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Enquanto a Nvidia (NVDC34) deslancha como a fornecedora favorita de processadores para os grandes provedores de nuvem responsáveis por suportar aplicações de inteligência artificial (IA) generativa, empresas de semicondutores como a Qualcomm (QCOM34) buscam expandir seu espaço no mercado em segmentos ainda disputados. Uma das líderes em desenvolvimento de chips para celulares, a empresa aposta no crescimento de seu portfólio para computadores, automóveis e dispositivos inteligentes.
“No mercado de servidores, a Nvidia já ganhou essa batalha. Agora está indo para os dispositivos. Ainda não há um ganhador nesse mercado, e estamos bem confiantes em nossa estratégia”, diz o presidente da Qualcomm para América Latina, Luiz Tonisi, em entrevista ao InfoMoney.
A empresa é uma das que apostam na tendência de um modelo híbrido no processamento de aplicações em inteligência artificial generativa, compartilhado ou mesmo dividido entre a nuvem e o hardware dos próprios aparelhos, como telefones e computadores, mas até mesmo câmeras e veículos. “Nossa visão é de que a IA vai ser híbrida e também vai estar em todos os lugares. Ela não vai estar apenas nos super servidores”, conta Tonisi.
A visão do executivo é de que dispositivos de IoT (sigla para internet das coisas, em tradução livre) e veículos, mercados em que já atua, farão parte das transformações promovidas pela IA com tecnologia embutida, sem a necessidade de processamento em nuvem. “Imagine uma câmera de reconhecimento facial. Por que preciso de um servidor para rodar o algoritmo? A câmera já poderia fazer isso, parte desse reconhecimento, filtrar esses dados”, explica.
No primeiro trimestre de 2024, a Qualcomm viu sua participação de mercado cair de 27% para 23% na comparação com o mesmo período de 2023. A empresa é fornecedora de marcas como Samsung, Xiaomi e Motorola, e se destaca no segmento premium para aparelhos com sistema operacional Android, mas vem enfrentando forte concorrência da taiwanesa MediaTek conforme seus processadores centrados em inteligência artificial ganham força como uma opção.
Produtoras de celulares como Samsung e Apple têm buscado parcerias junto a big techs para surfar na onda de inteligência artificial e convencer seus investidores de que não devem ficar para trás na disputa, tudo isso em meio a uma ressaca nas compras de novos celulares pelos consumidores.
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A linha de dispositivos móveis ainda é a principal fonte de receita da companhia, responsável por US$ 5,89 bilhões (R$ 32,30 bilhões) no segundo trimestre de 2024. Mas os segmentos de chips para automóveis e dispositivos de IoT, que têm ganhado importância estratégica para a companhia, têm crescido em arrecadação.
Os dados divulgados do último trimestre apontam para o quarto aumento consecutivo em receitas na linha de automóveis, que bateram US$ 881 milhões (R$ 4,84 bilhões). “Essa aceleração reflete o crescimento de conteúdo em lançamentos de novos veículos à medida que nos tornamos o fornecedor líder de soluções avançadas de computação e conectividade para a indústria automotiva”, disse o CFO da Qualcomm, Akash Palkhiwala, em videoconferência de divulgação de resultados.
A maior parte dos carros com tecnologia Qualcomm embutida no Brasil, hoje, são importados, casos de montadoras como BMW e Mercedes Benz. “No entanto, já estamos trabalhando em projetos de carros produzidos no Brasil. Temos um com a Toyota e outro em conversas com a Volkswagen”, conta Tonisi.
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Mercado de computadores
Além dos celulares, outro segmento que prevê aplicações de IA generativa como um novo passo para seus desenvolvimentos é o de computadores. Companhias como Dell, Lenovo e Asus incluíram os chamados “AI PC” nas suas lojas e têm utilizado os chips da linha Snapdragon, da Qualcomm, para rodar suas tecnologias.
A ideia, como no caso dos smartphones, é que os próprios computadores sejam capazes de processar ferramentas de IA generativa localmente, com menor dependência de grandes provedores de nuvem. No primeiro momento, os computadores com tecnologia da empresa já disponíveis no Brasil são de topo de linha, concorrendo com marcas como Intel e AMD.
“Sempre lançamos nossa tecnologia de cima para baixo, mas já estamos fazendo lançamentos de novos chips, para pegar a maior gama possível de faixa de preços para computadores, como temos nos smartphones”, conta Tonisi. “Pela primeira vez teremos produtos na ponta para o usuário final no Brasil”, explica Tonisi.