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A estratégia da Klabin para enfrentar uma possível queda no preço da celulose

Com celulose de alto valor e foco em redução de custos, companhia espera navegar em cenário de maior oferta e demanda estabilizada

Mitchel Diniz

Gabriela Woge, diretora de Finanças Corporativas da Klabin (Crédito: Divulgação)
Gabriela Woge, diretora de Finanças Corporativas da Klabin (Crédito: Divulgação)

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Um alinhamento de astros contribuiu positivamente para o negócio de celulose da Klabin (KLBN11) no segundo trimestre de 2024. O volume de vendas cresceu 11% (chegando a 371 mil toneladas) na comparação anual. Os preços avançaram dois dígitos, com destaque para os da fibra curta, com alta de 19%. E o custo caixa de produção sofreu uma queda de 5%. Agora, olhando para a segunda metade do ano, a companhia tem o desafio de manter números robustos, com uma perspectiva de maior oferta global da matéria-prima e, consequentemente, de preços mais pressionados.

A Suzano (SUZB3), maior produtora global de celulose, deu início às operações do Projeto Cerrado, que vai adicionar 2,55 milhões de toneladas da fibra por ano no mercado. A previsão é que a nova planta produza 900 mil toneladas este ano. Além disso, a China, um dos maiores consumidores da matéria-prima no mundo, também está colocando novas linhas de produção em operação. “Acreditamos que o preço tenha chegado ao topo do ciclo e deve se manter estável ou iniciar uma leve queda mais para frente”, escreveram os analistas da Genial Investimentos. 

Lições do trimestre que passou

Aspectos que foram relevantes para o alcance do resultado do segundo trimestre também devem ajudar a Klabin a navegar nesse cenário. Um deles é o fluff, matéria-prima utilizada na produção de fraldas e absorventes femininos, com maior capacidade de absorção. Esse tipo de celulose de alto valor tem prêmios superiores ao de outras fibras e seus preços oscilam menos.

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Hoje a Klabin tem capacidade para produzir 400 mil toneladas de celulose tipo fluff, que responde por 80% das vendas de fibra longa. No segundo trimestre deste ano, a companhia vendeu 118 mil toneladas, alcançando o maior volume comercializado desde que iniciou a produção da matéria-prima em Puma, parque fabril da companhia em Ortigueira, no Paraná. A MP26 foi a primeira máquina no mundo construída especificamente para a produção de fluff – os demais produtores convertem máquinas utilizadas, originalmente, na fabricação de outros tipos de fibra.  

“É um mercado em que a gente vê demanda e preços bastante estáveis, o que contribui com um mix favorável”, disse Gabriela Woge, diretora de finanças corporativas e de relações com investidores da Klabin, em entrevista ao InfoMoney. As fibras longas, incluindo fluff, contribuíram com R$ 604 milhões para a receita líquida de celulose da companhia no segundo trimestre, de R$ 1,6 bilhão. 

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Gabriela Woge, diretora de Finanças Corporativas da Klabin (Crédito: Divulgação)

Controle de custos com madeira própria

O foco em redução de custos, com medidas de eficiência operacional e florestal, também deve ajudar a companhia a enfrentar um cenário de preços arrefecidos. Obstinada a se tornar autossuficiente em madeira, a empresa adquiriu ativos florestais da Arauco, em um total de 150 mil hectares, dando origem ao Projeto Caetê. A compra foi concluída há duas semanas, mas a Klabin já vinha arrumando a casa nos últimos meses. 

“Enquanto esperávamos a aprovação do negócio, trabalhamos fortemente no planejamento florestal. Otimizamos toda a colheita, o raio médio onde essa madeira vai ser colhida, trabalhando terras que façam sentido dentro desse planejamento”, diz Gabriela.

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No segundo trimestre, a Klabin já conseguiu comprar menos madeira de terceiros, o que refletiu em redução de custos no período, sobretudo na produção de celulose.

“A madeira é o coração da nossa estratégia, é onde começa a base de custos. Serve muito para celulose, mas também para papéis e embalagens”, explica Gabriela.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados