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No Brasil, EDF Renewables mira em comercializadora do mercado livre e hidrogênio

Líder global em geração de energia renovável vê urgência em atualização de modelo de preços no mercado livre de energia brasileiro

Gabriela Ruddy Agência Eixos

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O Brasil vai precisar atualizar o modelo de preços de energia que é usado no mercado livre para dar as sinalizações corretas de oferta e demanda para os investidores, defende a vice-presidente da EDF Renewables Brasil, Raíssa Lafranque.

O preço de liquidação das diferenças (PLD) foi desenvolvido em um momento em que o sistema elétrico brasileiro tinha maior dependência de hidrelétricas e termelétricas. Hoje, já existe mais participação de outras fontes na matriz, como a eólica e a solar fotovoltaica. 

Por isso, as sinalizações de demanda e oferta estão desatualizadas, o que leva a volatilidades muito grandes nas cotações dentro de um mesmo dia. 

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“A reavaliação dos preços deveria ser uma prioridade, porque é muito estruturante, seja para a tomada de decisão de investimentos do lado da geração, ou para o lado do consumo”, diz Lafranque. 

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Nos últimos anos, os preços permaneceram em níveis baixos, mas têm apresentado maior variação este ano, devido ao menor nível dos reservatórios das hidrelétricas. 

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“A gente já teve preços que no Nordeste vão desde o piso até o teto horário, da ordem de 60 a 1.200 reais por megawatt-hora no mesmo dia”, exemplifica, citando o dia 20 de agosto.

Raíssa Lafranque, vice-presidente da EDF Renewables Brasil (Crédito: Divulgação)

No mercado livre, o consumidor pode escolher o fornecedor e negociar diretamente com um gerador ou comercializadora a compra de energia elétrica. O cliente deixa, assim, de comprar a energia negociada pela distribuidora local e passa a fechar contratos que têm como referência o PLD. 

A partir de janeiro de 2024, todos os consumidores de média e alta tensão passaram a ter essa escolha. 

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O mercado livre é hoje a principal via de viabilização de novos projetos de geração para a EDF Renewables. 

Mas os preços baixos nos últimos anos têm sido um empecilho para o fechamento de contratos de longo prazo com novos consumidores. 

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“Pode ser que grandes projetos, em que a gente precisa de uma demanda muito relevante de energia para justificar o investimento, sejam postergados. Mas isso não desmotiva o investimento, não prejudica a prioridade dos investimentos para o Brasil”, explica.

Segundo Lafranque, a flexibilidade e proximidade com clientes finais foram importantes para viabilizar projetos nesse cenário. 

Foi assim que a companhia investiu em melhorias na estrutura da gestão de riscos e passou a oferecer novos modelos de contratos, como acordos em dólar para grandes exportadores e a opção da autoprodução, na qual o consumidor assume parte do investimento.

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“Flexibilidade na forma de fazer negócio e muita proximidade com o consumidor final para conseguir entender quais são as necessidades dele e tentar endereçar isso de uma forma que ainda nos permita viabilizar o projeto”, explica. 

Armazenamento de energia será importante

Segundo Lafranque, outra questão importante para ajudar a gerenciar a volatilidade nos preços no mercado livre seria a maior inserção de sistemas de armazenamento no setor elétrico brasileiro. 

A expectativa é que isso ocorra a partir da liberação da participação de fontes renováveis com baterias nos leilões de capacidade. 

“É muito importante que a gente vire essa chave e entenda que a gente precisa desse tipo de serviço no sistema para operar de forma mais eficiente”, diz. 

Ela ressalta que tem ocorrido um descompasso relevante nos preços observados nos submercados brasileiros, como o Nordeste e o Sudeste, devido ao aumento da geração eólica em momentos com muitos ventos no Nordeste e à restrição para o intercâmbio de geração entre as regiões. 

Segundo ela, o cenário tem alocado riscos sistêmicos no segmento de geração. 

“A situação atual, mantê-la da forma como ela está, é totalmente insustentável”, diz. 

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Empresa estuda atuar como comercializadora varejista

A EDF Renewables tem hoje 1,2 gigawatts (GW) de capacidade instalada de geração a partir das fontes solar e eólica no Brasil. Há mais 150 megawatts (MW) de projetos em construção, com entrada em operação prevista para 2025. A expectativa da companhia é chegar a 4,5 GW de projetos viabilizados no país até 2030. 

A executiva acredita que o Brasil já está preparado para a expansão do mercado livre para todos os consumidores, incluindo os residenciais. As regras e o cronograma para a abertura desse segmento aos clientes de baixa tensão estão em discussão no governo.  

A EDF Renewables, inclusive, estuda atuar no segmento de comercialização varejista, de olho nessa nova onda de clientes. A empresa avalia parcerias para entrar nessa área. 

“Estamos avaliando algumas oportunidades. E isso requer uma adaptação do modelo de negócio, de fato, porque se passa a ter outros tipos de risco, que não temos quando estamos trabalhando com grandes consumidores”, diz. 

Projetos de hidrogênio em desenvolvimento

A expansão no país envolve a entrada em novos segmentos. A empresa já tem projetos de hidrogênio renovável em desenvolvimento no país. 

Também protocolou pedidos no Ibama para desenvolver 4 GW de geração eólica em alto mar na costa brasileira. 

Segundo Lafranque, ainda não está claro se a energia gerada nos projetos offshore vai ser destinada para o mercado livre. 

A executiva ressalta que para ter mais clareza sobre as rotas de mercado vai ser importante que o país aprove primeiro o marco legal para esses projetos, que está em discussão no Congresso por meio do projeto de lei 576/2021. 

“A gente vai precisar de sinalizações de como essa regulação vai se dar. Não precisa necessariamente do leilão anunciado para poder avançar com esses investimentos. O que a gente precisa é passar a ter visibilidade de cronograma, de quando as coisas vão, de fato, começar a se materializar”, diz. 

A EDF Renewables tem 2 GW de eólicas offshore em desenvolvimento e operação no mundo, em países como França, China, Reino Unido e Estados Unidos.