Extração ilegal de ouro: PF faz operações contra lavagem bilionária de dinheiro

Bloqueio de bens de acusados passou da casa dos R$ 4 bilhões. Segundo os policiais, esquema criminoso consistia em usar documentação falsa sobre a origem do ouro para dar ares de legalidade

Equipe InfoMoney

Dinheiro e ouro apreendidos em operação da Polícia Federal (PF) (Foto: Divulgação/PF)
Dinheiro e ouro apreendidos em operação da Polícia Federal (PF) (Foto: Divulgação/PF)

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A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta terça-feira (10), duas grandes operações, uma delas tendo como ponto de partida o Pará, e outra o interior de São Paulo, para desbaratar esquemas bilionários para dar ares de legalidade a ouro extraído ilegalmente de terras indígenas e de outras localidades, com o bloqueio de bens de acusados passando da casa dos R$ 4 bilhões.

Na primeira operação, a Bruciato, a PF busca desbaratar um esquema de financiamento, extração e comercialização ilegal de ouro que atua dentro e nos arredores da Terra Indígena Kayapó.

De acordo com comunicado da corporação, foram cumpridos 33 mandados de busca e apreensão e 13 de prisão preventiva no Pará, Amazonas, Roraima e Mato Grosso.

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O esquema consistia em usar documentação falsa sobre a origem do ouro para dar ares de legalidade.

“Constatou-se o ‘esquentamento’ de, ao menos, 3,14 toneladas de ouro extraído ilegalmente, por meio de declarações fraudulentas da origem do minério”, informou a PF no comunicado.

Uma fonte da corporação disse à Reuters que o esquema agiu ilegalmente entre julho de 2021 e maio de 2023.

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A PF acrescentou, em nota, que a Justiça ordenou o sequestro e indisponibilidade de até R$ 2,9 bilhões em dinheiro e bens dos envolvidos nesta operação.

Aqua Fortis

Em outra ação, deflagrada a partir de São José do Rio Preto, no interior paulista, batizada de Aqua Fortis, a PF apontou que, ao longo de quatro anos, teria havido uma movimentação de origem ilícita de aproximadamente R$ 3 bilhões provenientes de garimpos ilegais de ouro no Mato Grosso e também do Pará.

A Justiça Federal, segundo comunicado, mandou bloquear até R$ 1,3 bilhão dos investigados em bens, como imóveis, veículos e outros ativos financeiros.

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O esquema surgiu após a apreensão de ouro em pontos diferentes do país terem mostrado vínculos com pessoas de São José do Rio Preto, tido como um dos principais pólos joalheiros e de ouro do Brasil.

As investigações mostraram que muitas pessoas criavam empresas de fachada apenas para movimentar os recursos de origem ilícita. Teria havido uma “mescla” entre ouro de origem legal, que seria a maior parte, e o ilegal, e o minério era revendido para abastecer o próprio mercado local ou mesmo enviado para fora do Brasil.

(Com Reuters)