Ausentes são maior alvo em debate “morno”; Tabata mira Marçal, que foge de perguntas

Terceiro encontro entre os candidatos à prefeitura de São Paulo (SP) foi marcado pelas ausências de Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL) e José Luiz Datena (PSDB), o que esvaziou o debate

Fábio Matos

Cadeiras vazias marcaram o terceiro debate entre os candidatos em São Paulo. Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e José Luiz Datena não compareceram (Foto: Reprodução/YouTube)
Cadeiras vazias marcaram o terceiro debate entre os candidatos em São Paulo. Ricardo Nunes, Guilherme Boulos e José Luiz Datena não compareceram (Foto: Reprodução/YouTube)

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O terceiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo (SP), realizado nesta segunda-feira (19), foi marcado pela ausência de três dos principais nomes da corrida eleitoral deste ano.

O prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o jornalista José Luiz Datena (PSDB) não participaram do encontro. O debate reuniu o empresário Pablo Marçal (PRTB), a deputada federal Tabata Amaral (PSB) e a economista Marina Helena (Novo).

Os três candidatos ausentes do encontro, promovido pela revista Veja, em parceria com a ESPM, se tornaram os maiores alvos de debate. Entre os adjetivos utilizados pelos participantes para se referirem a Nunes, Boulos e Datena, foram ouvidos termos como “fujões” e “covardes”.

“Vou tirar o chapéu para as mulheres que vieram ao debate. Estamos com um problema de masculinidade e virilidade nesta nação. Os homens, principalmente o que lidera a prefeitura, não tiveram coragem de vir”, afirmou Marçal, logo em sua primeira intervenção no debate.

O candidato do PRTB classificou a ausência dos rivais como “um circo”. “Um circo ontem, em um restaurante, decidiu que Nunes, Boulos e Datena não viriam ao debate”, disse Marçal. “Três fujões. Eles colocaram na minha conta que sou descontrolado. Mas, pelo menos, sou homem para assumir o compromisso e ir até o final.”

Marina Helena, candidata do Novo, também repudiou a ausência dos concorrentes. “Eu queria parabenizar Pablo Marçal e Tabata Amaral por estarem aqui hoje. Nós temos 3 candidatos fujões. Quem deveria estar abrindo este debate e fazendo perguntas era o prefeito Ricardo Nunes, que não veio aqui”, disse a economista.

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“Todos eles assinaram um termo de compromisso dizendo que estariam aqui hoje e fugiram. Como queremos alguém para comandar a nossa cidade que tem medo do confronto de ideias?”, indagou Marina.

Tabata Amaral fez coro a Marçal e Marina e também criticou Nunes, Boulos e Datena. “Quero só também pontuar a covardia de quem não veio ao debate hoje. Querem que esta eleição seja decidida pelos partidos políticos, em sala fechada, e não por você, eleitor, que tem o direito de ouvir as propostas”, afirmou a deputada. “É um vexame, é lastimável a atitude desses candidatos.”

Segundo Pablo Marçal, a desistência de Nunes, Boulos e Datena configura “um cenário de homens que abandonam”. “O Brasil é um país que não está em guerra há muitas décadas. Se tivesse guerra, estão aí três desertores”, disse o empresário. “Foram covardes. Não foram homens para honrar suas calças, não foram homens para honrar suas palavras.”

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Marçal não responde perguntas

Pablo Marçal, que vem protagonizando os principais embates com adversários na atual campanha, usou uma estratégia inusitada e optou por não responder a nenhuma pergunta durante o debate – seja ela feita pelas outras candidatas participantes, Tabata Amaral e Marina Helena, ou pelos jornalistas.

Logo em sua primeira pergunta, Tabata questionou Marçal sobre suas propostas para a segurança alimentar da população paulistana. A candidata do PSB disse que não havia nenhuma menção ao tema no programa de governo de Marçal.

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O candidato do PRTB, então, afirmou que responderia a pergunta de Tabata logo depois do debate, por meio das redes sociais. A partir daí, Marçal limitou-se a ler as propostas que constam de seu programa de governo, além de criticar Nunes, Boulos e Datena pela ausência no debate.

“Vou usar todo o meu tempo para falar de propostas. E quem quiser acompanhar essas respostas pode olhar no meu Instagram”, disse Marçal.

O empresário e influenciador digital repetiu o mesmo comportamento em outros momentos do debate, mesmo quando perguntado por jornalistas.

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“Essa mesma covardia que estamos vendo, especialmente de Nunes e Boulos, estamos vendo aqui de Marçal quando se recusa a responder minhas perguntas”, criticou Tabata.

“Não adianta nada dizer que vem ao debate e não participar. Covarde também”, concluiu a candidata do PSB.

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Tabata diz que Bolsonaro não confia em Marçal; empresário mira em Boulos

Depois de criticar a estratégia de Marçal, que optou por não responder perguntas durante o debate e se limitou a ler propostas de seu plano de governo, Tabata ironizou a relação entre o influenciador digital e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“A verdade é que nem o Bolsonaro confia em você. Falou nesta semana que você é um produto estragado”, afirmou Tabata.

O ex-presidente apoia, pelo menos oficialmente, a candidatura à reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Apesar disso, Bolsonaro admitiu que Nunes não é “o candidato dos sonhos” e fez elogios públicos a Marçal.

“O seu plano de governo é o caos na Terra. Tem bondinho voador, tem um prédio de um quilômetro de altura, mas nenhuma menção a pessoas com deficiência ou à população de rua. Você tem um histórico de ideias irresponsáveis com consequências graves. Fez uma expedição que quase matou 30 pessoas e fez uma maratona que matou um funcionário seu. Por que agora a população deveria confiar em você?”, questionou Tabata.

Marçal, mais uma vez, ignorou a pergunta da adversária e preferiu mirar em Guilherme Boulos, que não compareceu ao debate. O candidato do PRTB voltou a insinuar, sem apresentar provas, que Boulos seria usuário de drogas.

“O Boulos não veio hoje porque está de atestado. Hoje é segunda, ele está emendado desde quinta. Eu tinha guardado para ele uma bomba para ele responder a todo muito, um negócio que ele estava portando e talvez esteja se recuperando em alguma clínica”, afirmou.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”