Em queda no Datafolha, Nunes é alvo de Datena, Tabata e Boulos no último debate

Debate realizado pela TV Globo ocorre a 3 dias do primeiro turno e representa uma das últimas oportunidades de exposição aos candidatos

Marcos Mortari Fábio Matos

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Logo no início do último debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) antes do primeiro turno, realizado pela TV Globo na noite desta quinta-feira (3), o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição, foi o principal alvo dos adversários.

Críticas à postura da atual administração nas áreas da Saúde, Educação e Segurança Pública e mesmo a posição adotada por Nunes no debate sobre a reforma tributária foram destaque nas falas dos deputados Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB) e do apresentador José Luiz Datena (PSDB).

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O debate realizado pela TV Globo ocorre a apenas 3 dias da corrida às urnas e é o com maior audiência − e, portanto, representa uma última oportunidade de exposição aos candidatos para governar a maior cidade do País.

Na primeira interação entre os candidatos, Nunes escolheu perguntar a Datena e aproveitou seu tempo para destacar o que classificou como postura “liberal” na economia de sua administração. Ele chamou atenção para reduções de impostos e a criação de incentivos para atrair empresas para a capital paulista.

Em sua resposta, Datena criticou o apoio dado por Nunes à reforma tributária aprovada pelo Congresso Nacional no ano passado (cujos projetos de regulamentação estão em tramitação nas casas legislativas).

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Na avaliação do apresentador, o prefeito “cometeu o erro de não lutar” pelos interesses de São Paulo. Ele argumentou que o fim do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) sem qualquer contrapartida para a cidade foi uma “penalização”.

Após a interação com Datena, foi a vez de Tabata Amaral escolher perguntar ao prefeito, que fez uma série de críticas ao atual estado de coisas da cidade. “Quando você assumiu a prefeitura, São Paulo tinha 30 mil pessoas na rua. Agora, são mais de 80 mil pessoas na cidade mais rica do país. São Paulo foi a capital que mais caiu em alfabetização. Na saúde, as filas explodiram, tem mais de 450 mil pessoas aguardando por um exame. São Paulo viu aumentar homicídio e batemos recorde de estupro e feminicídio”, disse.

Em sua resposta, Nunes disse que era fácil “ficar só criticando” e disse que a parlamentar, que já completa 6 anos no cargo, não teria prestado muita ajuda à cidade durante seu mandato. O prefeito também atacou Tabata por não ter votado favoravelmente a um projeto de lei na Câmara dos Deputados para aumentar a pena de criminosos, sem entrar em detalhes sobre o teor da matéria.

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Ao defender sua gestão, Nunes citou o projeto Vilas Reencontro, voltado a pessoas em situação de rua, e alugueis de vagas de hotéis, além do Smart Sampa, que distribui câmeras com reconhecimento facial pela cidade. “Eu trabalhei duro, chegando cedo na prefeitura, saindo tarde, com uma grande equipe, cuidando das pessoas”, retrucou.

Na réplica, Tabata se direcionou aos telespectadores e indagou: “Você conhece essa São Paulo que o Nunes está descrevendo? Você, eleitor, eleitora, está satisfeito? Ele não responde e ainda diz que [a cidade] está a oitava maravilha”. E finalizou: “A gente merece ou não merece mais? Porque acho que sim e esse prefeito é pequeno demais.”

Depois dessa interação, Guilherme Boulos escolheu perguntar para Tabata, com quem fez uma “dobradinha” para criticar a atual administração. “Não é possível. Você acha que a saúde em São Paulo está desse jeito que ele (Nunes) está falando, está boa, mil maravilhas? As pessoas vão a uma UBS e nem dipirona tem. Falta tudo. Um ano esperando na fila”, disse em tom direcionado ao telespectador.

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Dirigindo-se a Tabata, Boulos perguntou: “onde você acha que a gestão Nunes errou na saúde?”. Em sua resposta, a parlamentar ressaltou que hoje, apesar de haver mais recursos disponíveis, houve piora na qualidade do serviço prestado. “Foi uma gestão tão medíocre, tão inoperante, que as filas explodiram”, criticou.

Momento delicado

As críticas à gestão de Ricardo Nunes no debate coincidem com um movimento negativo para a campanha do atual prefeito. Nos bastidores, aliados têm manifestado preocupação com uma possível perda de votos entre eleitores conservadores para o influenciador e empresário Pablo Marçal (PRTB).

Uma nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada nesta quinta-feira (3), mostrou que, em uma semana, as intenções de voto em Nunes caíram de 27% para 24%, em movimento que o colocou em empate com Marçal, que caminhou em sentido oposto no mesmo período, subindo 3 pontos percentuais.

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Segundo o instituto, os dois estão numericamente atrás de Boulos, que aparece com 26%. Como a margem de erro é de 2 pontos percentuais, os três candidatos estão tecnicamente empatados − o que significa que, se a eleição fosse hoje, não seria possível dizer quem terminaria o primeiro turno na frente, nem quais seriam os dois candidatos que se enfrentariam no segundo turno, em 27 de outubro.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.