Multiplan (MULT3): por que recompra de R$ 2 bi traz ótima mensagem para minoritários?

Multiplan pretende comprar cerca de 90 milhões de ações da empresa detidas pelo OTPP, em movimento que mostra compromisso da empresa e com governança corporativa

Felipe Moreira

Shopping center na Pensilvânia, EUA
26/11/2021.  REUTERS/Rachel Wisniewski/File Photo
Shopping center na Pensilvânia, EUA 26/11/2021. REUTERS/Rachel Wisniewski/File Photo

Publicidade

A Multiplan (MULT3) anunciou na noite de quinta-feira (20) que pretende exercer direito de compra de cerca de 90 milhões de ações da empresa – correspondentes a R$ 2 bilhões – detidas pelo grupo canadense Ontario Teacher’s Pension Plan (OTPP), que em junho colocou toda a sua participação de 18,5% na companhia brasileira à venda. O mercado recebe bem a notícia, com as ações MULT3 registrando alta de 2,60%, a R$ 27,23, às 10h50 (horário de Brasília) nesta sexta-feira (20).

As 21,2 milhões de ações restantes do pacote sendo vendido pelo OTPP serão recompradas pela MPar, da família Peres, fundadora da Multiplan.

Os 90 milhões de papéis estão sendo ofertados à Multiplan com um desconto de cerca de 16,2% em relação a cotação média dos últimos 30 pregões da B3 (a R$ 22,12 por ação) e integram o bloco de 111,26 milhões de papéis a serem vendidos pelo OTPP. A empresa pretende fazer a aquisição com recursos próprios e financiamento de terceiros. O Itaú BBA foi contratado como assessor. A proposta será submetida a uma assembleia de acionistas em 21 de outubro, onde a MPAR e a OTPP se absterão de votar.

LISTA GRATUITA

Ações Fora do Radar

Garanta seu acesso gratuito a lista mensal de ações que entregou retornos 5x superior ao Ibovespa

Dado o desconto significativo em relação ao último preço de fechamento, o Bradesco BBI espera que os acionistas minoritários aprovem a transação sem restrições e permitam que a Multiplan cancele as ações pertencentes a OTPP.

Depois da aprovação, a Multiplan deve executar a recompra e o cancelamento da ação em 3 tranches, cada uma limitada a 10% da quantidade de ações em circulação. O BBI acredita que o processo seja concluído até o final do ano de 2024.

O Bradesco BBI comenta que a operação estava entre os melhores cenários previstos em seu relatório recente, com a surpresa positiva vindo do desconto de 18% da recompra em relação ao preço de fechamento da véspera.

Continua depois da publicidade

Para o BBI, a recompra “é um movimento corporativo ousado do acionista controlador da Multiplan e uma mensagem muito positiva para os acionistas minoritários”.

O banco destaca que a operação demonstra a alocação de capital eficiente, com a recompra (16% do valor de mercado) implicando uma taxa de capitalização (cap rate) de aquisição atraente de 12%, bem como governança corporativa positiva. Ela oferece aos minoritários a oportunidade de participar do negócio em condições semelhantes às da MPAR e se beneficiar com o desconto de 18% nas ações em relação ao fechamento da véspera (a MPAR tinha prioridade para adquirir 100% e nenhuma obrigação de compartilhá-lo com a empresa ou minoritários).

Além disso, reforça o compromisso da MPAR com a empresa, investindo R$ 500 milhões adicionais e aumentando sua participação para 35%.

Continua depois da publicidade

O JPMorgan, por sua vez, avalia o anúncio como misto, pois um dividendo teria maximizado o retorno aos acionistas, representando um rendimento mais atraente de mais de 20% considerando a transação atual. No entanto, segundo JPMorgan, a transação ainda é acréscimo para os acionistas, dado o aumento de 6% no fluxo de caixa operacional (FFO)/ação em 2025.

A equipe de research do JPMorgan mantém recomendação equivalente à compra e preço-alvo de R$ 34.

O Goldman Sachs espera uma reação positiva das ações da Multiplan após o anúncio do um acordo, uma vez que o preço acordado está a um desconto de 16% em relação ao fechamento de ontem e implicaria em uma taxa de capitalização de 13% (em comparação com 11% no fechamento de ontem).

Continua depois da publicidade

Segundo cálculos do Goldman, o investimento vai resultar em um aumento da dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 2024 de 1,2 vez para 2,4 vezes, significativamente abaixo do limite do covenant (cláusulas contratuais que limitam as atividades de um devedor e protegem os interesses de um credor) de dívida de 4 vezes. O banco americano também reiterou recomendação de compra e preço-alvo de R$ 33.

Para o BTG Pactual, o acordo é positivo, uma vez que (i) a família controladora que comprará os papéis está mostrando seu compromisso com a empresa (aumentando sua participação na Multiplan); (ii) o acordo é gerador de valor para os acionistas minoritários (a compra do portfólio premium da Multiplan a uma cap rate de cerca de 13% deve se traduzir em um aumento de 5% do P/FFO, ou preço sobre o fluxo de caixa operacional, esperado para 2025); (iii) está seguindo bons padrões de governança corporativa (a ser aprovado pelos acionistas minoritários).

“Após o recente desempenho superior das ações da MULT3 (que subiram 4-5% a mais do que seus pares recentemente), acreditamos que esse negócio já foi precificado em sua maior parte, mas reafirmamos nossa recomendação de Compra, já que o valuation ainda parece atraente”, aponta o banco.

Continua depois da publicidade