Queda do índice de semicondutores em mais de 10% não ocorria desde 2022, diz analista

Paulo Gitz, estrategista da XP, afirma, no entanto, que a tese de aumento de consumo de chips de inteligência artificial segue firme

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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O S&P 500 caiu na semana passada 4,1%. Foi a maior queda semanal desde 2022. Já a Nasdaq, o recuo foi de 5,8%, puxado pelas ações de tecnologia – no total, o setor caiu 7,4% e foi o pior segmento da bolsa nos Estados Unidos na semana passada, principalmente por conta da Nvidia, cuja ação caiu quase 14%.

Paulo Gitz, estrategista global da XP, participou nesta segunda (9) do Morning call da XP, e fez uma análise da participação das big techs (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Netflix, Nvidia e Tesla) na bolsa americana.

S&P 500 cresceu no 2T24 impulsionado por empresas fora das big techs

Ele comentou que o índice S&P 500 teve uma temporada bem forte em termos de crescimento de lucro no segundo trimestre de 2024 (2T24). Foi 11,8% de aumento na comparação com o mesmo período de 2023. O mercado projetava avanço de 8,6% do S&P 500 na temporada de resultados do 2T24.

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“Esse alto crescimento, de 11,8%, teve uma boa ajuda das outras 492 empresas (excluindo as oito big techs)”, disse.

Segundo o analista, o resultado no 2T24 foi muito marcado pelo crescimento de lucro do conjunto das companhias que não são as big techs e que há algum tempo vinham sofrendo com resultados negativos.

Tesla tem ficado negativa

Paulo Gitz avaliou a Tesla, que é a única entre as big techs que tem ficado negativa no ano. “Ela tem passado por um momento bem difícil, com dificuldades de venda, de manter margens”, disse. Mas ele crê que a notícia de possível criação de veículo autônomo pela montadora pode mudar o ânimo dos investidores.

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“É muito antes do que se esperava e investidores consideram isso uma mina de ouro para empresa”, avaliou. “Ela pode deixar os veículos da montadora mais atrativos e oferecer o serviço a outras montadoras”, destacou.

Semicondutores tem alta volatilidade

Gitz chamou a atenção ao fato do segmento de semicondutores ter alta volatilidade. “A performance dos últimos meses, com a Nvidia e outras empresas, subindo sem parar, às vezes pode maquiar que o setor é cíclico e extremamente volátil”, ressaltou.

O estrategista da XP afirmou que o segmento de semicondutores caiu forte na semana passada, em 12,2%. A alta de 2024, que já foi de quase 40%, hoje está em 6,3%. “Apesar de ser um setor volátil, cair mais de 10% em uma semana não é nada normal”, afirmou.

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De acordo com levantamento da XP, a queda de mais de 10% no índice de semicondutores (SOX), nos últimos 20 anos, só aconteceu em 2008 (quatro vezes), e uma vez em 2009, 2020, 2022 e agora em 2024.

“A tese de aumento de consumo de chips de inteligência artificial e para outras indústrias segue firme, mais é um setor cíclico, volátil, em um momento que a economia americana começa a mostrar sinais de desaceleração. Ele vai acabar sofrendo mesmo. A parte boa e que essa alta volatilidade gera boas oportunidades”, afirmou.