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Como diz o ditado: “filho de peixe, peixinho é”. Assim podemos definir a história de Rafael Perretti, trader há mais de 10 anos. Ele chegou a atuar na Bolsa quando ela nem era nos moldes de hoje, totalmente eletrônica, seguindo os passos do seu pai, o Índio do Pregão, um dos personagens do mercado financeiro, da época do viva voz.
“Desde a infância tive contato com o mundo financeiro porque encontrava os amigos de meu pai em churrascos, no futebol. Eram todos operadores do pregão”, lembra ele, ao IM Trader.
Daí foi um pulo, diz ele, para fazer um curso ainda aos 15 anos para se aprimorar e começar a atuar como trade. Aos 16 anos chegou a ser emancipado para trabalhar com operações no mercado futuro. Tudo isso sendo feito no período de férias, para não prejudicar os estudos no colégio.
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Do céu ao inferno
Aos 18 anos, já trabalhando em tempo integral no trade, foi do céu ao inferno em dois dias. Segundo ele, “um momento de ‘virada de chave’ importante no emocional”.
“Numa quinta-feira tinha feito um resultado excepcional. Nunca tinha realizado um resultado assim, de ganhar R$ 4 mil em um dia. Eu estava com 18 anos”, recorda.
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“No outro dia, tinha uma aula na faculdade, mas nem fui. Resolvi operar”, conta ele, sobre o estado de euforia que ficou com a conquista na data anterior.
Mas deu tudo errado e acabou perdendo no total R$ 11 mil naquela sexta-feira. “Foi a minha pior perda”, relembra.
“Isso me abalou muito emocionalmente. Fiquei praticamente um mês indo para tela (do computador), mas não conseguia clicar, ficava com medo, receio”, conta.
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Entender o operacional
A partir daí, mudou a postura por completo. “Passei a me concentrar mais no racional, na parte de estatística. Comecei a fazer teste das minhas operações, para entender mais meu operacional. Daí fiquei mais tranquilo”, destaca.
Naquela época Rafael Perretti trabalhava num escritório com o pai, o irmão e um primo. Ao lado de Índio se manteve por sete anos, absorvendo a longa experiência do antigo trader no mercado. Passado esse tempo, se desvinculou do negócio familiar e montou seu escritório, em São Paulo, e passou a operar sozinho.
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No início de 2023 entrou na XP como influencer da Clear, para passar sua vivência no mercado para outros traders. “Meu foco operacional é o minidólar e faço algumas operações de swing trade”, diz, sobre sua preferência de operação na B3.
Melhores resultados
Ela lembra que quando começou para valer no mercado, recém terminada a faculdade de economia, era pouco difundido o day trade. “Quando falava da minha profissão poucas pessoas sabiam o que era. Começou a se difundir mesmo quando teve um boom na rede social, em 2018”, recorda.
Naquele ano, Rafael notou o surgimento de muitos vídeos na internet sobre trade. “Vejo de uma maneira muito positiva porque escalou a profissão, mais pessoas conseguiram ter conhecimento sobre o que é ser um trade, mas, por outro lado, alguns que foram para internet para divulgar não eram bem-intencionados, e acabaram sujando a imagem do trader”, ressalta.
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Para ele, o trader “tem que ser extremamente profissional, como fosse um esportista de alta performance”. Rafael considera o maior desafio da profissão achar seu operacional que se enquadre no seu perfil.
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Perfil operacional e emocional
“A questão é casar seu operacional com seu perfil emocional. Essa é a maior dificuldade que encontrei no começo, principalmente por conta da ganância. A gente vê um fluxo financeiro muito alto sendo trocado ali no dia a dia. Daí, acaba se querendo aumentar o lote, ganhar mais dinheiro, só que isso não dá para fazer sem gerenciamento de risco”, ensina.
O ponto essencial para ele do operacional é o trader definir se fará operações mais rápidas ou prolongadas. Ele prefere as mais rápidas.
No começo, seu operacional era mais votado para análise técnica. “Comecei na análise técnica com médias móveis, suporte e resistência e hoje digo que meu operacional é híbrido. Pré-defino regiões de relevância que pode ter aumento do volume financeiro negociado”, diz.
“Pré-definido essas regiões, aguardo o mercado chegar nelas e analiso o fluxo financeiro. Meu operacional hoje é de análise de fluxo”, complementa.
A transição da análise técnica para análise de fluxo não foi fácil. “Tinha esse perfil de fazer operações um pouco mais curtas. Tive que me readaptar”, ressalta. Ele conta que usava uma regra básica para operar nesse período de transição: pouco dinheiro para não ter risco. Enquanto isso, a análise de fluxo foi adotada no período da pandemia.
“Meu melhor resultado financeiro de day trade foi de R$ 15 mil, já operando com análise de fluxo. Com análise técnica cheguei a fazer R$ 8 mil, R$ 10 mil. Já tive ganhos maiores, mas foi no swing trade”, diz Perretti.
Estudar, estudar, estudar
Hoje, com 29 anos e fazendo MBA de value investing, ele sempre diz às pessoas para começar na atividade estudando, ganhando conhecimento das ferramentas disponíveis para operar.
“É importante entender um pouco de cada ferramenta e ver o que melhor funciona dentro de seu perfil operacional. Se aprofunde dentro do operacional escolhido. Tendo o operacional pré-definido, vá para o simulador e trabalhe ali um, dois meses, sendo mais fiel possível ao que pretende fazer na conta real e depois migre para o real”, ensina.
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“É importante ter ciência que o trader é uma pessoa que assume risco. Se você é conservador, se um dia de stop (mecanismo para evitar perdas excessivas na operação) vai mexer com seu emocional, talvez seja melhor procurar outro tipo de operação. A perda num dia faz parte do operacional de um trader”, comenta.
Para Rafael Perretti, disciplina e gerenciamento de risco são essenciais para o trader.
“Disciplina porque mercado tem todo dia e um dia de fúria pode acabar com tudo que se tem. O segundo, o gerenciamento de risco, é para saber qual é sua perda máxima diária – e nunca exceder a isso. Se atingiu essa máxima, estude o que te levou aos erros, para aprimorar o operacional”, conclui.
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