Diretoria da Fundação Saúde se demite após escândalo de órgãos transplantados com HIV

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aceitou os pedidos de demissão em massa. Ao todo, seis diretores da fundação serão desligados. A exoneração deve ser publicada ainda nesta segunda-feira (21)

Fábio Matos

Laboratório PCS Lab Saleme, no Rio de Janeiro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
Laboratório PCS Lab Saleme, no Rio de Janeiro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Cerca de dez dias depois de vir à tona o escândalo dos órgãos transplantados com o vírus HIV, que chocou o país, a diretoria da Fundação Saúde – empresa pública do governo do estado do Rio de Janeiro responsável pelo contrato com o laboratório PCS Lab Saleme – pediu demissão de seus cargos.

O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), aceitou os pedidos de demissão em massa. Ao todo, seis diretores da fundação serão desligados. A exoneração deve ser publicada ainda nesta segunda-feira (21).

De acordo com o governo do estado, o PCS Lab Saleme foi contratado, em dezembro do ano passado, por R$ 11 milhões para fazer a sorologia de órgãos doados.

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Na semana passada, a Polícia Civil do Rio instaurou um novo inquérito para investigar o processo de contratação da empresa – o Ministério Público do Rio (MPRJ) também vai apurar o caso. Já havia uma investigação em andamento sobre a emissão de laudos falsos.

“A medida amplia a transparência e assegura que não haja interferências nas apurações já determinadas pelo governo do estado”, diz o governo do Rio, por meio de comunicado, sobre as demissões.

O diretor-executivo, João Ricardo da Silva Pilotto, encabeça a lista das dispensas na diretoria da Fundação Saúde. Serão desligados os diretores das seguintes áreas:

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“A Secretaria de Estado de Saúde está empenhada em preservar a prestação dos serviços à população e, em breve, será anunciada a nova diretoria”, informou a Secretaria de Comunicação (Secom) do governo fluminense.

Prisões

No domingo (20), a Polícia Civil prendeu uma mulher suspeita de envolvimento na emissão de laudos falsos pelo laboratório PCS Lab Saleme. A prisão ocorreu no âmbito da segunda fase da Operação Verum.

Na primeira etapa da operação, quatro pessoas foram presas: o médico Walter Ferreira, sócio do laboratório PCS Lab Saleme, e os funcionários Jacqueline Iris Bacellar de Assis, Cleber de Oliveira Santos e Ivanildo Ferreira dos Santos.

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De acordo com as investigações, teria havido uma falha operacional no controle de qualidade aplicado nos testes, com o objetivo de diminuir custos. Assim, a análise das amostras não foi feita diariamente, mas apenas de forma semanal, contrariando os padrões.

Seis pacientes que receberam órgãos foram infectados pelo vírus HIV.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”