Brava Energia terá calmaria após tempestade na Bolsa? Mercado ainda prefere esperar

Petroleira realizou encontro para fornecer uma atualização sobre as prioridades e trouxe importantes sinalizações em meio a ceticismo do mercado com operações

Felipe Moreira

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A Brava Energia (BRAV3), cuja ação caiu quase 35% no acumulado do ano com a baixa do petróleo e desconfiança sobre as suas operações, realizou teleconferência com analistas para fornecer uma atualização sobre as prioridades de curto prazo da companhia. As falas trouxeram informações sobre os ativos Papa Terra e Atlanta, além da visão estratégica atual da gestão, trazendo importantes sinalizações para o mercado sobre a empresa.

Em termos gerais, a administração está mais convencida de que ambos os ativos retomarão as operações em dezembro, sendo o caso base para a empresa. O pior cenário seria janeiro, mas eles se sentem mais confiantes sobre dezembro do que há 2 semanas.

A Brava – empresa resultante da fusão entre 3R Petroleum e Enauta – também iniciou uma reavaliação interna do portfólio, visando fechar poços menos competitivos. Aproximadamente 90% do valor presente líquido (VPL) vem de 15 concessões de um total de 60. Em fevereiro, a empresa deve divulgar um novo relatório de reservas com produção e capex muito menores.

Além disso, conforme aponta o Bradesco BBI, o foco da administração por enquanto será restabelecer as operações em Atlanta e Papa-Terra e concluir a gestão do portfólio da Brava. “A longo prazo, a administração pode potencialmente reconsiderar fusões e aquisições.”

O BTG disse ter gostado do teor da reunião, embora isso possa ainda levar a alguns ajustes negativos nas expectativas do mercado, já que a mensagem foi bastante racional e realista. Na avaliação do banco, a abordagem é crucial para ajudar a reduzir o ceticismo dos investidores em relação à tese de investimento.

Dadas as inúmeras incertezas, ajustes estratégicos em curso e o desempenho operacional abaixo do esperado nos últimos anos, o BTG acredita que os investidores ainda acham desafiador atribuir probabilidades aos cenários amplamente divergentes para a tese.

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Por outro lado, o BTG reconhece que os esforços estão caminhando na direção certa, e a teleconferência ajudou a transmitir um senso de urgência necessário para resolver as questões principais que têm impedido a criação de valor imensa da empresa.

A equipe de research do BTG disse ainda preferir investir no setor através de outros nomes, particularmente Petrobras (PETR4), seguidos por PRIO (PRIO3) e PetroRecôncavo (RECV3). Diante disso, a execução bem-sucedida do plano delineado pela Brava nos próximos seis meses pode elevar as ações a um novo patamar, reforçando a recomendação de compra do banco, com preço-alvo de R$ 52.

O BBI avalia como positiva a mensagem de foco enviada pela administração. Por outro lado, o banco ressalta que ainda precisará esperar mais alguns meses para entender melhor como será uma “versão confiável” da Brava.

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O Bradesco BBI explica que devido à conexão mais lenta dos poços em Atlanta, e o poço de Papa-Terra sendo adiado para 2026, a produção do próximo ano deve atingir com 90 mil barris de petróleo por dia (bpd), uma queda em relação aos 117 mil bpd previstos anteriormente, com capex caindo para US$ 450 milhões ante estimativa de US$ 520 milhões.

No geral, conforme BBI, o fluxo de caixa livre ao acionista deve piorar no próximo ano. A longo prazo, o banco disse ser necessário esperar pelo novo relatório de certificação com a reavaliação completa do portfólio para ter mais convicção sobre as estimativas.

A equipe de reserach do BBI mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 40.

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Já a XP Investimentos disse ter saído do encontro com uma visão positiva, dadas as perspectivas animadoras de maiores níveis de produção no primeiro trimestre de 2025 (1T25).

“Entretanto, também está claro que tanto a produção quanto os resultados financeiros passarão por um período de baixa nos meses de novembro e dezembro, com a interrupção da produção em Papa Terra e Atlanta”, comentam analistas da XP.

Por fim, a XP afirma continuar otimista em relação à Brava no médio prazo, mas, no curto prazo, continua a preferir o equilíbrio entre risco e retorno oferecido pela PRIO e pela Petrobras.

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Na última semana, o Bank of America reiterou recomendação de compra para as ações com o preço-alvo para R$ 28, um upside de 65%, com visão positiva reforçada positiva foi reforçada após a notícia de que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) marcou a realização da inspeção do FPSO Atlanta para os dias 25 a 29 de novembro.

O Morgan Stanley, por sua vez, reforçou compra, mas cortou o preço-alvo da BRAV3 em 50%, de R$ 50 para R$ 25 (ainda um upside de 47% frente o último fechamento). Embora veja maior potencial de valorização nas ações da Brava, problemas sucessivos de execução em seu portfólio levaram o banco a se torna mais cético com o papel. Segundo o relatório, gatilhos importantes para Brava serão maior visibilidade sobre a estabilidade da produção em Papa Terra e a inicial aceleração da produção do FPSO Atlanta. A preferência é por PRIO.