Ansiosa, campanha de Kamala muda estratégia após avanço de Trump

Kamala está em empate técnico com Trump em alguns Estados-chave, de acordo com pesquisas

Reuters

Vice-presidente e candidata democrata à Presidência dos EUA, Kamala Harris
17/10/2024
REUTERS/Evelyn Hockstein
Vice-presidente e candidata democrata à Presidência dos EUA, Kamala Harris 17/10/2024 REUTERS/Evelyn Hockstein

Publicidade

A vice-presidente e candidata democrata à Presidência dos EUA, Kamala Harris, está mudando sua estratégia de campanha para conquistar os votos de mais homens e republicanos, intensificando também seus ataques contra o adversário, o ex-presidente e republicano Donald Trump, enquanto a ansiedade cresce no partido após pesquisas mostrarem importantes avanços por parte do rival.

Kamala está em empate técnico com Trump em alguns Estados-chave, de acordo com pesquisas públicas e outras da própria campanha citadas por fontes democratas, o que causou uma série de disputas e questionamentos internos. 

É um momento frustrante para uma campanha-relâmpago que começou com um grande choque de entusiasmo e apoio financeiro quando ela substituiu o atual presidente, Joe Biden, depois de uma forte participação na convenção democrata e de ser considerada por muitos como a vencedora do único debate que teve com Trump. 

ACESSO GRATUITO

CARTEIRA DE BONDS

Uma seleção mensal de títulos corporativos negociados no exterior para você investir em dólar.

“Esta sempre seria uma corrida apertada… Isso não significa que não estamos perdendo o sono por causa dela”, afirmou um assessor da campanha, refletindo o nervosismo entre doadores, auxiliares e conselheiros. 

Após semanas focando nas políticas públicas e se colocando nos holofotes nacionais, um assessor disse que Kamala está apostando em um retorno à sua postura de promotora, apresentada em julho, com o intuito de mostrar força a eleitores que podem se sentir propensos a aprovar a imagem de homem forte de Trump.

Em seu comício na noite de segunda-feira em Erie, na Pensilvânia, ela optou por algo raro: mostrar vídeos de comentários de Trump sobre o “inimigo oculto” dentro dos EUA, para realçar seu argumento de que o republicano é um perigo para o país.

Continua depois da publicidade

Nesta semana, ela conversou com Charlamagne tha God para conquistar eleitores negros, depois deu uma polêmica entrevista à Fox News para falar com conservadores. O próximo na lista pode ser o popular apresentador de podcast Joe Rogan, que tem um público masculino e jovem.

Em termos nacionais, a vantagem de Kamala caiu de 7 pontos no fim de setembro para apenas 3 agora, de acordo com pesquisa Reuters/Ipsos. E há ainda mais preocupações para os democratas: ela e Trump estão estatisticamente empatados nos sete Estados-chave que decidirão a corrida eleitoral.

Os resultados negativos ocorrem em momento no qual os elevados preços dos alimentos e do aluguel continuam preocupando os norte-americanos, e Trump tem capitalizado os medos em relação à entrada de imigrantes pela fronteira sul, usando uma retórica cada vez mais extremada.

Continua depois da publicidade

O mercado de ações acabou de atingir sua máxima histórica, e alguns importantes analistas afirmam que as políticas de Kamala trarão menos endividamento e maior crescimento econômico do que as de Trump, mas as pesquisas sugerem que os eleitores confiam mais no ex-presidente quando o assunto é um dos principais do processo eleitoral: a economia.

“Kamala Harris é a zebra, como ela vem dizendo o tempo todo”, afirmou o estrategista democrata Anthony Coley. “Muitos achavam que essa terminologia era apenas política. Mas ela era verdadeira quando a campanha começou, em julho, e é verdadeira agora, a três semanas da eleição.”

Três doadores da campanha de Trump disseram à Reuters nos últimos dias que estão cada vez mais confiantes nas chances do republicano, atribuindo o crescimento ao foco dos norte-americanos quanto ao tema de imigração e à onda de comícios e eventos recentes de Trump.

Continua depois da publicidade

“Eu estava no telefone com a campanha. Eles estão cautelosamente otimistas”, disse. “Só precisamos vencer um dos Estados do paredão azul. É muito factível”, acrescentou, referindo-se a Michigan, Wisconsin e Pensilvânia, que podem dar a Trump a Casa Branca caso ele vença também no Arizona, em Nevada, na Geórgia e na Carolina do Norte.    Perguntada na quarta-feira sobre a apertada corrida, Kamala respondeu: “Esta é uma eleição para presidente dos Estados Unidos. Ela não deveria ser fácil mesmo”.   

Nacionalmente, Kamala reconquistou com tranquilidade os eleitores dos subúrbios e da classe média que estavam apoiando Trump nos últimos meses da campanha de Biden, mostrou pesquisa da Ipsos/Reuters.

Mas sondagens internas da campanha democrata sugerem que Kamala está na margem de erro contra Trump em cada um dos sete Estados que decidirão o vencedor, disseram duas fontes. Na última pesquisa, ela estava empatada na Pensilvânia, um pouco à frente no Wisconsin e atrás em Michigan, afirmou uma fonte.

Continua depois da publicidade

O foco de Kamala nos republicanos é uma preocupação para alguns. Nesta semana, a candidata passou por Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, enquanto seu companheiro de chapa, o governador de Minnesota, Tim Walz, realiza eventos em Wisconsin, oeste da Pensilvânia, Carolina do Norte e no segundo distrito congressional do Nebraska, onde uma vitória pode fornecer um voto no Colégio Eleitoral que seria potencialmente crucial para ela. 

“É a reta final de uma eleição acirrada como as de 2016 e 2020”, disse a estrategista democrata Donna Brazile. “Continuo cautelosamente otimista.”