Investidor de olho só no CDI pode deixar “dinheiro na mesa”, diz estrategista do ASA

Em evento, Rodrigo Abreu afirmou que vê prêmio em prefixados mais curtos de um ano

Bruna Furlani

Rodrigo Abreu, estrategista Família Asa Alpha. Foto: Andrea Rego Barros/Divulgação
Rodrigo Abreu, estrategista Família Asa Alpha. Foto: Andrea Rego Barros/Divulgação

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Diante de um nível de Selic de 10,50% ao ano, a tentação de ficar apenas em investimentos pós-fixados atrelados ao CDI e à taxa básica de juros é bastante atrativa, mas há quem destaque que o investidor precisa tomar cuidado e olhar para frente para não deixar “dinheiro na mesa”. A visão foi defendida por Rodrigo Abreu, estrategista da família Asa Alpha, do ASA Invesments, durante painel, nesta sexta-feira (26), no Encontro dos Profissionais de Investimentos e de Previdência do Norte e Nordeste (Epinne-Epb 2024), em Recife.

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Para o profissional, há oportunidades em prefixados curtos de até um ano. Ele justifica que agentes financeiros precificaram na curva uma alta de 100 pontos-base da Selic daqui a um ano, o que ele ponderou ser “muita coisa”, especialmente diante de mudanças na presidência do Banco Central, com a saída de Roberto Campos Neto do cargo no fim de 2024.

Abreu lembrou que o mercado percebeu recentemente que movimentos de política monetária têm “efeitos colaterais graves”, mesmo se estiverem corretos. “Ou seja, para o BC subir hoje os juros ele teria que subir com unanimidade. Dá para subir com unanimidade? Não acreditamos. Vou concluir que um ‘pré [prefixado] curtinho’ de um ano têm prêmio”, resumiu.

O especialista também fez críticas ao nível de juro real atual ao dizer que o patamar de 6,5% precifica um cenário de “estresse fiscal grave”, o que não é o caso. “Não temos um estresse fiscal grave hoje no Brasil. Temos um desarranjo, uma desorganização fiscal que o Governo ainda tem meios e ferramentas para contornar. Juro real de 6,5% é muito juro”, ponderou.

Crédito: seletividade é o lema

Já ao comentar sobre o crédito privado, Abreu afirmou que gosta da classe, mas que privilegia a seletividade dos ativos atualmente. Desde o fim do ano passado, vários títulos passaram por um grande fechamento dos spreads (juros adicionais que um ativo de crédito oferece em relação ao dos títulos públicos) — movimento que foi mais intenso ainda em ativos considerados high grade (menor risco e retorno), na comparação com high yield (maior risco e retorno). “O high yield já pagou CDI+6,5% e CDI+7%, e hoje oferece CDI+2%”, observou.