Lula indica Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central

Indicação era amplamente aguardada pelo mercado e confirma apostas dos agentes econômicos

Marcos Mortari

(Foto: Washington Costa/MF)
(Foto: Washington Costa/MF)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu indicar o economista Gabriel Galípolo para a sucessão de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central.

O anúncio foi feito, nesta quarta-feira (28), pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), no Palácio do Planalto. Ele estava acompanhado do próprio Galípolo, que atualmente exerce o cargo de diretor de Política Monetária da autarquia.

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A expectativa, segundo Haddad, é que a indicação seja formalizada ao Senado Federal ainda hoje. Cabe à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) da casa legislativa sabatinar o escolhido, e, depois, ao plenário decidir se aprova ou não a nomeação em votação secreta. Não há prazo definido para o processo.

“A sabatina é uma atribuição do Senado Federal. O presidente Lula chegou a discutir com o presidente [Rodrigo] Pacheco qual seria a melhor oportunidade, mas isso cabe ao Senado marcar e decidir”, afirmou Haddad.

“Vamos respeitar a institucionalidade da casa. A casa tem seu ritmo, seus afazeres, e vai saber julgar o melhor momento de fazer a sabatina”, complementou.

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Nos bastidores, integrantes do governo federal defendem a condução desse processo o mais rapidamente possível − o que poderia facilitar o processo de passagem de bastão de Campos Neto para Galípolo.

Há uma articulação em curso para que a sabatina ocorra logo no início de setembro, mas o processo depende de um entendimento com o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), presidente da CAE.

Caso a indicação seja aprovada pelos senadores, Galípolo pode assumir o comando do Banco Central a partir de 1º de janeiro de 2025.

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Durante o anúncio à imprensa, Haddad também disse que o governo trabalha para definir 3 nomes para diretorias do Banco Central − além do substituto de Galípolo na Diretoria de Política Monetária, serão apontados os responsáveis pelas diretorias de Regulação (atualmente comandada por Otávio Damaso) e de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta (sob gestão de Carolina de Assis).

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A indicação de Galípolo era amplamente aguardada pelo mercado financeiro e não traz surpresas aos agentes econômicos, que já o consideravam favorito para o cargo desde sua nomeação para a diretoria de Política Monetária da autarquia.

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Em uma rápida fala após o anúncio, Galípolo agradeceu a indicação e pediu para não responder nenhuma pergunta dos jornalistas sob alegação de respeito à institucionalidade do Senado Federal, já que ele em breve passará por sabatina e terá sua nomeação submetida a votação em plenário.

“É uma honra, um prazer e uma responsabilidade imensa ser indicado à presidência do Banco Central do Brasil pelo ministro Fernando Haddad e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, afirmou.

Considerado heterodoxo moderado, Galípolo é nome de confiança de Lula na seara econômica. Durante a campanha eleitoral de 2022, exerceu papel importante na interlocução do petista com agentes do mercado financeiro.

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Após o pleito, foi convidado por Haddad para o cargo de secretário-executivo do Ministério da Fazenda − posição que ocupou até junho de 2023, quando foi indicado para o Banco Central. Na pasta, participou da construção de medidas importantes, em especial o novo marco fiscal, que substituiu o teto de gastos.

No Banco Central, superou o ceticismo de agentes do mercado quanto ao seu nível de autonomia em relação ao Palácio do Planalto e protagonizou um dos momentos mais tensos na autarquia, na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de maio.

Na ocasião, a votação dividida pela redução da Selic em 0,25 ponto percentual (de 10,75% para 10,50%) gerou ruídos, com integrantes indicados pelo governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), votando pela posição vitoriosa, e nomeados por Lula defendendo um corte mais forte, de 0,50%.

O episódio exigiu uma série de sinalizações posteriores de unidade dos integrantes da autoridade monetária, que tem se mantido até agora. Inclusive, alimentando especulações sobre um possível ciclo de alta nos juros a partir da próxima reunião de setembro − o que foi bem recebido pelo mercado como sinal de rigor no objetivo de combate à inflação.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.