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Por causa dos benefícios fiscais e tributários, dois países europeus estão atraindo brasileiros que normalmente investem diretamente nos Estados Unidos por meio de contas internacionais.
Investidores têm recorrido aos mercados da Irlanda, carinhosamente chamada de Ilha Esmeralda, e Luxemburgo, considerado um dos centros financeiros mais importantes do mundo, para aplicar em ETFs (fundos de índice) de dividendos.
O produto mais buscado é o ETF de dividendo “acumulação”, explica Alexandre Brito, sócio e gestor da Finacap. Há quase um ano, a Warren também apontou para esse mesmo movimento, citando especificamente a Irlanda.
Em resumo, esses ETFs de acumulação são domiciliados nas duas nações europeias, mas investem em empresas americanas que pagam dividendos. No entanto, em vez de distribuí-los aos cotistas, eles reinvestem os proventos nessas companhias. Esse é o caso do DIVO11 e do BBSD11, negociados na B3.
Na Irlanda e em Luxemburgo, há ainda uma vantagem tributária: há um acordo entre os EUA e essas duas nações para recolher apenas 15% de imposto, metade dos 30% cobrados direto na fonte lá na Terra do Tio do Sam. O investidor brasileiro que investe nos produtos e paga essa “tributação na conta americana compensa com o que ele deveria pagar no Brasil”, explicou Brito. Aqui no país, vale lembrar, há uma alíquota única de 15% de Imposto de Renda para investimentos no exterior.
Mas atenção: esse abatimento dos impostos só para vale para os ETFs de acumulação. Há também nos países europeus os famosos ETFs de distribuição – aqueles que depositam proventos regularmente aos acionistas -, mas eles não se enquadram na regra e as taxas são altas. Segundo dados da OCDE, a Irlanda cobra 51% de imposto sobre dividendos, o maior do mundo, para residentes no país.
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Em 2023, o volume total investido em ETFs de acumulação em toda a Europa foi de US$ 186,51 bilhões, uma média de US$ 15,54 bilhões por mês. Neste ano, o volume já bateu US$ 148,30 bilhões, com média mensal de US$ 21,19 bilhões. O mercado europeu de ETFs ultrapassou US$ 2,11 trilhões sob gestão em julho, o maior já registrado. Os dados são da empresa de research ETFGI e da Finacap.
Tipos de ETFs
Há diversos tipos de ETFs na Irlanda e Luxemburgo e demais, tanto de renda fixa, com exposição a bonds de curta duração e de média e longa duração, como fundos de renda variável, com exposição a mercados desenvolvidos e mercado emergentes. Conheça alguns dos fundos de acumulação.
ETFs da Irlanda e de Luxemburgo:
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ETF | Domícilio | Desempenho (5 anos) |
iShares Core S&P 500 UCITS ETF (CSPX) | Irlanda | 105,11% |
NASDAQ 100 UCITS ETF (CNDX) | Irlanda | 157,38% |
BGF Global Allocation Fund (XMHP) | Luxemburgo | 23,20% |
BGF World Technology Fund (MI9V) | Luxemburgo | 132,59% |
Data de corte: 23/08/2024
Como investir em ETFs
Os ETFs irlandesas e de Luxemburgo estão disponíveis nas bolsas de valores europeias, principalmente a de Londres. Para negociar, é necessário ter conta em alguma corretora que dê acesso a esses ambientes de negociações de ações e outros produtos financeiros.
Ao converter real em moeda estrangeira, o brasileiro precisa arcar com IOF, que varia entre 0,45% e 1,10%, dependendo do tipo de conta internacional aberta. As corretoras e gestoras também costumam cobrar taxas bancárias (chamadas de spread), que variam entre 0,30% a 3%, pelo serviço de câmbio.