PL do Aborto não era um projeto, mas uma “carnificina contra as mulheres”, diz Lula

"Você já tem uma regulamentação e uma lei para tratar da questão do aborto. O aborto tem de ser tratado como uma questão de saúde pública", afirmou o presidente da República

Fábio Matos

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente da República (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Publicidade

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta quarta-feira (26), o projeto de lei que equipara aborto ao crime de homicídio, cuja urgência foi aprovada pela Câmara dos Deputados há cerca de 10 dias, o que desencadeou uma série de protestos em todo o país, inclusive nas ruas.

De autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros 32 parlamentares, o Projeto de Lei (PL) 1904/24 equipara o aborto de gestação acima de 22 semanas ao homicídio. A votação do regime de urgência na Câmara foi simbólica e demorou apenas 23 segundos.

Baixe uma lista de 11 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

Diante da repercussão negativa da proposta, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já indicaram publicamente que o texto não terá sua tramitação acelerada no Parlamento e será mais debatido.

Leia mais sobre a entrevista de Lula:

“O projeto apresentado não era um projeto. Era uma carnificina contra as mulheres. Ele estava criminalizando a vítima, estava querendo que a vítima pegasse um tempo de cadeia maior do que o estuprador”, criticou Lula, em entrevista ao UOL.

Continua depois da publicidade

“Ainda bem que a sociedade se manifestou, ainda bem que as mulheres estão indo para a rua. As mulheres têm de ir para a rua. A mulher não é mais objeto de mesa e cama em nenhum lugar do mundo, muito menos no Brasil. Mulher quer ser agente política”, disse o presidente.

Ainda segundo Lula, a discussão sobre o aborto é um exemplo de debate feito “fora de hora”.

“Você já tem uma regulamentação e uma lei para tratar da questão do aborto. O aborto tem de ser tratado como uma questão de saúde pública”, afirmou.

Continua depois da publicidade

“Pessoalmente, eu, Lula, pai, sou contra o aborto. Mas, como chefe de Estado, eu tenho de tratar o aborto como uma questão da saúde pública.”

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”