Azul: Goldman corta preço-alvo em 40% para AZUL4, mas vê potencial de alta de 64%

Banco tem recomendação de compra para AZUL4, com preço-alvo caindo de R$ 20,10 para R$ 12,20

Camille Bocanegra

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Para algumas companhias, como a Embraer (EMBR3), dólar nas alturas não são um fator de preocupação. Para outras, a divisa norte-americana em patamares mais altos afeta diversos aspectos, tanto operacionais quanto financeiros. É o caso da Azul (AZUL4), que tem sua operação e suas contas diretamente ligadas à movimentação da moeda.

A depreciação recente do real perante o dólar foi um dos motivos pelos quais o Goldman Sachs revisou para baixo as estimativas para a companhia aérea e cortou o preço-alvo em cerca de 40%, de R$ 20,10 para R$ 12,20 (ou um potencial de alta de 64% em relação ao fechamento da véspera). A recomendação é de compra.

No segundo trimestre de 2024, a companhia teve um dos balanços mais afetados pela forte variação cambial. A alavancagem da Azul, medida pela dívida líquida sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), subiu para 4,5 vezes.

Sem a variação cambial, o índice teria permanecido em 3,75 vezes (já apresentado no 1T24). A companhia possui a maior parte da sua dívida em dólar, daí surge o forte impactado observado.

Em análise anterior do Bradesco BBI, o banco ressaltou que a aérea apresenta caixa suficiente para encarar uma taxa de câmbio de cerca de R$ 6 até 2026. Os analistas do banco também estimaram que, para cada desvalorização de 10% do real, a Azul precisaria aumentar as tarifas aéreas em 4% para que o fluxo de caixa atinja o ponto de equilíbrio. Também calcularam que a projeção de consenso para o Ebitda para 2025 estaria 25% acima do fluxo de caixa de equilíbrio.

As projeções do Goldman também apontam para tendências melhores no próximo ano e os números são mantidos para 2025. A expectativa do banco estrangeiro é que a companhia consiga, uma vez em um ambiente de mercado mais racional, repassar custos para tarifas e recuperar a lucratividade.

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Para 2024, no entanto, as estimativas de Ebitda foram reduzidas em 8% para R$ 6,3 bilhões. Mesmo com o o corte, o valor ainda fica em linha com a orientação fornecida pela Azul de R$ 6 bilhões. A receita líquida foi cortada em 6% para 2024, 3% para 2025 e 2% para 2026. A análise mantém, para os próximos 12 meses, valuation estimado em 4,4 vezes o valor da empresa sobre Ebitda (EV/Ebitda na sigla em inglês). Dentre os riscos elencados para o nome, estão preços mais altos de petróleo, a continuidade da depreciação do real, menor demanda por viagens e concorrência irracional.


(com Reuters)