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Ganhei em pelo menos 10 trades mais de R$ 100 mil, diz trader

Ricardo Brasil afirma que também teve perdas, mas a que mais lhe doeu, e quase o fez desistir de operar no mercado financeiro, custou R$ 134 mil

Augusto Diniz

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O trader Ricardo Brasil, 43 anos, diz que não sabe precisar quantas vezes ganhou mais de 100 mil reais numa operação. Ele diz que não chegam a 20, “mas sei que foram mais de dez”.

A declaração que foi vitorioso no trade veio logo depois de contar duas grandes perdas, que somadas chegam a 334 mil reais. Mas muita coisa passou na vida de Ricardo Brasil nesse vai e vem no mercado financeiro.

A sua entrada na bolsa foi quando namorava uma garota que fazia economia na Unicamp, conta ele. Ela lhe sugeriu de comprar o primeiro ETF lançada no país, o PIBB11, em 2004.

Probabilidades do IPO

Na época, trabalhava com publicidade em uma agência em São Paulo. Em 2005, no entanto, largou o emprego e voltou para sua cidade natal, o Rio de Janeiro, para cuidar da mãe que enfrentava um câncer. No tempo livre, passou a olhar a bolsa e fazer os primeiros investimentos na modalidade de swing trade.

“Aí, estudei análise gráfica, técnica, fundamentos. Ganhava e perdia (nas operações)”, diz. Em 2006 e 2007, a bolsa no Brasil teve uma série de IPOs (oferta pública inicial de ações) e passou a analisa-la mais detidamente, principalmente no aspecto estatístico.

“Comecei a fazer reserva de ação (de IPO) e vendia tudo no dia da oferta pública. Ganhei muito dinheiro com isso”, afirma. Ele percebeu que os IPOs abriam relativamente bem na bolsa, valia a pena fazer reserva de ação e vendê-las no dia da oferta com ganhos.

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Nos IPOs que participou, chegou a analisar que bancos os coordenavam, porque isso fazia diferença, segundo ele. “Mas teve IPO que abriu bem mal. Teve um que teve queda de 14% e levei prejuízo”, conta. Mas tem vários IPOs, até recentemente, que diz ter ganho mais de 100 mil reais no trade sempre com o mesmo método: reserva de ações e venda no dia da oferta pública.

Operações de follow-on e long e short

Também começou a realizar trade de operações de follow-on (oferta subsequente ao IPO) na bolsa. “Fazia o mesmo esquema: reservava e vendia no dia do follow-on”, conta.

“A análise gráfica não deu muito certo comigo. E aí comecei a trabalhar quantitativamente: o que acontece quando uma ação sobe tantos por cento e o que acontece quando uma ação cai tantos por certo”, explica. “A forma que eu descobri essas coisas foi na prática – e perdendo dinheiro”, ressalta.

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Também com o tempo passou a fazer long e short, que é a estratégia que envolve compra e venda de ativos de forma simultânea, esperando valorização de um e queda de outro, lucrando na diferença entre um e outro.

“Virei uma época rei do long e short. Ainda faço bastante, que é um método quantitativo”, diz. “Na verdade, fui desenvolvendo várias técnicas quantitativas, como, por exemplo, a probabilidade de uma ação cair tantos por cento, mas acabar fechando em alta”, destaca.

Perdas e ganhos

Segundo Ricardo Brasil, no IPO da Petz ele chegou a ganhar 170 mil reais, e o da Espaçolaser, 190 mil reais. “Mas qualquer operação que eu faço, só entro se tiver calculado as probabilidades no Excel”, afirma.  

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Mas o dia que não deu certo o tombo foi grande. “No IPO da Bemobi perdi 250 mil reais”, recorda. Mas como no ano estava com lucro alto com seu trade, não sentiu muito a perda. “Aquela estratégia estava dando certo. Acontece perder”, ressalta.

A perda que mais lhe doeu, porém, foi de 134 mil reais, na estratégia de operar empresas realizando oferta pública de ações e vendê-las no mesmo dia do IPO. “Era em 2015. Foi um momento que feriu o patrimônio que eu tinha na época. Fiquei pensativo um tempo até por conta do acontecido. Vou voltar para publicidade…”, imaginei.

Hoje, diz ter ganho mais de 100 mil reais em mais de 10 trades em IPO. “Atualmente, tenho dinheiro aplicado em renda fixa que garante o montante para fazer trade”, diz.

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Automatização

Ricardo Brasil conta que até 2014, fazia à mão suas estatísticas. A partir daquele ano, desenvolveu algoritmos para automatizar suas operações, que em geral são programadas antes da abertura e invariavelmente são finalizadas somente após o fechamento do pregão.

“Comecei a fazer automatização do meu trade”, afirma. “Isso é a fórmula de não ficar na frente do computador. Ficar na frente do computador é muito desgastante para mim. Programo tudo. Tiro essa parte emocional”, destaca.

“Não é o normal meu trade em relação ao que as pessoas fazem na bolsa”, reconhece. “Mas o que eu faço hoje não me deixa na frente de computador. Tira muita ansiedade. Já fiquei na frente do computador. É tenso”, revela.