Claudia Sheinbaum toma posse no México: ‘hora de transformação e de mulheres’

A nova presidente defendeu no discurso a recente reforma constitucional do Judiciário e garantiu que a independência do Banco Central será respeitada

Roberto de Lira

A nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, é auxiliada ao colocar a faixa durante sua cerimônia de posse - 01/10/2024 (Foto: Raquel Cunha/Reuters)
A nova presidente do México, Claudia Sheinbaum, é auxiliada ao colocar a faixa durante sua cerimônia de posse - 01/10/2024 (Foto: Raquel Cunha/Reuters)

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Claudia Sheinbaum tomou posse na tarde desta terça-feira como a primeira mulher presidente do México prometendo liberdade, respeito aos direitos constitucionais, cooperação econômica com parceiros e trabalho de inteligência nos temas de segurança interna.

Sheinbaum recebeu a faixa presidencial das mãos de Ifigenia Martínez, presidente da Câmara dos Deputados, e disse que será uma “presidente com A”, informam os jornais locais El País e El Universal. “É hora de transformação e é hora de mulheres”, afirmou.

“Hoje, sabemos que as mulheres participaram de diferentes momentos da história do México. As mulheres podem ser presidentes e eu respeitosamente nos convido a dizer presidente com um ‘A’, assim como dizemos advogado, soldado, professor…. Só existe o que é nomeado”, afirmou.

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A nova presidente defendeu no discurso a recente reforma constitucional do Judiciário, que ele prometeu significar mais autonomia e independência. “Queremos que a corrupção no Judiciário acabe. Sobre a escolha dos magistrados por eleição, ela explicou que será um processo na qual haverá uma única chamada, com candidatos que atendam a determinados requisitos.

“Como uma decisão essencialmente democrática vai ser autoritária?”, pergunto, tendo a poucos metros a presidente da Suprema Corte de Justiça da Nação, Norma Piña. Ela garantiu que, com o tempo, todos concordarão que foi a melhor decisão. E também enviou uma mensagem aos trabalhadores do sindicato judicial: “seus direitos e salários estão totalmente salvaguardados”.

Sheinbaum disse ainda que nos próximos meses também serão realizadas as reformas que incluem na Constituição a pensão universal para idosos e deficientes e bolsas de bem-estar. “Qualquer um que diga que haverá autoritarismo está mentindo.”

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O presidente garantiu também a independência do Banco do México e a continuidade dos investimentos nacionais e estrangeiros no país. “Tenha certeza de que os investimentos serão seguros em nosso país”, disse ela.

Ela também declarou que não haverá aumento no preço do diesel ou da gasolina e que serão feitos acordos com empresários para manter o preço da cesta básica.

Sobre a política ambiental ela disse que em sua gestão não será permitido o plantio de milho transgênico, uma vez que o país será autossuficiente. Sheinbaum também falou em dar atenção especial às concessões e direitos à água, criando um acordo nacional para a segurança e sustentabilidade hídrica do país. “Garantir a água como recurso da nação”.

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“Faremos do México uma potência científica e os vincularemos a áreas e setores prioritários para o desenvolvimento nacional. Não podemos ficar para trás no desenvolvimento tecnológico”, afirmou.

Sobre a sensível questão da segurança interna e a violência do cartéis de drogas, Sheinbaum garantiu que sua estratégia de segurança será não retornar “à guerra irresponsável de Calderón [Felipe Calderón, presidente entre 2006 e 2012] contra as drogas, que continua a causar tantos danos ao México”.

Ela disse estar convencida de que “a segurança e a paz são fruto da justiça”. Segundo ela, os eixos de sua política de segurança serão: atenção às causas, inteligência e investigação, fortalecimento da Guarda Nacional, coordenação com a polícia e promotores locais e impunidade zero.

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A presidente antecipou que visitará Acapulco nos próximos dias, em sua primeira viagem oficial no cargo. E fará isso para ajudar as pessoas afetadas pelo furacão John.

Sobre a relação com os Estados Unidos e o Canadá, ela disse que será mantida a cooperação econômica, que fortalece as economias dos países e a economia do continente. “Continuaremos fortalecendo nossa relação econômica e cultural com a América Latina e o Caribe”, acrescentou.