Petrobras sobe mais de 2% após reajustar gasolina; “gestão começou com pé direito”

Diferença ante valores internacionais continua, mas analistas veem movimento importante e que acrescenta credibilidade à nova gestão

Lara Rizério

Logo da Petrobras. Foto: (REUTERS/Sergio Moraes)
Logo da Petrobras. Foto: (REUTERS/Sergio Moraes)

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As ações da Petrobras (PETR3;PETR4) subiram mais de 2% na sessão apesar da queda do petróleo, após a estatal elevar o preço médio da gasolina vendida a distribuidoras em cerca de 7%, a R$ 3,01 por litro, a partir de terça-feira (9), em seu primeiro ajuste do combustível fóssil desde outubro.

Para o óleo diesel, entretanto, a companhia não anunciou ajustes nesta segunda-feira (8). O último ajuste da gasolina havia ocorrido em outubro do ano passado, quando houve uma redução. O último aumento havia sido em agosto do ano passado, segundo dados da companhia.

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A estatal também elevou o preço médio do gás liquefeito de petróleo (GLP), o chamado gás de cozinha, em R$ 3,10 o litro, a R$ 34,70 por botijão de 13kg (+9,8%).

Os ativos PETR3 fecharam a sessão desta segunda com ganhos de 2,33% (R$ 41,22), enquanto PETR4 teve alta de 2,45% (R$ 38,44), com os ganhos sendo impulsionados no fim da manhã, logo após o anúncio do reajuste.

Na visão do Morgan Stanley, a nova gestão inicia o seu mandato com o pé direito na estratégia de preços.

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“A nova CEO [Magda Chambriard] entregou a mensagem transmitida durante a sua primeira interação com analistas de investimentos, na qual a estratégia de preços dos combustíveis foi reafirmada. Acreditamos que este foi um movimento importante, que acrescenta credibilidade à continuidade de outras políticas importantes, como a distribuição de dividendos e os padrões de governança corporativa, mesmo que um aumento já fosse esperado há muito tempo, na nossa opinião”, aponta o Morgan Stanley.

De acordo com as estimativas do Morgan, o anúncio de hoje reduz a diferença entre a gasolina e a paridade de importação de cerca de 14% para 7,5%.

“Embora tivéssemos preferido ver a lacuna totalmente fechada, reconhecemos que os recentes movimentos cambiais têm sido muito voláteis e entendemos por que a Petrobras escolheu ser prudente com aumentos de preços. Nas próximas semanas/meses, esperamos que a administração também aborde o preço do diesel, que continua a ser negociado cerca de 14% abaixo da paridade de importação, de acordo com as nossas estimativas”, avalia o Morgan, que tem recomendação equivalente à neutra (equalweight, ou desempenho em linha com o mercado).

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Para o Itaú BBA, que tem recomendação equivalente (neutra), o ajuste de hoje reafirma o compromisso da Petrobras em executar a estratégia comercial, evitando repassar a volatilidade ao consumidor.

O Goldman Sachs reitera que esta é a primeira vez que a nova gestão (que assumiu recentemente) ajusta os preços dos combustíveis. “Por um lado, continuamos a ver preços da gasolina abaixo da paridade internacional e com margens de crack spread – a diferença de preço entre um barril de petróleo bruto e um barril de combustível, um indicador das margens brutas – negativas.

“Por outro lado, acreditamos que as notícias de hoje poderão reduzir, pelo menos parcialmente, as preocupações dos investidores relativamente a uma potencial intervenção política na política de preços após a recente mudança de CEO. Recordamos que a nova CEO da Petrobras reconheceu na semana passada a sua intenção de manter a atual política de preços de combustíveis da empresa”, avalia o Goldman, que possui recomendação de compra para as ações.

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(com Reuters)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.