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A mais recente polêmica nas guerras culturais italianas surgiu devido à decisão de um jardim da infância de introduzir uma política de uniformes unissex para a escola – em vez de usar rosa para as garotas e azul para os garotos – em nome da inclusão e da igualdade de gênero.
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Localizada em Salice Salentino, uma pequena cidade na região de Apúlia, no sudeste do país, a escola afirmou que pedirá aos alunos do primeiro ano que usem aventais verdes.
O objetivo da medida, adotada no fim de julho, é “cultivar uma mentalidade mais aberta e inclusiva, preparando cidadãos conscientes e sensíveis às questões de gênero”, afirmou a escola em seu website.
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A decisão enfureceu membros do partido de extrema-direita Irmãos da Itália, o mesmo da primeira-ministra, Giorgia Meloni, que é crítico aos direitos LGBT e fez campanha contra o que chama de “lobby LGBT”.
“Chega desses babacas! Tirem as mãos das nossas crianças! Deixem a teoria de gênero fora das nossas escolas”, publicou nesta semana, no Facebook, o vice-ministro dos Transportes, Galeazzo Bignami.
O termo “teoria de gênero” é frequentemente usado para tirar o crédito de estudos acadêmicos ou políticas que desafiam as noções tradicionais de masculinidade e feminilidade, ou que defendem que as identidades de gênero não são fixas.
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O centro-esquerdista Partido Democrático (PD), de oposição, acusou a legenda do governo de “iniciar outra cruzada sem sentido” quanto aos aventais, invadindo a liberdade de cada escola de estabelecer suas políticas. Os uniformes escolares não são obrigatórios na Itália, e as instituições são livres para decidir se os adotam ou não.
“Em um país normal, a escolha da cor dos aventais do jardim da infância certamente não seria notícia. Mas o nosso claramente não é um país ‘normal'”, afirmaram em comunicado Ilenia Malavasi e Claudio Stefanazzi, ambos congressistas do PD.
A diretora da escola, Michele Serra, minimizou a polêmica, dizendo que debater sobre educação e inclusão é algo positivo em qualquer circunstância.
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“Eu não chamaria isso de polêmica. Creio que são observações e dúvidas normais e compreensíveis, porque se trata de uma medida nova”, disse ela à Reuters nesta sexta-feira.
Meloni e seus aliados já entraram em uma polêmica sobre gênero nos Jogos Olímpicos de Paris, dizendo que uma pugilista argelina venceu ilegalmente uma oponente italiana. Imane Khelif foi reprovada em um exame de feminilidade no Mundial de 2023, mas acabou liberada para competir em Paris e conquistou a medalha de ouro.
A Itália está no 13º lugar entre 27 países no índice anual do Instituto Europeu para a Igualdade de Gênero, uma agência da União Europeia que calcula o progresso dos países-membros do bloco quanto à equidade entre homens e mulheres.
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A pontuação da Itália foi 68,2, contra uma média de 70,2 da UE e 82,2 na líder, Suécia. O mesmo relatório mostrou que os italianos tiveram a maior melhora de pontuação na União Europeia desde 2010, principalmente pela maior representação feminina nas posições de poder.