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Jornalista, locutor, apresentador, dublador e amigo de Mister M, Cid Moreira, que morreu nesta quinta-feira (3), aos 97 anos, no Rio de Janeiro, emprestou sua voz e imagem para inúmeras funções ao longo de sua carreira marcante. Mas talvez uma das mais famosas delas seja um trabalho que começou de forma despretensiosa, antes de se tornar um sucesso estrondoso em todo o país: a voz da Bíblia Sagrada.
No final dos anos 1990, logo após ser substituído na bancada do Jornal Nacional, noticiário que ancorou desde o primeiro dia, Cid Moreira disse ter ficado “meio sem chão”.
Para se manter ocupado, Cid aceitou um convite para ler passagens bíblicas. Inicialmente, seriam 12 volumes em CDs vendidos em bancas de jornal por R$ 3,90. No entanto, o sucesso foi tão grande que o projeto foi ampliado para 24 volumes.
Quando terminou, o projeto teria arrecadado R$ 60 milhões e vendido 50 milhões de exemplares, segundo Cid Moreira, que logo teve uma ideia mais ousada.
“Pensei: ‘Se isso fez sucesso, por que não gravar a Bíblia toda?'”, relembrou Cid Moreira em um podcast no ano passado. Sim, a ideia era ler toda a Bíblia Sagrada, na íntegra.
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O produtor do projeto original não aceitou a empreitada, dizendo que não era “comercial”. Cid então apresentou o plano a Milton Afonso, cofundador da Golden Cross, rede de planos de saúde. Ligado à Igreja Adventista, Afonso aceitou financiar o projeto.
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“Fiz tudo, desde o texto até a direção dos personagens. Tinham bons, maus, eu ficava ensaiando. Isso levou quase sete anos gravando. Eu consegui”, relembrou Cid Moreira ao podcast.
O projeto também se tornou um sucesso de vendas, mesmo com o declínio dos CDs. Atualmente, as gravações estão disponíveis gratuitamente em plataformas de podcast.
“Vendeu que nem água. Hoje a Bíblia que eu gravei está em tudo o que você imaginar”, disse Cid Moreira ao jornalista Pedro Bial anos depois.