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Com ônibus elétrico carregado em 10 minutos, CBMM promete turbinar receita com nióbio

Empresa mineira controlada pelos Moreira Salles espera dobrar faturamento do negócio de baterias a cada ano até alcançar US$ 100 milhões em 2026

Mitchel Diniz

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O uso do nióbio em baterias de veículos elétricos começa a mexer com os ponteiros da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), maior produtora global do metal utilizado para fortalecer ligas de aço. Em 2023, a empresa mineira faturou US$ 23 milhões apenas com essa unidade de negócios e espera dobrar as receitas a cada ano até alcançar US$ 100 milhões em 2026. A demanda por baterias com nióbio de carregamento ultrarrápido é vista como uma importante alavanca desse crescimento e tende a ter uma representatividade maior nos números.

Na semana passada, essa tecnologia começou a ser testada pela primeira vez no Brasil em um protótipo de ônibus elétrico construído pela Volkswagen. CBMM e Toshiba trabalharam juntas na tecnologia que utiliza óxido de nióbio e titânio em substituição ao carbono no ânodo, o pólo negativo da bateria. Na prática, essa modificação faz com que a bateria do ônibus atinja carga máxima em apenas 10 minutos e sua vida útil seja três vezes maior que a de um componente convencional – ao menos, é isso o que a CBMM promete.

“Esse material tem propriedades que a bateria tradicional não tem, como a capacidade de recarga ultrarrápida, com segurança e maior durabilidade”, afirmou Rogério Ribas, gerente executivo do programa de baterias da companhia em entrevista ao InfoMoney, o maior e mais completo ecossistema de comunicação especializado em mercados, investimentos e negócios do país.

Protótipo de ônibus elétrico com bateria de carregamento ultrarrápido (Divulgação/CBMM)

Novo foco

Para acelerar a adoção da recarga ultrarápida, a empresa passou por um alinhamento de rota. Quatro anos atrás, a CBMM corria para equipar carros elétricos de montadoras japonesas com essa tecnologia, mas a estratégia mudou.

“As nossas baterias de carregamento ultrarrápido trazem mais valor para aplicações comerciais e industriais, que requerem uma alta utilização do veículo”, explica Ribas. O foco passou a ser em veículos elétricos que precisam estar em constante circulação e perdem eficiência quando precisam de muitas horas para terem suas baterias recarregadas.

“É um ônibus urbano, um caminhão de mineração, robôs em warehouses. Identificamos que, para o ânodo de recarga ultrarrápida, esse mercado é mais interessante, nesse momento, do que o de carros para passageiros”, afirma Ribas. Ele explica que o segmento de veículos leves demanda escalas muito grandes, além de sofrer com uma pressão maior de custos e trabalhar com prazos ainda mais longos de homologação.

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“Em um ciclo de aprovação de uma tecnologia para veículos de passeio, estamos falando de um prazo de uns seis anos, pelo menos”, diz o executivo. “Seguimos trabalhando com algumas montadoras que estão avaliando a tecnologia, mas a gente acredita que a recarga ultrarrápida vai para o mercado, primeiro, em aplicações comerciais e industriais”.

Rogério Ribas, gerente executivo do programa de baterias da CBMM (Divulgação)

Investimentos milionários

No ano passado, a CBMM investiu R$ 80 milhões no desenvolvimento de tecnologias de nióbio para baterias de lítio. Os recursos foram distribuídos em 42 projetos que a empresa vem tocando por meio de parcerias com empresas mundo afora, nos mesmos moldes do protótipo de ônibus elétrico da Volkswagen.

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A empresa também possui uma frente de novos negócios que investiu em torno de R$ 100 milhões em três startups para baterias (Battery Streak, Echion Technologies e a Skeleton Technologies). “Elas trabalham no desenvolvimento do material que une o nióbio com outros elementos químicos e também é para carregamento rápido”, explica Rodrigo Amado, gerente executivo comercial de baterias.

Mas o principal investimento da CBMM em baterias foi uma planta em Araxá, município mineiro onde a empresa está sediada, com capacidade para produzir, inicialmente, 3 mil toneladas de óxido de nióbio. A companhia aportou R$ 265 milhões na estrutura.

“É a primeira fabricante de material ativo de baterias do Brasil. Nós já vamos começar a operá-la agora, em fase de comissionamento, e, no segundo semestre, ela vai estar pronta para começar uma produção industrial”, garante Ribas. O plano da companhia é ampliar a produção para mais de 20 mil toneladas até 2030.

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Controle dos Moreira Salles

A CBMM é controlada pelos Moreira Salles, que detém 70% de participação na companhia. Em 2023, a companhia obteve receita líquida de R$ 11,4 bilhões. O lucro líquido do período foi de R$ 4,9 bilhões e o resultado antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês), de R$ 7,9 bilhões. O volume de vendas total de produtos de nióbio bateu 92 mil toneladas no período. A empresa tem capacidade para produzir 150 mil toneladas por ano.

Com uma oferta de nióbio maior que a demanda, a utilização da matéria-prima em baterias de veículos elétricos é a principal aposta de diversificação da companhia fora do mercado de aço. No ano passado, apenas 600 toneladas, do volume total de vendas, foram destinadas a esse propósito. Mas a expectativa da empresa é que esse número dobre no ano que vem e chegue a 40 mil toneladas anuais em 2034.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados