Protestos de motivação xenofóbica se espalham pela Inglaterra

Mais de 100 pessoas foram presas no centro de Londres, perto de Downing Street, onde fica a residência do primeiro-ministro Keir Starmer; desinformação em redes sociais causou os tumultos contra a imigração

Roberto de Lira

Um manifestante segura um sinalizador durante protesto contra a imigração ilegal, em Londres - 31/07/2024 (Foto: Hollie Adams/Reuters)
Um manifestante segura um sinalizador durante protesto contra a imigração ilegal, em Londres - 31/07/2024 (Foto: Hollie Adams/Reuters)

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A Inglaterra enfrentou sua segunda noite de protestos na quarta-feira, com vandalismo e agressões a policiais, em atividades incentivadas por grupos de extrema direita que espalharam desinformação pelas redes sociais. As autoridades informaram que mais de 100 pessoas foram presas no centro de Londres, nas imediações de Whitehall, perto de Downing Street, onde fica a residência do primeiro-ministro Keir Starmer.

Motins também aconteceram em Hartlepool, onde oito pessoas foram presas, vários policiais ficaram feridos e um carro da polícia foi incendiado.

A onda de violência começou após um atentado a faca numa escola infantil de Southport no início da semana, que terminou com 3 meninas mortas e outras oito feridas gravemente.

Grupos de extrema direita passaram a divulgar informações falsas de que o agressor era muçulmano, o que insuflou grupos a realizarem protestos contra a imigração.

Com a onda de violência se espalhando, a polícia britânica tomou uma decisão inédita de informar que o agressor preso pelo ataque na escola infantil era natural do Reino Unido, mais precisamente do País de Gales.

A polícia de Merseyside confirmou que o jovem de 17 anos nasceu em Cardiff, que filho de pais ruandeses e que ele parece não ter ligações conhecidas com o Islã. Assim, eles não estão investigando o ataque como relacionado ao terrorismo. A identidade do jovem, no entanto, não foi revelada.

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Em Londres, manifestantes foram vistos lançando sinalizadores em direção aos portões de Downing Street e em uma estátua de Winston Churchill. As pessoas cantavam frases como “pare os barcos” e “salve nossos filhos” enquanto jogavam garrafas e latas nos policiais.

O primeiro-ministro se reunirá com líderes policiais nesta quinta-feira para oferecer “apoio total” diante da agitação em curso.

A violência começou na quarta-feira, perto de uma mesquita em Southport, onde a população local fazia uma vigília pelas vítima.