Marçal enfrenta racha no PRTB, e ala do partido tenta barrar candidatura na Justiça

Quem lidera a tentativa de barrar a candidatura do empresário é o secretário-geral do PRTB, Marcos André de Andrade. Segundo ele, teria havido uma série de irregularidades na convenção municipal da legenda

Fábio Matos

Pablo Marçal (PRTB), em frente ao prédio da prefeitura de São Paulo (Foto: Reprodução/X)
Pablo Marçal (PRTB), em frente ao prédio da prefeitura de São Paulo (Foto: Reprodução/X)

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O empresário e influenciador digital Pablo Marçal, candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo (SP), não terá apenas de superar os concorrentes na disputa eleitoral deste ano – mas também precisará bater integrantes do próprio partido que são contrários à sua candidatura.

Na quinta-feira (8), um grupo do PRTB recorreu à Justiça Eleitoral de São Paulo para tentar impedir que Marçal se candidate nas eleições de outubro.

Quem lidera essa tentativa de barrar a candidatura do empresário é o secretário-geral do PRTB, Marcos André de Andrade, autor da ação que pede a impugnação de Marçal.

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Segundo Andrade, teria havido uma série de irregularidades na convenção municipal do PRTB, que homologou a candidatura de Marçal a prefeito.

De acordo com o documento apresentado à Justiça Eleitoral, o regimento interno da legenda não foi respeitado porque o diretório nacional do partido não teria autorizado o evento.

Atualmente, o PRTB tem como presidente nacional Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche.

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“Não houve consulta, nem tampouco autorização, muito menos formalização de autorização, como exige o estatuto. Tal situação, nos termos irreversíveis da norma estatutária, eivou de insanável nulidade a referida convenção e inviabiliza o registro da candidatura pretendida”, diz a representação do secretário-geral do PRTB.

A ação será analisada pela Justiça Eleitoral, mas não há prazo para que isso ocorra. Até o momento, Marçal segue como candidato do partido à prefeitura de São Paulo.

Por meio de nota, o departamento jurídico do PRTB afirma que “não houve qualquer irregularidade que possa comprometer a legitimidade dos atos realizados” na convenção.

“A condução do evento seguiu rigorosamente as normas estatutárias e legais pertinentes, garantindo a transparência e a conformidade com os procedimentos estabelecidos. Portanto, a validade das deliberações tomadas na convenção está plenamente assegurada”, diz a legenda.

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Avalanche na mira

Além de pedir a impugnação da candidatura de Pablo Marçal, a dissidência do PRTB quer o afastamento de Leonardo Avalanche do comando do partido.

Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, o presidente do PRTB teria sido flagrado em conversas com um suposto membro da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

No áudio publicado pelo jornal, o dirigente diz que teria participado da soltura do traficante André do Rap, um dos líderes do PCC, que deixou a prisão em 2020 por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

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Em sabatina promovida pelo portal G1, nesta sexta-feira (9), Marçal procurou se esquivar quando questionado sobre as denúncias envolvendo Avalanche.

“Se isso é uma conversa fiada, que ele apresente as declarações dele. Ele mesmo tem de se defender. Não estou defendendo ele. Eu não tenho como achar nada. Não sei a veracidade do áudio”, prosseguiu o candidato. “De toda forma, acredito que as pessoas precisam ter direito ao contraditório e à ampla defesa. Eu não faço parte disso.”

Marçal afirmou, ainda, que não conhece “todo mundo do partido” e ingressou “há pouco tempo” na legenda.

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“Eu queria um partido de gente que não tem problema. O que eu garanto é que eu, Pablo Marçal, não tenho nenhuma vinculação e não vou baixar a cabeça para quem quer que seja bandido”, disse.

“Se o presidente tiver alguma coisa [de envolvimento com o PCC], eu vou pedir o afastamento dele. Mas isso tem de ser comprovado”, concluiu.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”