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Pânico foi a palavra mais utilizada para expressar o sentimento dentro do Partido Democrata após o debate na noite de quinta-feira (27) entre o presidente Joe Biden e seu concorrente nas eleições de novembro, o republicano e ex-ocupante da Casa Branca Donald Trump.
As dúvidas sobre a capacidade física e mental de Biden para um segundo mandato cresceram a ponto de se cogitar sua troca na Convenção Nacional do partido marcada para agosto. Isso é possível?
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Como temiam seus apoiadores, Biden teve um desempenho fraco durante programa de uma hora e meia: disse frases incompletas, citou dados errados e teve até os momentos de pausa no raciocínio, que têm sido explorados à exaustão pela campanha de seu adversário.
Já Trump mostrou mais “energia” como disseram vários especialistas em campanhas contatados por órgãos de imprensa, algo que prevaleceu sobre o fato de ele ter se esquivado de perguntas mais difíceis ou de ter sido várias vezes acusado por Biden de mentir no debate.
O colunista do New York Times, Thomas Friedman, considerado um amigo e colaborador próximo do presidente dos EUA, escreveu hoje em artigo que essa saída deveria ser considerada. “Biden é um bom homem e um bom presidente. Ele precisa abandonar a corrida”, diz o artigo. Ele chegou a escrever que o debate o “fez chorar” e que não lembrava “de um momento mais doloroso na campanha presidencial americana” em sua vida.
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Troca é possível
O fato é que lideranças democratas e outros analistas passaram a admitir a hipótese de uma troca de candidato. Pelas regras, isso seria fácil, mas envolve um acidentado caminho político.
O primeiro obstáculo é que será preciso que o próprio Joe Biden desista da campanha, algo que ele tem negado com veemência que vá fazer.
Depois, será necessário achar um nome de consenso, que não parece ser no momento a vice-presidente, Kamala Harris, embora fosse natural que Biden endossasse seu nome.
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A Convenção Nacional Democrata, cerimônia formal durante a qual o partido escolhe oficialmente seu indicado, está marcada para o período de 19 a 22 de agosto, em Chicago.
Para este ano, estima-se que haja 4.672 delegados, sendo que 3.933 estão compromissados a sancionar o nome de Biden, que saiu das primárias com um vitória de 95%. Além disso, há outro 739 delegados automáticos, chamados superdelegados, que não votam num primeiro escrutínio.
Caso aconteça uma desistência, a convenção passa a ser considerada contestada ou aberta e vários candidatos podem se apresentar para votações, precisando obter um total de 2.258 votos entre todos, incluindo os superdelegados.
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Novos nomes
Nesse caso, além de Kamala Harris, poderiam se apresentar pleiteantes que participaram das primárias, como o governadores da Califórnia (Gavin Newsom), de Michigan (Gretchen Whitmer), da Pensilvânia (Josh Shapiro), de Illinois (J. B. Pritzker) e o deputado da Califórnia, Ro Khanna.
Mas a AP destaca nada impede que outros concorrentes que tentaram a indicação do partido em 2020 se apresentem, como os senadores Bernie Sanders (Vermont), Elizabeth Warren (Massachusetts) e Amy Klobuchar (Minnesota), além do secretário de Transportes, Pete Buttigieg.
O site Politico, por sua vez, lembra que qualquer uma das estrelas em ascensão dos democratas seria uma possibilidade, mas a inclusão de Newsom é particularmente improvável. Uma chapa Harris-Newsom, por exemplo seria inelegível para os 54 votos eleitorais da Califórnia, uma vez que ambos são do mesmo estado. Assim, ambos precisariam mudar de residência.
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Os dois aproveitaram para sair em defesa de Biden após o debate. A vice-presidente Kamala Harris admitiu que Biden teve um “início lento”, mas argumentou que seu histórico de três anos e meio como presidente superava um evento de 90 minutos. Já Newsom se apressou em descartar a noção de que Biden poderia ser substituído.
Além da manutenção de Biden na cabeça da chapa, outro temor dos democratas é chegar à Convenção divididos, como aconteceu em 1968, quando o senador Robert Kennedy (que acabou assassinado), o vice-presidente Hubert Humphrey e Eugene McCarthy fizeram uma ferrenha disputa, que acabou por favorecer a vitória do republicano Richard Nixon.
O Financial Times, por sua vez, destaca em reportagem que a última vez que alguém defendeu uma convenção contestada foi Ted Kennedy, em 1980. Embora tenha perdido as primárias para o incumbente Jimmy Carter no início de junho, Kennedy quase conseguiu transformar a convenção de agosto de Nova York em uma convenção aberta.
(Com Reuters)