Mesmo após recuo do presidente, polícia queniana atira em manifestantes

Manifestantes agora pedem a renúncia do presidente William Ruto

Reuters

Pessoas reagem a gás lacrimogêneo durante manifestação contra morte de civis por policiais durante protestos contra projeto do governo queniano de alta de impostos, em Nairóbi
27/06/2024
REUTERS/Monicah Mwangi
Pessoas reagem a gás lacrimogêneo durante manifestação contra morte de civis por policiais durante protestos contra projeto do governo queniano de alta de impostos, em Nairóbi 27/06/2024 REUTERS/Monicah Mwangi

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O recuo por parte do presidente do Quênia do plano de aumentar impostos foi insuficiente para encerrar os protestos em todo o país nesta quinta-feira (27), quando pelo menos duas pessoas morreram em confrontos perto da capital, Nairóbi, e outras foram baleadas pela polícia em outros locais.

Um dia depois de o presidente, William Ruto, ter desistido de um projeto de lei de elevação de tributos, manifestantes em Nairóbi, Mombasa, Kisumu e outras cidades pediram a sua renúncia, embora a quantidade de pessoas nas ruas tenha sido menor do que em dias anteriores.

A polícia disparou gás lacrimogêneo em dezenas de manifestantes em Nairóbi, e bloqueou vias que levam ao palácio presidencial. Na cidade de Homa Bay, no oeste do país, a polícia disse que membros das suas forças atiraram em manifestantes que tentavam incendiar carros da corporação.

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“Posso confirmar que sete pessoas foram internadas com ferimentos à bala. A polícia abriu fogo quando os manifestantes tentaram queimar carros da polícia”, disse Hassan Barua, comandante policial de Migori.

O jornal The Standard informou que duas pessoas morreram no confronto da polícia com manifestantes que saqueavam dois supermercados em Ongata Rongai, uma cidade nos subúrbios de Nairóbi. A polícia não respondeu imediatamente à solicitação para que comentasse o caso.

Ruto desistiu do projeto de lei na quarta-feira (26), um dia após o Parlamento ter sido invadido e incendiado durante a tentativa de votação. Pelo menos 23 pessoas morreram. A desistência prejudicou os planos do presidente de reduzir o déficit orçamentário e o endividamento, algo solicitado por credores, incluindo o Fundo Monetário Internacional.

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Repórteres da Reuters viram veículos do Exército nas ruas depois de o governo ter convocado as Forças Armadas para ajudarem a polícia.

“Não é bom que militares se envolvam em assuntos civis. Não estamos em guerra. Estamos em tempos de paz”, afirmou o motorista de mototáxi John Ngugi

Centenas de manifestantes se juntaram na cidade portuária de Mombasa e no município de Kisumu, no oeste do país, de acordo com imagens das emissoras de televisão locais, em atos que aparentavam ser pacíficos.

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“Só estamos vindo aqui para que nossa voz seja ouvida. Nós, da geração Z. Nós, os quenianos. Nós somos um só”, afirmou Berryl Nelima, em Mombasa. “Então a polícia pode parar de nos matar. Somos apenas manifestantes pacíficos, estamos desarmados.”

Os protestos não têm liderança formal e foram uma resposta a mensagens postadas nas redes sociais.

Em discurso na quarta-feira, Ruto defendeu o aumento da tributação sobre itens como pão, óleo de cozinha e fraldas, dizendo que era preciso diminuir o déficit do país, que dificultou a tomada de empréstimo e prejudicou a moeda.

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