Vale: maior produção de minério desde 2018 pode marcar recuperação e VALE3 sobe

Analistas destacam que companhia tem evoluído em questões micro, o que guia também maior otimismo com ações

Lara Rizério

Logo da Vale (Foto: Divulgação)
Logo da Vale (Foto: Divulgação)

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A Vale (VALE3) divulgou seu relatório de produção e vendas do terceiro trimestre de 2024 (3T24), com um crescimento da produção de minério de ferro de 5,5% no terceiro trimestre ante o mesmo período de 2023, para o maior volume em quase seis anos (desde o 4T18), com impulso de melhorias do desempenho operacional nos complexos minerários de S11D, Itabira e Brucutu.

Os números, ainda que não representem uma mudança significativa para a tese da companhia, foram no geral bem recebidos pelos analistas. Com isso, mesmo em uma sessão de queda do minério, os papéis VALE3 iniciaram a sessão desta quarta-feira (16) com avanço de cerca de 1%.

Para a XP, os resultados foram melhores do que o esperado em níquel, compensados por um desempenho mais fraco do que o esperado nas operações de pelotas.

Entre os destaques, estão: (i) embarques de minério de ferro estáveis na base anual (-3% ante o projetado pela XP), apesar de um aumento de produção de +5% (atingindo a maior produção desde o 4T18), com a diferença explicada por um aumento de 5,5 milhões de toneladas (Mt) nos estoques no 3T24; (ii) os embarques de pelotas ficaram ligeiramente abaixo das expectativas da casa (-3%), embora tenham aumentado +18% na base anual, impulsionados pela maior disponibilidade de alimentação para pellets de Brucutu e Itabira; e (iii) a produção de níquel se recuperou (+12% anualmente e +69% trimestralmente), impulsionada pelo melhor desempenho nas operações do Canadá.

Além disso, a Vale reafirmou seu guidance de produção para 2024 (a produção anualizada de minério de ferro dos primeiros nove meses em 2024 está em cerca de 99% da faixa média projetada pela Vale).

O Goldman Sachs ressalta que a produção de minério de ferro reportada pela Vale de 91 milhões de toneladas no 3T24 foi 11% acima da sua projeção e 5% acima do consenso da Bloomberg (vendas menores devido ao acúmulo sazonal de estoque, parte a ser revertida no 4T dependendo das condições de mercado). A produção de cobre e níquel também superaram suas projeções.

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“Este trimestre marca o mais forte para a produção ferrosa desde o 4T18 e achamos que é apenas o começo do que esperamos ser uma recuperação operacional de vários anos (após anos desafiadores desde 2019)”, avaliam os analistas do Goldman.

O Bradesco BBI também vê um conjunto sólido de números operacionais, com crescimento contínuo da produção de minério de ferro, atingindo o nível mais alto desde 2018 devido a um forte desempenho no Projeto Ferro Carajás S11D.

Olhando para a divisão de metais básicos, a empresa também apresentou um sólido crescimento anual para níquel e cobre. “Em uma nota mais negativa, a realização de preços em todos os metais foi impactada negativamente por índices de referência mais baixos (tanto no trimestre quanto no ano)”, avalia o BBI.

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O JPMorgan reforça que a maior produção desde o 4T18 e as vendas em linha com as suas projeções são pontos positivos. A produção de metais básicos superou as expectativas, embora as vendas tenham decepcionado um pouco o banco.

Esforços para recuperação

O JPMorgan tem recomendação equivalente à compra (overweight, exposição acima da média do mercado) para as ações da Vale, assim como o Goldman Sachs e o Bradesco BBI.

O Goldman destaca que o preço das ações da Vale ficou para trás em relação ao recente rali do minério de ferro, mas vê espaço para uma recuperação, já que os esforços da empresa para melhorar a lucratividade se tornam mais evidentes (tanto operacionalmente quanto à medida que a empresa trabalha para reduzir pendências importantes, como chegar a um acordo final com a Samarco).

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O banco segue com compra para os ADRs (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) da companhia, mas reduziram ligeiramente a estimativa para o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) para o 3T24 de US$ 3,9 bilhões para US$ 3,7 bilhões (-5%) após o relatório de produção, principalmente devido aos preços realizados mais baixos do minério de ferro. Com isso, o preço-alvo passou de US$ 15,90 para US$ 15,50, ainda um potencial de alta de 43%.

O Morgan Stanley ressaltou que os números operacionais relatados sugerem alguma alta em sua estimativa de Ebitda do 3T24 de US$ 3,6 bilhões (excluindo joint ventures), principalmente devido aos maiores preços realizados na maioria dos metais e às maiores remessas de pelotas, mais do que compensando as menores vendas de metais básicos. Por outro lado, veem uma ligeira queda em relação ao Ebitda de consenso do mercado, de US$ 4,0 bilhões. A recomendação para os ativos também é overweight, com preço-alvo de US$ 15,50.

Já o BBI tem recomendação outperform (desempenho acima da média, equivalente à compra), com preço-alvo de US$ 15 por ADR. Para o banco, a perspectiva micro melhorou significativamente nos últimos meses.

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“Também vemos o guidance de produção para 2024 como alcançável para todos os segmentos, embora a produção de pelotas pareça mais desafiadora. Além disso, esperamos que a empresa continue a eliminar overhangs (fatores de pressão para as ações), com o acordo de Mariana provavelmente sendo anunciado no curto prazo”, aponta o banco, que vê o valuation da Vale como atrativo.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.