Mercado de trabalho forte faz XP elevar projeção de crescimento da renda real em 2024

Aquecimento do mercado de trabalho é evidenciado pela taxa de desemprego em nível baixo e pela elevação dos salários reais, conforme estudo da XP Research

Maria Luiza Dourado

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A estimativa da XP sobre o crescimento da renda real disponível das famílias aumentou de 4,5% para 6,8%, uma “surpresa positiva” causada por um mercado de trabalho mais forte, além de maiores gastos públicos com previdência, transferências de proteção social e precatórios, segundo a análise da instituição.

O aquecimento do mercado de trabalho é evidenciado pela taxa de desemprego em nível baixo e pela elevação dos salários reais, conforme estudo especial da XP Research.

A expectativa da instituição é que a população ocupada cresça 2,5% em 2024 em relação a 2023, passando de cerca de 99,0 milhões para 101,5 milhões, em média, com ganhos distribuídos entre setores e posições de ocupação.

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O percentual de pessoas em idade de trabalhar que participam da força de trabalho, chamado de taxa de participação, permanece estável em torno de 62% desde o início do ano. Como resultado, a taxa de desemprego está próxima dos níveis mais baixos da série histórica (cerca de 6,5%), iniciada em 2012.

Os salários reais também têm aumentado de forma consistente. Segundo dados da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), os rendimentos médios reais devem avançar cerca de 4,2% em 2024, alcançando aproximadamente R$ 3.200 por mês.

Outro fator que contribuiu para a aceleração no crescimento da renda real disponível das famílias, de acordo com a análise, foram os gastos públicos, com destaque para pagamentos extraordinários de precatórios, que totalizaram pouco mais de R$ 50 bilhões este ano — acima dos R$ 35 bilhões inicialmente projetados pela XP — além dos pagamentos de benefícios previdenciários e transferências de proteção social, especialmente no BPC, programa destinado a idosos e pessoas com deficiência.

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“Aproximadamente 65% desse montante foi contabilizado como benefícios previdenciários, e o restante, cerca de R$ 18 bilhões em 2024, foi classificado como ‘outros pagamentos de precatórios’”, explica a instituição, que completa: “A renda disponível teria crescido 5,8% em 2024 não fossem os pagamentos de precatórios.”

Previsões para 2025

A projeção da XP para 2025 é de um crescimento mais moderado para a renda real disponível das famílias, de 3%, com desaceleração em todas as suas categorias. “O componente fiscal — que considera os precatórios — deve avançar em torno de 1%, bem abaixo da alta de 6,5% registrada em 2024”, afirma.

PIB

A XP projeta que o impulso fiscal, ajustado ciclicamente, cairá para 0,4% do PIB em 2024, vindo de 1,8% do PIB em 2023.

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Para 2025, a instituição alerta para o impacto direto sobre a demanda agregada que um segundo ano consecutivo de impulso fiscal expansionista causará, com um impacto negativo no PIB projetado em 0,4% — estimativa que não considera o efeito de políticas parafiscais, que podem, ao menos parcialmente, compensar a redução projetada no impulso fiscal ao longo do ano seguinte.

“Em resumo, as estimativas apresentadas neste relatório sustentam nosso cenário de que a atividade doméstica desacelerará no próximo ano. Projetamos alta de 1,8% para o PIB de 2025, abaixo dos 3,1% em 2024. Ou seja, crescimento econômico ligeiramente aquém do potencial, segundo nossas estimativas”, finaliza.

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Maria Luiza Dourado

Repórter de Finanças do InfoMoney. É formada pela Cásper Líbero e possui especialização em Economia pela Fipe - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.