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Parece que o jogo está virando no mercado de ações dos Estados Unidos e do Brasil. As grandes empresas, que entregaram ganhos de até três dígitos no primeiro semestre do ano – a Nvidia que o diga –, começaram a pisar no freio. As small caps, na contramão, deram uma leve pressionada no acelerador, puxadas principalmente pela expectativa de corte nos juros na Terra do Tio Sam e a possível vitória do ex-presidente Donald Trump.
O cenário pode ser visto no desempenho dos principais índices de pequenas empresas dos dois países. O Russell 2000, dos EUA, subiu 2,24% nos últimos 30 dias, ante queda de 4,55% do S&P 500. Já o Índice Small Cap (SMLL), indicador do desempenho das empresas com menor capitalização da B3, chegou a ultrapassar o Ibovespa no mês passado, mas perdeu o embalo devido ao cenário dos juros locais.
“Este movimento (de cortes) tende a ser mais benéfico para empresas menores e mais sensíveis a oscilações aos juros, como as mid e small caps, que têm negociado recentemente com um desconto de 30% a 35% em seu Índice de Preço e Lucro (P/L), em comparação com a média histórica dos últimos 20 anos”, explicou Matheus Falci, sócio da One Investimentos, sinalizando que a tendência é parecida para o Brasil.
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Mas levando em consideração o cenário atual, vale mais a pena apostar nas small caps dos EUA, via Russell 2000, ou nas pequenas empresas do Brasil, por meio do SMLL?
Veja, abaixo, prós e contras de cada um.
Perfomance: Russell 2000
Em uma análise dos últimos seis anos, o SMLL leva a melhor quando se trata do melhor ano, com alta de 58,20% em 2019, puxada pela forte demanda dos brasileiros por ativos de mais risco. Por outro lado, o “irmão americano” apresenta uma melhor média geral no período, superando em duas vezes o retorno entregue pelo índice brasileiro nessa janela.
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Ano/Índice | Russell 2000 index | Índice Small Cap (SMLL) |
2019 | 25,52% | 58,20% |
2020 | 19,96% | -0,65% |
2021 | 14,82% | -16,20% |
2022 | -20,44% | -15,06% |
2023 | 16,93% | 17,12% |
2024* | 3,56% | -11,71% |
Média do período: | 10,05% | 5,28% |
*Entre 1º de janeiro e 07 de agosto
Diversificação: Russell 2000
O índice americano é mais diversificado, segundo Werner Roger, CIO da Trígono Capital. “O Russel é um índice bem mais amplo, abrangente, já que é composto por 2 mil empresas. O SMLL, por outro lado, tem em torno de 100 empresas. No entanto, o Russel é mais concentrado, e as três principais participações, que são indústria, saúde e serviços financeiros, representam 51%. No SMLL, os três maiores pesos – logística, construção e serviços financeiros – têm pouco mais de 30%”.
Volatilidade: SMLL e Russell
Por causa da capitalização reduzida, as firmas que integram os dois índices têm maior volatilidade do que as grandes companhias, disse Falci, da One Investimentos. “Essas empresas acabam apresentando também uma maior volatilidade em comparação com os grandes nomes na bolsa, sendo necessária uma maior atenção para encontrar uma relação de risco-retorno satisfatória, de acordo com o perfil de cada investidor”.
Potencial de valorização: SMLL
O MSCI Brazil Small Cap Index, que é um índice criado para estrangeiros medirem o desempenho das small caps do Brasil – ou seja, um SMLL desenvolvido para ser visto por investidores de fora – registrou 1,5% de perdas anuais na última década, segundo Roger. O Russell, no mesmo período, teve uma valorização anual média composta de 7% ao ano. “Portanto o índice (local) está muito atrasado em relação ao Russell, por isso ele pode atrair investimentos de quem queira tomar mais risco, procurando oportunidades”.
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Efeito Trump: Russell 2000
Historicamente, pequenas empresas se beneficiam de políticas que promovam menores alíquotas de impostos e menos regulações, fatores que são mais característicos de governos republicanos, segundo Falci. Ainda que a possível vitória de Trump respingue nas small caps tanto dos EUA como no Brasil, o efeito pode ser sentido antes pelas firmas de baixa capitalização da maior economia do mundo, falou ele.
“Apesar de o Índice de Small Caps estar relativamente barato, em um cenário de início de cortes na taxa de juros nos EUA, algo que pode beneficiar os mercados de países emergentes como o Brasil, o retorno deste fluxo de capital estrangeiro deve se dar inicialmente por empresas mais consolidadas, como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3), algo que pode trazer um certo ‘delay‘ para o desempenho de small caps locais”.
Impostos e taxas: SMLL
Uma das maneiras mais fáceis de ficar expostos aos dois índices é via fundos negociados em bolsas (ETFs). No geral, o investidor precisa arcar com taxas de administração tanto nos ETFs locais como nos estrangeiros têm taxas taxas de administração anuais. No entanto, algumas corretoras podem apresentar algumas taxas de custódia e corretagem adicionais para manter a custódia de ativos internacionais, de acordo com Falci.
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Qual escolher?
A escolha vai depender do perfil de cada investidor, segundo Roger, da Trígono Capital. “Quem tiver mais apetite para risco e quiser um beta mais significativo, especialmente ligado a juros, eu acho que o Índice Small Caps Brasil atende a esse tipo de investidor. Quando os juros caírem lá fora, quem já estiver posicionado, especialmente no Russel 2000, poderá se interessar por small caps de mercados emergentes, surgindo o Brasil como uma alternativa para esse segmento”.