Especialistas da ONU afirmam que fome se espalhou por Gaza

Autoridades de saúde de Gaza afirmam que pelo menos 33 crianças morreram de desnutrição desde o início da guerra

Reuters

Uma criança senta-se em meio aos escombros enquanto palestinos inspecionam uma casa destruída em um ataque israelense, durante o conflito entre Israel e Hamas, no campo de refugiados de Nusairat, na Faixa de Gaza central, em 9 de julho de 2024. REUTERS/Ramadan Abed
Uma criança senta-se em meio aos escombros enquanto palestinos inspecionam uma casa destruída em um ataque israelense, durante o conflito entre Israel e Hamas, no campo de refugiados de Nusairat, na Faixa de Gaza central, em 9 de julho de 2024. REUTERS/Ramadan Abed

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As mortes recentes de crianças por desnutrição na Faixa de Gaza indicam que a fome se espalhou por todo enclave, disse nesta terça-feira (9) um grupo de especialistas em direitos humanos enviado pela Organização das Nações Unidas.

Autoridades de saúde de Gaza afirmam que pelo menos 33 crianças morreram de desnutrição, principalmente nas áreas do norte, que recentemente passaram pela maior parte da ofensiva militar israelense lançada depois do ataque do Hamas em 7 de outubro.

Desde o início de maio, a guerra chegou ao sul de Gaza, atingindo o fluxo de entrega de auxílio em meio a restrições estabelecidas por Israel, que acusa organizações da ONU de falhar em distribuir ajuda de maneira eficiente.

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Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o grupo de 11 especialistas em direitos humanos citou a morte de três crianças, com idades de seis meses, 9 anos e 13 anos, por desnutrição na área de Khan Younis (sul) e na área central de Deir Al-Balah desde o fim de maio.

“Com a morte dessas crianças por fome apesar do tratamento médico na zona central de Gaza, não há dúvidas de que a fome se espalhou do norte para as regiões central e sul de Gaza”, apontaram os especialistas.

A declaração, assinada pelos especialistas incluindo o relator especial sobre o direito a alimentação, Michael Fakhri, condenou a “campanha intencional e focalizada de Israel contra o povo palestino”.

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A missão diplomática israelense em Genebra disse que o comunicado não passa de “desinformação”.

“Israel aumenta continuamente a coordenação e a assistência no auxílio humanitário pela Faixa de Gaza, recentemente conectando a sua linha de eletricidade para a usina de dessalinização de água em Gaza”, acrescentou.

No hospital Khan Younis, na segunda-feira, a palestina Ghaneyma Joma disse à Reuters que temia que seu filho morresse de fome.

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“É desesperador ver meu filho… deitado, morrendo de desnutrição porque eu não posso dar nada a ele por conta da guerra, do fechamento das travessias e da água contaminada”, afirmou ela, sentada no chão do lado do seu imóvel filho, que tinha soro conectado ao pulso.

Formalmente, a existência da fome é determinada pelo sistema de monitoramento global chamado Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC, da sigla em inglês), com apoio da ONU. É esse sistema que faz o levantamento com base em uma série de critérios.

Em maio, o IPC disse que Gaza está em alto risco de fome com a continuação da guerra e a restrição ao auxílio humanitário.

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Mais de 495 mil pessoas em Gaza – mais de um quinto da população – estão enfrentando o nível mais severo, ou “catastrófico”, de insegurança alimentar, segundo o IPC, uma redução da previsão anterior de 1,1 milhão na atualização anterior.