“Não dá para desconhecer o tamanho do MDB”, diz Barbalho, cotado para vice de Lula

Governador do Pará afirma que o MDB é um dos partidos que saiu fortalecido das eleições municipais deste ano e pode desempenhar um papel importante na sucessão presidencial

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB) (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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Embora ainda faltem dois anos para as eleições presidenciais, o mundo político de Brasília (DF) já começa a se preparar para o novo ciclo eleitoral. Uma das figuras de maior potencial nesse cenário é o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), aliado de primeira hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e um dos nomes especulados, nos bastidores, como possível candidato a vice em uma eventual chapa do petista à reeleição. 

Hoje, Lula demonstra estar muito satisfeito com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que também é seu ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. 

Entretanto, Alckmin é do PSB, um partido pequeno, e poderia, eventualmente, ser substituído por um representante de uma legenda maior e com mais peso no Congresso Nacional, como o MDB – parceiro antigo do PT em eleições presidenciais anteriores e cuja relação com a esquerda ficou estremecida desde o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que levou Michel Temer (MDB) ao poder, em 2016. 

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Além disso, Alckmin pode ter ambições eleitorais em 2026, com uma possível candidatura ao Senado pelo estado de São Paulo – serão duas vagas de senador em disputa no próximo pleito.  

O papel do MDB

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Helder Barbalho afirmou que o MDB é um dos partidos que saiu fortalecido das eleições municipais deste ano e pode desempenhar um papel importante na sucessão presidencial. 

“O tamanho político do MDB habilita o partido para qualquer missão”, disse Barbalho, que está em seu segundo mandato como governador do Pará. Nas eleições de outubro, Barbalho costurou a candidatura vitoriosa do deputado estadual Igor Normando (MDB) à prefeitura de Belém (PA) – ele derrotou, no segundo turno, o nome bolsonarista na capital, o deputado federal Delegado Éder Mauro (PL)

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“Eu defendo, portanto, que o MDB tenha a capacidade de dialogar com as partes e entender em que projeto se vai apresentar ao Brasil, em que condição pode cooperar e colaborar. Uma coisa é fato: não dá para desconhecer o tamanho do MDB”, diz Barbalho. 

Segundo o governador do Pará, as discussões sobre um eventual apoio formal do MDB à reeleição de Lula devem se desenrolar mais adiante. Barbalho indica, entretanto, que considera o apoio ao petista um caminho natural, por questão de “lealdade” ao presidente e alinhamento pessoal com o projeto político de Lula. 

“Passada a agenda da COP30 [conferência sobre o clima que será realizada em Belém, em 2025], em novembro do ano que vem, eu estarei obviamente iniciando essa discussão a respeito de 2026, até mesmo porque devo me desincompatibilizar no prazo legal [início de abril de 2026]”, afirma Helder. 

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“O fato é que a minha participação, no que diz respeito a 2026, será ativa, dialogando internamente no MDB para que nós possamos estar fortalecidos para a eleição”, completa. 

Quando fala em “lealdade” ao governo Lula, Helder Barbalho cita os ministros do MDB que integram a atual gestão federal – Jader Filho (Cidades), Renan Filho (Transportes) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento)

“O MDB deve conversar, sim, com o presidente Lula no sentido de entender aquilo que se pensa para 2026, a partir, inclusive, da candidatura do presidente à reeleição. [Discutir] Qual o papel do MDB neste processo, que protagonismo o MDB deve exercer neste processo. E, claro, internalizar após esse diálogo, internalizar o que será capaz de unificar o partido”, defende o governador.

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Segundo Barbalho, as eleições municipais de 2024 podem ter demonstrado que o eleitor brasileiro está mais preocupado com as entregas e o resultado prático dos governos. Segundo ele, o governo federal tem de fazer um balanço sobre o recado das urnas. 

“É uma sinalização importantíssima, diante do que nós vimos na última quadra de 2022, em que o que prevaleceu não foi discutir soluções para o Brasil. Foram discussões, efeito de teses as mais extremas possíveis”, afirmou. “Ao invés de discutir efetivamente um país, soluções para a saúde, para a educação, para a segurança pública, para a geração de emprego, para a sociedade.”

Ainda de acordo com Barbalho, é “necessário que os partidos de centro e, mais do que isso, as teses defendidas por aqueles que estão ao centro se enxerguem nesse processo eleitoral de 2026″. 

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“O centro deve ter a capacidade de liderar as discussões daquilo que busca construir políticas públicas, que tenham um espectro de impacto na sociedade como um todo”, disse o governador paraense. “Defender bandeiras que estejam afeitas a grupos, a bolhas, a segmentos específicos”, completou. 

Quem é Helder Barbalho

Filho e herdeiro político do senador e ex-governador do Pará Jader Barbalho (MDB), Helder Barbalho governa o estado do Pará desde 2019 – ele foi eleito em 2018 e reeleito em 2022. 

Antes de chegar ao cargo máximo do Executivo estadual, Barbalho integrou o governo de Dilma Rousseff, ocupando duas pastas. O atual governador paraense foi ministro da Pesca e Aquicultura (2015) e dos Portos (2015-2016). 

Barbalho se manteve no primeiro escalão do governo federal com a queda de Dilma e, entre 2016 e 2018, foi ministro da Integração Nacional do governo de seu correligionário Michel Temer. 

Helder Barbalho também foi prefeito de Ananindeua (PA) por dois mandatos consecutivos, entre 2005 e 2012, e deputado estadual pelo Pará (2003-2004).  

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Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”