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Em meio ao recente boom global de inteligência artificial (IA), aumentou a necessidade de capacidade de processamento de dados e, consequentemente, no número de data centers e uso de energia, uma vez que essas estruturas consomem muita energia. Por exemplo, uma busca no ChatGPT consome, em média, 10 vezes mais energia do que uma busca no Google.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o consumo de eletricidade dos data centers globalmente totalizou 460 Terawatt-hora (TWh) em 2022 (2,4% a 3,2% do consumo global) e pode aumentar para 620 a 1.050 TWh até 2026. Já a BloombergNEF estima que o consumo global de energia por data centers atingirá 1.580 TWh até 2034.
Embora o mercado de data centers esteja atualmente concentrado nos EUA (45%) e na Europa (15%), ambas as regiões têm enfrentado dificuldades com o fornecimento de energia e água, e com regulamentações emergentes sobre eficiência energética e emissões de carbono. Com a crescente demanda por armazenamento de dados, grandes empresas buscarão países que ofereçam uma combinação de baixo custo, boa infraestrutura e energia confiável.
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Nesse contexto, o Santander acredita que, se as empresas transferirem seus data centers para o Brasil teriam uma vantagem competitiva em termos de pegada de carbono. Enquanto os combustíveis fósseis representam 77% da matriz energética mundial, no Brasil eles representam 50,8%. Em relação à eletricidade, apenas 15% das fontes no Brasil são consideradas não renováveis (principalmente térmicas) contra uma média global de 61%.
O país atualmente tem um excesso de oferta de eletricidade. O Brasil gerou aproximadamente 663 TWh de eletricidade em 2022 enquanto consumiu apenas cerca de 580 TWh. Além disso, a capacidade instalada deve alcançar 275 GW até 2031, de acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Uma das formas mais vantajosas para o Brasil usar seu excesso de oferta de eletricidade seria através do “powershoring”, atraindo indústrias estrangeiras para estabelecer plantas intensivas em energia no país.
A segurança energética é outra vantagem da matriz elétrica do Brasil devido à sua diversificação e robusta infraestrutura de transmissão e distribuição. O país também tem preços competitivos de eletricidade para negócios em comparação com os EUA e países europeus, onde a maioria dos data centers está localizada.
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Além disso, analistas acreditam que a falta de disponibilidade de água em locais onde alguns data centers estão estabelecidos, especialmente nos EUA e na Europa, representa outra oportunidade para o Brasil. Eles ainda destacam que o Brasil está geograficamente próximo ao Chile, o maior produtor mundial de cobre, um mineral considerado crítico para aplicações elétricas em data centers e geração de energia renovável.
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Serviços de utilidade pública
No setor de utilities (concessões de serviços públicos), o banco acredita que o segmento de geração seria o que mais se beneficiaria com o aumento da demanda de energia dos data centers (o que poderia se tornar um importante gatilho para os preços da energia), seguido pelos segmentos de transmissão e distribuição.
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Embora o Sudeste do Brasil provavelmente seja o local da maioria dos data centers construídos no país, dada a sua infraestrutura superior de linhas de transmissão e redes de distribuição, bem como de fibra óptica, a região Nordeste também deve se beneficiar do aumento de projetos renováveis dentro do região.
Entre as empresas listadas, o Santander vê a Eletrobras (ELET3) como a principal beneficiária do aumento da demanda por energia no Brasil, uma vez que isso poderia potencialmente elevar os preços da energia e a companhia tem uma parte significativa de seu portfólio não contratada (perto de 65% em 2027). A Copel (CPLE6) também seria beneficiada, pois também tem grande parte do seu portfólio não contratado (45% em 2027). Além de Copel e Eletrobras, analistas esperam que Eneva (ENEV3) se beneficie de um potencial aumento na volatilidade nos preços spot.
Telecomunicações
O Santander avalia que a Intelbras (INTB3) está bem posicionada para se beneficiar da crescente demanda por data centers no Brasil, uma vez que o fornecimento de energia é essencial para as operações. Dada a sua alta demanda energética e a necessidade de disponibilidade constante, o foco estratégico da Intelbras em aprimorar suas soluções de energia poderia apoiar diretamente os requisitos de infraestrutura dos data centers.
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“Ao desenvolver sistemas UPS mais eficientes e confiáveis e tecnologias avançadas de baterias, a Intelbras poderá oferecer soluções críticas de energia de reserva que garantam um serviço ininterrupto”, destacam analistas. “À medida que os data centers continuam a expandir-se em número e escala, a procura por estas soluções de energia provavelmente aumentará”, completam.
Para o Santander, a Telefônica Brasil ([ativo=VIVT3) pode ser outra beneficiaria, pois a empresa tem investido na expansão da sua presença em FTTH (Fiber to the Home, ou “fibra para casa”), o que é crucial para fornecer as conexões rápidas e confiáveis que os data centers exigem para operar com eficiência.
Segundo relatório, os data centers lidam com grandes quantidades de informações e suportam serviços digitais críticos, a velocidade e a estabilidade das suas conexões são fundamentais.
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Indústria
O Santander aponta a WEG ([ativo=WEGE3]) como uma grande beneficiária de uma maior aceleração nos segmentos geração, transmissão, distribuição e armazenamento de energia impulsionada pelos sistemas de consumo, armazenamento e proteção de energia dos data centers de IA.
Na avaliação do Santander, a WEG será um player fundamental para viabilizar toda a infraestrutura necessária para a implantação e crescimento de iniciativas relacionadas à IA.
Já a Tupy (TUPY3), segundo o relatório, deve ser capaz de aproveitar oportunidades importantes em sua divisão de Energia e Descarbonização (E&D), principalmente por meio de grupos geradores que possam dar suporte ao sistema de backup de energia para data centers.
O Santander ressalta que apesar de representar apenas 6% da receita do 1T24, a divisão de E&D é um dos principais motores de crescimento da companhia, com projetos importantes que poderão beneficiar o agronegócio como um todo, principalmente por meio de iniciativas compatíveis com ESG (ex.: bioplantas, biofertilizantes, transformação do motor, etc.).
Imobiliário
No setor imobiliário, o Santander vê a Log CP (LOGG3) como a maior vencedora, tendo em vista que sua experiência em propriedades industriais e logísticas é adequada para atender aos requisitos específicos do segmento de data center, incluindo armazéns refrigerados de grande escala, de alta segurança e com infraestrutura confiável. Além disso, a Log CP tem forte presença nas principais regiões metropolitanas do país, estrategicamente localizadas em áreas com excelente conectividade.
Por outro lado, segundo a relatório, a Log observa atualmente uma baixa demanda do segmento de data center.