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Adeus, tecnologia? Analistas preferem outros setores antes do corte de juros nos EUA

Com papéis “caros”, recomendação é ter cautela ao aumentar o portfólio de ações internacionais

Leonardo Guimarães

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O setor de tecnologia vem puxando o desempenho positivo dos índices acionários dos Estados Unidos em 2024. O S&P 500 já alcançou recorde e sobe mais de 18% no ano. O sub-índice de tecnologia avançou mais de 28%, mesmo levando um tombo no início de agosto. Agora, com os juros dos EUA prestes a cair, especialistas miram outros setores para lucrar no curto prazo. 

A avaliação é de que o setor que reúne nomes como Nvidia (NVDC34), Apple (AAPL34) e a dona do Google (GOGL34) está muito caro e há pouco espaço para alta nos próximos meses, mesmo com a perspectiva de corte de juros.

O monitoramento do CME Group mostra que 69,5% dos investidores apostam em um corte de 0,5 ponto percentual em setembro, enquanto o restante prevê afrouxamento mais tímido, de 0,25 ponto percentual. 

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“Temos evitado as empresas de tecnologia”, diz Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos. Segundo ele, o setor “ficou muito caro” e o crescimento das ações foi maior do que os lucros, o que “não dá para acontecer para sempre”. A Guide está, aos poucos, reduzindo a participação das empresas de tecnologia em sua carteira de BDRs

Além de potencial reduzido de valorização, “não é improvável que essas empresas tenham quedas pontuais com a mudança de rota após a queda de juros”, segundo Paula Zogbi, head de research da Nomad. Isso aconteceria porque esses papéis atraíram parcela significativa do fluxo de investimentos em ações. Agora, os investidores devem procurar por setores mais descontados. 

Então, onde investir nos EUA?

Os especialistas mostram que há muito mais do que tecnologia nas bolsas americanas e, mesmo com o início da redução dos juros já precificado, ainda há indefinições sobre a magnitude e duração do afrouxamento monetário, o que abre espaço para oportunidades. “Ainda há espaço para ações sensíveis a juros responderem positivamente aos cortes”, diz Zogbi. 

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A especialista da Nomad cita consumo não-discricionário (de itens essenciais, com demanda constante), saúde e fabricantes de alimentos como setores que podem se beneficiar do momento ainda volátil no mercado americano. Ainda acrescenta small caps – empresas com baixo valor de mercado – e companhias do setor imobiliário, ponderando que os papéis se devem ter desempenho positivo em um cenário sem recessão nos Estados Unidos. 

Mais cético com o mercado acionário americano, Siqueira diz que a Guide vem procurando empresas cujo “lucro vem crescendo mais devagar (na comparação com tecnologia), mas constantemente”. Para ele, é difícil que o desempenho dos últimos dois anos das Bolsas dos EUA se repita no mesmo período à frente e, portanto, é melhor estar alocado em empresas bem posicionadas em seus setores. 

Considerando esse critério, cinco empresas se destacam entre as preferências da casa: Walmart (WALM34), P&G (PGCO34) o banco J.P. Morgan (JPMC34), Visa (VISA34) e Lilly (LILY34). “Não são muito cíclicas e têm um valuation mais barato”, justifica Siqueira. 

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O head de research da Guide recomenda cautela ao investir nas ações americanas: “o momento não é tão bom, a alta recente foi muito forte; quem tem pouca exposição, recomendo que vá devagar, esperando oportunidades para entrar”. 

Zogbi lembra que a parcela dolarizada do patrimônio dos investidores não serve apenas para buscar retornos altos, “mas também como uma proteção contra a perda do poder de compra no longo prazo”, já que o real segue, desde sua criação, tendência de desvalorização ante o dólar, que segue como a moeda mais negociada do mundo. 

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