Quaest mostra que Pablo Marçal já é um nome nacional e dividiu a direita para 2026

Influenciador ultrapassa alternativas conservadoras na ausência de Bolsonaro; fragmentação é desafio mesmo com eventual impedimento no próximo pleito

Marcos Mortari

O empresário e influenciador Pablo Marçal foi candidato à prefeitura de São Paulo (SP) (Foto: Facebook/Pablo Marçal)
O empresário e influenciador Pablo Marçal foi candidato à prefeitura de São Paulo (SP) (Foto: Facebook/Pablo Marçal)

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A pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República divulgada no último domingo (13) pelo instituto Quaest, apesar da antecedência de 3 anos do pleito, traz sinalizações relevantes tanto para a esquerda quando para a direita na corrida pela sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio do Planalto.

O levantamento testou um cenário hipotético em que os candidatos seriam Lula, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não entrou na simulação.

De acordo com a Quaest, se a eleição fosse hoje e esses fossem os candidatos à Presidência da República, Lula lideraria a disputa com 32% das intenções de voto. Em seguida, vêm Marçal, com 18%, e Tarcísio, com 15%. Como a margem de erro estimada pela pesquisa é de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, os dois nomes da direita estariam em situação de empate técnico.

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Eleitores que dizem que não iriam votar nesta situação ou que votariam em branco ou nulo somaram 18% da amostra − mesmo percentual daqueles que se dizem indecisos. Foram ouvidas 2.000 pessoas de todas as regiões do País entre os dias 25 e 29 de setembro. O nível de confiança é de 95% − o que significa que, se o levantamento tivesse sido feito mais de uma vez e sob as mesmas condições, esta seria a probabilidade de o resultado se repetir dentro do limite da margem de erro.

A Quaest também mostrou que, em um intervalo de três meses, subiu de 53% para 58% o grupo de eleitores que defendem que Lula não dispute a reeleição em 2026. Do lado contrário, os que apoiam a recondução do petista recuaram 5 pontos percentuais de julho para cá e passaram a somar 40% da amostra.

A três anos do pleito, a pesquisa não deve ser interpretada como uma previsão do futuro, mas se trata de relevante exercício de cenário, que pode antecipar tendências para a próxima corrida ao Palácio do Planalto em um País ainda marcado pela polarização.

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Em certa medida, o levantamento confirma recado das urnas nas últimas eleições: a repulsa ao Partido dos Trabalhadores (PT) segue forte entre eleitores. Por outro lado, também mostra a força do lulismo, com o atual presidente mantendo competitividade para uma disputa em que contará com o peso da máquina do governo.

No campo da direita, a Quaest mostra que Pablo Marçal já é um fenômeno nacional e que dividiu o eleitorado conservador. Segundo o levantamento, enquanto Lula mantém 71% dos eleitores que votaram nele em 2022, a base de Bolsonaro rachou. Sem o ex-presidente na disputa, seus votos se dividem entre o influenciador (33%) e Tarcísio (32%).

“O bolsonarismo/direita está dividido. Apesar de Tarcísio ter uma boa intenção de voto para a largada, Marçal conseguiu nacionalizar seu nome a partir da visibilidade adquirida como candidato a prefeito de São Paulo (SP), tendo hoje o mesmo capital político de Tarcísio”, pontuam os analistas da consultoria Arko Advice em relatório a clientes.

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Para eles, Marçal pode ter conseguido ‘furar a fila’ no campo da direita, ultrapassando alternativas como os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); além da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro (PL).

Visão similar tem o analista político Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, que vê um risco de racha na direita mesmo que Marçal seja impedido de disputar a próxima eleição. “Pelo lado da direita, haverá o desafio de superar a fragmentação das candidaturas, entre o bolsonarismo radicalizado e o bolsonarismo moderado”, avalia.

“Há boa chance de Pablo Marçal se tornar inelegível, mas o ex-coach mostrou que parcela expressiva do eleitorado de direita prefere candidatos de perfil antissistema e de discurso inflamado. Outros Pablos Marçais podem surgir”, prossegue.

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“É um risco que eventuais candidatos como Tarcísio de Freitas terão que enfrentar, inclusive no momento de tomar a decisão se serão mesmo candidatos a presidente”, diz.

Os dados segmentados do levantamento reforçam a percepção de nacionalização do nome de Marçal e como ela divide o eleitorado de direita. As intenções de voto do influenciador variam de 15% (Nordeste) a 24% (Centro-Oeste/Norte). A título de comparação, as de Tarcísio vão de 7% (Nordeste) a 20% (Sudeste). Hoje, o governador tem uma projeção mais concentrada do que seu potencial adversário na direita.

Já no campo da esquerda, a pesquisa Quaest traz uma mistura de copo meio cheio e meio vazio. De um lado, o piso elevado de Lula. Do outro, suas dificuldades para crescer muito além da faixa de 1/3 do eleitorado.

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“O presidente Lula, em que pese a derrota do campo de esquerda nas eleições municipais, mantém seu protagonismo e é um forte candidato à reeleição”, destacam os especialistas da Arko Advice.

Para eles, apesar de três candidaturas se destacarem, o levantamento divulgado reforça o quadro de polarização política no País, já que Marçal e Tarcísio somam praticamente a mesma intenção de votos de Lula. “Se considerarmos que o principal ponto de unidade do bolsonarismo e da direita é o antipetismo, é possível concluir que o antipetismo continua fortalecido na sociedade brasileira”, salientam.

Já Ribeiro chama atenção para os desafios que Lula deverá enfrentar em sua corrida pelo quarto mandato presidencial “Pesquisas de intenção de voto feitas com tanta antecedência têm obviamente pouco poder preditivo a respeito do que de fato ocorrerá em 2026. Mas mostram os desafios para o governo Lula, que representará a esquerda em 2026, e para a direita daqui até lá”, observa.

“Lula, apesar das vantagens de poder disputar a presidências com a caneta do governo à disposição, precisa melhorar a avaliação de seu governo a fim de chegar em 2026 em posição mais tranquila para tentar a reeleição. Anunciar e implementar benesses à população, como a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil certamente serão a tônica até a eleição”, projeta.

“O risco, já vislumbrado na sexta-feira (11), é o de as promessas e medidas acentuarem o pessimismo do mercado a respeito da política econômica e redundem em efeitos corrosivos à popularidade do governo, como a subida do dólar e alta da inflação”, conclui o especialista em análise distribuída a clientes.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.