Investir com Trump presidente será mais difícil, diz sócio da Gauss Capital 

Especialista projeta volatilidade maior, dólar mais forte no curto prazo e inclinação na curva de juros

Leonardo Guimarães

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O ex-presidente Donald Trump sofreu um atentado e foi atingido de raspão na orelha por um disparo no último sábado (13). Logo cresceu no mercado financeiro a aposta de que seu favoritismo na corrida à Casa Branca deve aumentar, e agentes começam a se preparar para a vitória republicana em novembro.

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Na visão de Gabriel Giannecchini, sócio e portfolio manager da Gauss Capital, gestora que tem um fundo voltado para oportunidades trazidas por períodos eleitorais, o cenário aponta para dólar mais forte, maior pressão inflacionária e expectativa de juros mais altos. O especialista também crava: será mais difícil investir com Trump na presidência.

“Ele muda de ideia do dia para a noite e o dia a dia com ele é mais complicado de interpretar”, avalia. “Eu não seria muito ganancioso agora, já que não vejo muitas tendências tão bem definidas”, diz o especialista.

Este ciclo eleitoral dos Estados Unidos é diferente. Afinal, os eleitores já conhecem os dois candidatos, que já ocuparam o Salão Oval da Casa Branca. Portanto, o mercado já sabe o que esperar de cada candidato. 

Trump já era considerado favorito na corrida presidencial após o primeiro debate contra Joe Biden, que tem sua candidatura questionada dentro do próprio partido e cometeu algumas gafes, como confundir Zelensky com Putin e sua vice-presidente, Kamala Harris, com Trump.

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Se a tendência a favor de Trump se confirmar, diz Giannecchini, o dólar deve ganhar força pela postura protecionista do ex-presidente, que pode entrar em uma guerra comercial com outros países, como fez com a China durante seu mandato.

“O impacto no dólar é mais forte no curto a médio prazo, como vimos a partir de 2016; no longo prazo, porém, podemos ver uma moeda mais fraca, afinal, não sabemos se vai ter tanta gente querendo investir em dólar se o país estiver mais fragilizado do que estava antes”, projeta Giannecchini.

“Nos níveis em que estamos hoje, vejo a compra de dólar como uma boa oportunidade, porque, com Trump, teremos um dólar mais forte em um primeiro momento”

Prepare-se para a volatilidade

Outro ponto importante de um possível segundo mandato de Donald Trump é a volatilidade. O republicano costuma dar declarações polêmicas. Uma das marcas de seu mandato como presidente dos Estados Unidos foram as publicações no X, antigo Twitter. Em um dia comum de 2017, por exemplo, Trump ameaçou o Irã, criticou Arnold Schwarzenegger e acusou o jornal inglês The Guardian de mentir a seu respeito.

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Para o investidor que aceita tomar riscos, a lição é de que “comprar volatilidade vale a pena; lá fora temos ETFs de índices como VIX e MOVE e estamos em um ambiente com eleições, proximidade do início do ciclo de corte de juros e níveis altos de inflação, o que torna as coisas mais complicadas”, opina o sócio da Gauss.

O VIX é conhecido como “o índice do medo” e mede as oscilações dos preços das opções de ações que formam o índice S&P 500, enquanto o MOVE mede a volatilidade do mercado de títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O investidor que compra esses índices ganha dinheiro se houver muita variação nas taxas da renda fixa pública e nas cotações de ações. 

Renda fixa atrativa

Apesar das diferenças entre Trump e Biden, um problema é comum: a dívida dos Estados Unidos. A agência de classificação de risco Fitch Ratigns projetou, em março, que a relação dívida/PIB do país vai subir para 120,7% até o fim de 2025. “Não acho que o país deixa de pagar suas dívidas, mas vão precisar tomar dívidas mais caras pelo risco que país está correndo”, diz o sócio da Gauss.

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É isto que faria os Estados Unidos um país de juros mais altos, como citou Giannecchini. Nesse contexto, a renda fixa de lá pagaria mais do que paga hoje, mas a recomendação é ficar nos títulos mais curtos: “apesar de ser contraditório com a projeção de juros mais altos no futuro, ainda vejo um movimento de corte de juros pelo Fed neste ano”, o que valoriza os títulos com vencimento em até três anos. 

E a Bolsa?

No mercado acionário, Giannecchini tem dificuldade para enxergar alguma tendência. “O S&P 500 está super esticado e, na teoria, teríamos um país com juros mais altos, o que seria pior para as ações, mas me sinto mais confortável em dizer que será um ambiente mais volátil do que falar em alta ou queda”.