Ambev (ABEV3) tem operacional mais forte, mas balanço é afetado por questões fiscais

Balanço foi impactado por taxa de imposto mais alta, com reversão prevista no quarto trimestre; ainda assim, receita cresceu em todas as frentes

Camille Bocanegra

Produção de água pela Ambev. Foto: Reprodução/X/@ambev
Produção de água pela Ambev. Foto: Reprodução/X/@ambev

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A AmBev (ABEV3) reportou seus resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24) na manhã desta quinta-feira.

“Os negócios internacionais estiveram em linha com as estimativas, enquanto a superação da projeção de lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) veio principalmente de receitas líquidas por hectolitro melhores do que o esperado na divisão de Cerveja no Brasil”, considera o Itaú BBA.
O JPMorgan destacou que, embora a companhia tenha reportado menor lucro por ação (com queda de 7% em relação ao ano anterior), a maioria das divisões apresentou crescimento. Os pontos de destaque foram o aumento de receita por hectolitro e o crescimento do segmento premium.

“A diferença foi explicada por uma taxa de imposto alta de 28,6%, que se atribui parcialmente à distribuição de juros sobre capital próprio (JCP) ao longo do ano, com reversão parcial prevista para o quarto trimestre”, explicam analistas do banco estrangeiro.

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Nas divisões da companhia, os dados de Cerveja Brasil compensaram outros números mais fracos da companhia. Os resultados foram considerados melhores que o esperado pela XP, e apresentaram receita mais forte, com crescimento de 7% ao ano, impulsionado por volumes mais fortes. Dentre os destaques na frente, a AmBev ressaltou o momentum forte do segmento premium/super premium (+10% ao ano). As marcas que impulsionaram o movimento foram Corona, Spaten e Original.

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“Apesar dos desafios decorrentes de impostos mais altos de ICMS, a empresa conseguiu aumentar a receita líquida/hl devido a iniciativas de gerenciamento de receita e de transformação em premium”, comenta a XP.

Para bebidas não alcóolicas, a recuperação contínua da margem se manteve devido aos custos mais baixos e os volumes com desempenho forte. Os volumes se mostraram crescentes em especial para CAC (América Central e Caribe). Esse aspecto apresentou maiores dificuldades em LAS (América Latina do Sul), em especial pelo difícil ambiente macroeconômico na Argentina, que ainda apresentou quedas nos volumes em 21% na comparação anual. Excluindo o país portenho, os resultados na região foram mais fortes que o esperado. Na visão da XP, a melhora de indicadores macroeconômicos na Argentina poderia levar a revisões positivas nos lucros da frente. Ainda assim, a visão ainda é de cautela.

Por fim, o Canadá demonstrou lucro acima do esperado pela corretora mas com queda na comparação com o ano anterior, pelo momentum fraco do setor na região.

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“Espera-se uma reação ligeiramente positiva, pois as expectativas do mercado estavam relativamente alinhadas com os resultados divulgados, mas a divisão de Cerveja no Brasil revelou tendências melhores do que as temidas, especialmente nos preços”, resume o BBA. Os papéis reagiram positivamente, fechando com alta de 1,38%, R$ 11,74, desta quinta-feira.

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