se fundiu com o PSL para a criação do União Brasil), mas novamente desistiu da empreitada.
Vice de Bruno Covas
Nas eleições municipais de 2020, Datena esteve muito próximo de ser companheiro de chapa do então prefeito Bruno Covas (PSDB), que buscava renovar o mandato. Então filiado ao MDB, ele teve uma série de conversas com Covas, que se animava com a possibilidade de ter o apresentador como vice.
Na reta final, Datena – autor de bordões que se tornaram icônicos na TV como “quero ‘ibagens’”, “põe na tela”, “é só nosso” e “me ajuda aí, pô” – recuou mais uma vez, alegando que a TV Bandeirantes havia lhe pedido para permanecer na emissora. O candidato a vice na chapa foi Ricardo Nunes (MDB), que acabaria assumindo a prefeitura após a morte de Covas, em 2021, e agora tenta a reeleição.
Ao se filiar ao PSDB, Datena relembrou o episódio e disse que errou ao não ter aceitado o convite de Covas. “Eu deixei de ser vice-prefeito dele e acho que foi a pior coisa que eu fiz. Acabou caindo no colo do atual prefeito, que transformou São Paulo no que eu vi vindo para cá hoje”, disse.
Nas eleições de 2022, o sonho de assumir uma cadeira no Senado voltou a passar pela mente do apresentador, que liderava as pesquisas de intenção de voto. Às vésperas do fim do prazo legal para que deixasse a televisão, Datena anunciou mais uma desistência: “Pensei bem e resolvi seguir o meu caminho”, disse.
De Lula a Bolsonaro, de Boulos a Doria
A vida político-partidária de Datena teve início no Partido dos Trabalhadores, de Luiz Inácio Lula da Silva. O jornalista foi filiado ao PT durante 23 anos, entre 1992 e 2015, e sempre se regozijou publicamente pela amizade que dizia nutrir por Lula.
As denúncias de corrupção que abalaram o PT, especialmente a partir da eclosão da Operação Lava Jato e do escândalo do “petrolão”, afastaram Datena dos petistas. Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), ele se aproximou do então presidente da República – que entrevistou algumas vezes e com quem mantinha encontros regulares, inclusive no Palácio do Planalto.
Em 2022, quando estava no PSC, Datena foi cogitado novamente como candidato ao Senado, possivelmente com o apoio de Bolsonaro e do então candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) – hoje governador do estado. Bolsonaro chegou a dizer que havia “fechado com o Datena”, porém, horas depois dessa declaração, o apresentador agradeceu pelo apoio, mas desistiu da disputa.
O vaivém de Datena na política também o aproximou de nomes como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o ex-governador do Ceará e ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Em abril do ano passado, Datena apareceu em um vídeo ao lado de Boulos, em que conversavam sobre o cenário eleitoral na capital paulista. “Se você peitar o PT e nós sairmos candidatos, se você falar para o Lula ‘eu quero o Datena como vice e sinto muito’, nós podemos sair”, disse o jornalista, na gravação. Após o vazamento do vídeo, Datena negou que tenha pedido para ser vice de Boulos.
Em 2022, o apresentador também foi especulado como vice da chapa de Ciro Gomes à Presidência da República. Os dois se reuniram para tratar do assunto, mas as conversas não foram adiante.
Por fim, José Luiz Datena já declarou apoio, em 2021, ao ex-governador de São Paulo João Doria (na época, no PSDB) para a Presidência da República. O jornalista foi apresentado como pré-candidato a senador pelo União Brasil, com o apoio dos tucanos paulistas, mas desistiu da disputa após Doria retirar sua candidatura presidencial por não ter obtido apoio interno na legenda. “Doria fez o movimento errado de novo. Ele deixa de ser o traído pelo PSDB e trai o Rodrigo Garcia. Por consequência, eu não tenho mais nenhum compromisso com essa chapa”, afirmou Datena na ocasião.