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Este ano, o chocolate Trento ganhou anúncio na televisão. Uma visibilidade praticamente inédita para o produto da fabricante gaúcha de doces Peccin, que ganhou fama com o boca a boca na internet. Nos últimos anos, não faltaram “trends” e memes nas redes sociais exaltando os tubos de wafer recheados e cobertos com chocolate. Alguns admiradores até reclamavam da viralização, temendo que a guloseima subisse de preço — o que, de fato, aconteceu. Para a Peccin, obviamente, não fazia sentido manter o produto com perfil “low profile”. Afinal, o faturamento da empresa com chocolates chega a crescer mais de 50% por ano, e o Trento já responde por 70% dos negócios da indústria.
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A Peccin possui um parque fabril em Erechim, ao norte do Rio Grande do Sul, com capacidade produtiva de cinco mil toneladas por mês. No ano passado, a empresa obteve um faturamento líquido próximo de R$ 700 milhões, conta o seu diretor-presidente, Dirceu Pezzin. “Não temos um número certo para este ano, que está bastante tumultuado, mas talvez a gente cresça dois dígitos”, afirmou em entrevista ao InfoMoney.
Crise do cacau
O tumulto ao qual o executivo se refere é a crise na oferta global de cacau, que levou o preço da matéria-prima a máximas históricas este ano. Pezzin admite que foi necessário repassar o reajuste para o consumidor final, porém não na mesma intensidade com que as cotações têm subido no mercado internacional. É importante manter a relação custo-benefício que tornou o chocolate popular. “Isso está prejudicando um pouco a margem deste ano”, diz o CEO.
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A fabricante do Trento aguarda uma melhora nesse cenário para destravar seu plano de investimento. A empresa quer investir R$ 250 milhões nos próximos quatro anos, com o objetivo de triplicar seu faturamento. “Desde que o mercado nos forneça condições para que possamos investir”, ressalva Pezzin.
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A Peccin concluiu há pouco um ciclo de investimentos de dois anos, no qual destinou R$ 150 milhões à ampliação de seus centros de distribuição e novas linhas de produção. “O mercado de chocolates cresceu forte até o ano passado. Neste, está decrescendo um pouco”, afirma o executivo.
Novos planos
Além de recursos do próprio caixa, a empresa também vem se financiando com empréstimos subsidiados via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo Pezzin, a Peccin hoje é uma companhia “totalmente desalavancada” e com capacidade para seguir investindo.
Para o futuro, a indústria quer investir mais fortemente em mídia e no desenvolvimento de novos produtos. “Está no nosso plano estratégico colocar a marca Trento em outro segmento na área de chocolate”, revelou o CEO. Por enquanto, a empresa segue expandindo o portfólio de sabores do Trento. Acaba de lançar a versão banoffee, sobremesa da moda, com pedaços de fruta na receita.
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O Trento hoje está disponível em mais de dez sabores e quatro formatos diferentes, mas sempre mantendo o conceito do tubo crocante e pelo menos 38% de cacau na composição do chocolate. “Não vamos alterar a formulação”, declara Pezzin, ainda que a matéria-prima esteja mais cara.
Pequeno notável
A marca está há quase 13 anos no portfólio da Peccin e faz barulho dentro de um mercado dominado por multinacionais, como Mondelez, Nestlé e Hershey’s.
“O produto virou uma referência de mercado e, infelizmente, estamos sendo copiados por outras empresas”, afirma o CEO da indústria.
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O segmento fica cada vez mais disputado, com a entrada de produtos importados, franquias como Cacau Show e Kopenhagen, além da ascensão do chocolate bean to bar, segmento premium que trabalha com o processamento completo dos grãos de cacau, sem o uso de aditivos. Mas a Peccin parece não se intimidar.
“Acho difícil competir com os grandes, mas estamos enfrentando muito bem essa realidade, porque o nosso produto é forte e tem muita oportunidade ainda aqui no Brasil”, conclui o executivo.