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ETF de Argentina em NY é o melhor do mundo sob Milei; Brasil ocupa vice-lanterna

Especialistas explicam os motivos do desempenho positivo dos hermanos - e contam se vale ou não a pena investir agora

Lucas Gabriel Marins

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O ETF (fundo de índice) que acompanha recibos de ações de empresas argentinas negociadas em Nova York é o melhor do mundo em desempenho até aqui em 2024. Com o resultado, o produto mantém a liderança alcançada no final do ano passado, na esteira da vitória de Javier Milei. Para efeito de comparação, o produto que segue recibos de companhias brasileiras tem o segundo pior resultado no mesmo período.

Cotistas do ETF Global X MSCI Argentina (ARGT), composto por recibos de 24 companhias hermanas negociados em NY, colheram retornos de quase 27% entre janeiro e 11 de setembro deste ano, enquanto investidores do iShares Inc iShares MSCI Brazil ETF (EWZ), ligado a 58 companhias da B3, tiveram que arcar com perdas de 16,40% na mesma janela.

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O que impulsionou o fundo argentino em relação aos dos outros países, segundo Thiago Kurth Guedes, diretor de desenvolvimento de negócios da Bridgewise, foi a introdução da polêmica política de austeridade Javier Milei, que fez o país registrar neste ano o primeiro superávit financeiro semestral desde 2008.

“Ou seja, o governo arrecadou mais do que gastou e a Argentina saiu de um expectativa muito ruim para uma muito boa, com números melhores de política fiscal, econômica e cambial que fizeram com que a expectativa das ações do país melhorasse”, disse o especialista.

O pacote do presidente argentino incluiu medidas para controlar a inflação de mais de 200%, como desvalorização do peso, retirada de controles de preços e cortes nas despesas do governo, que foram aplaudidas por órgãos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI). A alta da inflação de agosto, no entanto, foi vista como um retrocesso.

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Vale investir no ETF da Argentina?

Apesar de o ETF do país vizinho ter entregado um bom resultado, ele não é muito sustentável nos mesmos níveis vistos no último ano, segundo Guedes. De acordo com o especialista, o ETF saiu de um ponto muito baixo e atingiu o ponto de estabilidade, sem muito espaço para novas valorizações.

“Está num ponto OK. A gente está com uma classificação para esse ETF de estável e não vemos os problemas nele, mas ele já não tem tanto upside – ou seja, potencial de alta. Então quem tem pode manter, mas não seria um momento de entrada nesse fundo”, avalia.

Confira os 10 ETFs temáticos de países negociados em NY com o MELHOR desempenho de 2024:

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ETF*Preço (US$)Desempenho**
Global X MSCI Argentina (ARGT)US$ 64,8226,74%
iShares MSCI Malaysia (EWM)US$ 25,3620,54%
Ishares MSCI India (INDA)US$ 56,7116,73%
SPDR S&P 500 ETF TRUST (SPRY)US$ 543,3715,44%
iShares MSCI Peru and Global Exposure (EPU)US$ 38,8113,59%
iShares Inc iShares MSCI Denmark (EDEN)US$ 125,8713,45%
iShares Inc iShares MSCI Taiwan (EWT)US$ 50,7612,62%
Global X MSCI Greece (GREK)US$ 41,1811,80%
iShares Inc iShares MSCI Italy (EWI)US$ 37,3111,13%
iShares MSCI South Africa Index Fund (EZA)US$ 44,809,29%
Fonte
*Lista do Ycharts com 48 ETFs globais
** Desempenho entre 1º de janeiro e 11 de setembro
Cotações: TradingView

Por que o EWZ caiu?

O ETF do Brasil registrou até meados de setembro o segundo pior desempenho do ano, caindo 16,04% no período, perdendo apenas para o fundo composto por empresas do México, que encolheu 23,72%.

Diferentemente da Argentina, a situação fiscal é mais preocupante, segundo especialistas. A Verde Asset Management, gestora do renomado Luis Stuhlberger, disse no mês passado que os gastos do governo estão “descontrolados nestes primeiros 18 meses de mandato”, o que impacta juros e mercado acionário. Nesta semana, a Verde revelou que zerou a posição na bolsa brasileira por causa do cenário.

Bruno Cordeiro, gestor do K10 da Kapitalo Investimentos, também seguiu a mesma estratégia de acabar com a exposição à bolsa brasileira por causa da expectativa de alta de juros. O CIO da Legacy, Felipe Guerra, reforçou o coro e falou recentemente, na Expert XP, que os juros no Brasil estão completamente errados e fora do lugar.

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Apesar da preocupação, no geral a expectativa com o Ibovespa é positiva para o restante do ano. O Barômetro do Mercado, pesquisa especial feita pelo InfoMoney com 44 gestoras de recursos, mostra que o ponto médio das estimativas das casas projeta Ibovespa a 145 mil pontos ao fim de 2024.

Confira os 10 ETFs temáticos de países negociados em NY com o PIOR desempenho de 2024:

ETF*Preço (US$)Desempenho**
iShares Inc iShares MSCI Mexico (EWW)US$ 51,91-23,72%
iShares Inc iShares MSCI Brazil (EWZ)US$ 29,13-16,04%
iShares Inc. iShares MSCI Chile (ECH)US$ 25,28-9,11%
iShares MSCI Hong Kong Index Fund (EWH)US$ 15,69-7,52%
iShares Inc iShares MSCI South Korea (EWY)US$ 60,78-6,72%
iShares Trust iShares MSCI Saudi Arabia (KSA)US$ 40,98-5,13%
VanEck Vietnam (VNM)US$ 12.35-3,67%
iShares MSCI Qatar (QAT)US$ 17,72-2,31%
iShares MSCI Indonesia (EIDO)US$ 22,07-0,61%
iShares MSCI France Index Fund (EWQ)US$ 38,64-0,23%
Fonte
*Lista do Ycharts com 48 ETFs globais
** Desempenho entre 1º de janeiro e 11 de setembro
Cotações: TradingView

Riscos de emergentes

Mercados emergentes podem entregar oportunidades de investimento por causa do crescimento, melhora na estabilidade macroeconômica e avanço na gestão de políticas, escreveram Massimiliano Castelli e Philipp Salman, estratégistas da UBS, no Monetary and Financial Institutions Forum (OMFIF), um think tank independente.

Por outro lado, economistas em desenvolvimento também têm riscos altos por causa da volatilidade cambial, incerteza política e até populismo, que podem afetar a política fiscal e possivelmente a monetária, defendeu Jeremy Cunningham, diretor de investimentos do Capital Group.

Para Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, o Brasil deve avançar apenas 1,7% ao ano na próxima década, o pior desempenho entre as principais economias emergentes do mundo – atrás, portanto, de países como Argentina e México.