Moraes tira sigilo de áudio em que Bolsonaro, Ramagem e Heleno discutem caso Flávio

O assunto tratado na reunião seria a investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do então presidente, envolvendo suposta “rachadinha” em seu gabinete quando ainda era deputado estadual pelo Rio de Janeiro

Fábio Matos

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, e o general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, e o general Augusto Heleno, ex-chefe do GSI (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Publicidade

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou, nesta segunda-feira (15), o sigilo de uma gravação obtida durante a investigação da Polícia Federal (PF) sobre a suposta utilização da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar e espionar políticos, servidores públicos e diversas autoridades.

A informação sobre a retirada do sigilo foi divulgada inicialmente pelo blog da jornalista Julia Duailib, no G1.

Baixe uma lista de 11 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

Continua depois da publicidade

Na conversa gravada, a PF diz que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversa com o general Augusto Heleno, que ocupava o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, e com o então diretor-geral da Abrin, Alexandre Ramagem.

O assunto tratado na reunião, segundo a PF, é a investigação sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos filhos do então presidente, envolvendo suposta “rachadinha” em seu gabinete quando ainda era deputado estadual pelo Rio de Janeiro (RJ).

De acordo com a PF, teria sido discutida uma possível blindagem a Flávio nas investigações.

Continua depois da publicidade

Leia também:

Ainda segundo a PF, a gravação da conversa, provavelmente, teria sido feita por Ramagem, hoje deputado federal e pré-candidato do PL à prefeitura do Rio.

Em sua decisão, Moraes atendeu aos pedidos apresentados pelos advogados de Richards Dyer Pozzer e Mateus de Carvalho Sposito – ambos investigados pela PF –, que pediram acesso aos autos.

Continua depois da publicidade

“Ressalto, ainda, que, a eventual divulgação parcial – ou mesmo manipulação – de trechos da Informação de Polícia Judiciária nº2404151/2024 (fls. 334-381), bem como da gravação nela referida, tem potencial de geração de inúmeras notícias incompletas ou fraudulentas em prejuízo à correta informação à sociedade”, anotou Moraes.

“E deixar bem claro: a gente nunca sabe se alguém está gravando alguma coisa”, diz Bolsonaro no áudio, desconfiando de que pudesse estar sendo gravado. 

A conversa teria ocorrido no dia 25 de agosto de 2020.

Continua depois da publicidade

“Nenhuma relação com Abin”, diz Flávio

Em mensagem publicada em sua conta oficial no X (antigo Twitter), Flávio Bolsonaro negou qualquer relação com a Abin e afirmou que o objetivo da PF, sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é “inventar crimes” contra Bolsonaro.

“Simplesmente não existia nenhuma relação minha com Abin. Minha defesa atacava questões processuais, portanto, nenhuma utilidade que a Abin pudesse ter”, escreveu Flávio.

Ainda segundo o senador, “a divulgação desse tipo de documento, às vésperas das eleições, apenas tem o objetivo de prejudicar a candidatura de Delgado Ramagem à prefeitura do Rio de Janeiro”.

Continua depois da publicidade

“O grupo especial de Lula na Polícia Federal está tão cego para inventar crimes contra Bolsonaro que ‘acusa’ a Receita Federal de abrir PAD [Processo Administrativo Disciplinar] contra servidores que cometeram crime contra mim”, prosseguiu Flávio.

ACESSO GRATUITO

CARTEIRA DE BONDS

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”