Taxas futuras de juros sobem puxadas por avanço do dólar e preocupações com fiscal

No mercado, as expectativas estão voltadas para o dia 22, quando o governo apresentará o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas

Reuters

Moedas de 1 real
15/10/2010
REUTERS/Bruno Domingos
Moedas de 1 real 15/10/2010 REUTERS/Bruno Domingos

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As taxas dos DIs fecharam a quarta-feira em alta, impulsionadas por preocupações em torno do equilíbrio fiscal brasileiro, após entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na véspera, e pelo avanço firme do dólar ante o real.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,605%, ante 10,587% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,18%, ante 11,176% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,44%, ante 11,432%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,9%, ante 11,872%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,92%, ante 11,877%.

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Pela manhã a alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior, após declarações de autoridades do Federal Reserve, dava suporte ao avanço das taxas dos DIs no Brasil.

O avanço firme do dólar ante o real, que no início da tarde superou 1%, era outro fator que justificava a elevação da curva a termo, em um dia marcado pela pressão sobre a moeda brasileira e sobre outras divisas pares do real.

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No campo econômico, o impulso para as taxas futuras também era atribuído às declarações de Lula em entrevista veiculada pela TV Record na noite de terça-feira. Nela, Lula disse que o governo não é obrigado a cumprir a meta fiscal “se você tiver coisas mais importantes para fazer” e reforçou que precisa ser convencido de que será preciso cortar despesas para cumprir o arcabouço.

“Embora alguns headlines (manchetes) tenham sido divulgados antecipadamente, a entrevista como um todo à noite trouxe preocupação ao mercado, na medida em que Lula volta a se mostrar reticente a cortar gastos”, comentou Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.

“Estas preocupações com a política fiscal estão afetando os preços de ativos como o real, que perde mais que outros pares emergentes, e isso bate na curva também”, acrescentou.

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No mercado, as expectativas estão voltadas para o dia 22 de julho, na próxima segunda-feira, quando o governo apresentará o Relatório Bimestral de Receitas e Despesas com a definição sobre quanto será preciso contingenciar no Orçamento para cumprir a meta de resultado primário zero deste ano.

“Há entre bancos e corretoras uma expectativa de contingenciamento de cerca de 10 bilhões de reais na semana que vem, de 8 a 10 bilhões de reais”, disse Lais Costa, analista da Empiricus Research. “Com a fala de Lula ontem, se não vier nada vai ser muito ruim”, acrescentou, ao avaliar a abertura da curva de juros brasileira nesta quarta-feira.

Durante a tarde o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que Lula tem um compromisso fiscal inegociável, lembrando que o presidente já orientou a Junta de Execução Orçamentária a fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal.

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“O pedido foi explícito: faça o que for necessário para garantirmos o cumprimento do arcabouço fiscal. É um compromisso inegociável por parte do presidente Lula”, disse Padilha em entrevista à CNN Brasil.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 88% de chances de manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano no fim deste mês e 12% de possibilidade de alta de 25 pontos-base. Na terça-feira os percentuais eram de 85% e 15%, respectivamente.

No exterior os yields migraram para o território negativo, em meio a apostas de que o Fed está próximo de iniciar o ciclo de cortes de juros.

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Às 16h35, rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento — caía 2 pontos-base, a 4,15%.

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