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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (26), que não indicará um nome para a sucessão de Roberto Campos Neto no comando do Banco Central (BC) para agradar ao mercado financeiro.
O petista garantiu, em entrevista ao UOL, que a inflação permanecerá sob controle durante o seu governo e despistou ao comentar sobre o suposto favoritismo do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo (ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda) para ser indicado para a presidência da autoridade monetária a partir de 1º de janeiro de 2025.
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Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Campos Neto tem mandato à frente do BC até o dia 31 de dezembro de 2024.
“Eu não indico o presidente do BC para o mercado. Eu indico o presidente do BC para o Brasil. Ele vai ter de tomar conta dos interesses do Brasil. E o mercado tem de se adaptar a isso”, afirmou Lula. “Todos nós temos em mente e torcemos para que o Brasil vá bem, que a inflação vá bem, que o emprego vá bem. É este país do bem que precisamos criar. Temos de fazer um país de ‘ganha-ganha’”, prosseguiu o presidente.
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Lula citou a experiência que teve com Henrique Meirelles na presidência do BC, durante os 8 anos de seus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010.
“E não venham com chorumela para mim. Eu fui presidente por 8 anos. Tive o Meirelles no BC, e ele tinha total autonomia. A pergunta que eu faço é: o BC tem necessidade de manter a taxa de juros a 10,5% quando a inflação está em 4%? O BC leva em conta as dificuldades que as pessoas têm para fazer um financiamento?”, questionou Lula.
“O BC vai ter um plano de meta de crescimento, além de controlar a inflação? Eu continuo criticando a taxa de juros. Até acho que não deve ser o presidente que critique, mas o setor produtivo, em vez de reclamar do governo, deveria fazer passeata contra a taxa de juros”, disse o petista, reiterando as críticas à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de manter a Selic em 10,5% ao ano, interrompendo o ciclo de cortes dos juros básicos.
“Precisamos caminhar para uma taxa de juros compatível com as necessidades deste país, que precisa crescer mais. Ao mesmo tempo, temos de manter a inflação controlada, que significa ganho real para os pobres do país”, afirmou Lula.
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O petista comentou, ainda, a reunião que teve, na véspera, com Haddad e Galípolo, no Palácio do Planalto.
“O Galípolo veio aqui em uma reunião em que estávamos discutindo a meta inflacionária. E vamos adotar a meta contínua. O Galípolo é um companheiro altamente preparado, conhece muito do sistema financeiro, mas eu ainda não estou pensando na questão do BC”, disse Lula.
Críticas ao mercado
Na entrevista ao UOL, Lula repetiu velhas críticas ao mercado financeiro, que, segundo opresidente, “sempre precifica desgraça”.
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“[O mercado] Está sempre trabalhando para não dar certo, torcendo para as coisas serem piores do que são. A economia vai crescer mais do que todos os especialistas falaram até agora”, afirmou Lula.
“Você acha que na Faria Lima tem alguém que quer mais bem ao Brasil do que eu? Você acha que eles estão pensando no cara que está dormindo debaixo da ponte quando estão discutindo a taxa de juros? Não pensam. Pensam no lucro. E o país tem de ter alguém que pense no povo”, criticou.
Inflação
O presidente da República assegurou que seu governo está compromissado com o controle da inflação e disse que não há motivo para que o BC se preocupe com um repique inflacionário no país.
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“Já vivi com 80% de inflação ao mês. Eu recebia meu salário e corria ao atacadista para comprar tudo o que era perecível para não perder o meu dinheiro. Tendo um cuidado com isso. Se você soubesse o carinho e o amor que eu tenho para cuidar da inflação…”, disse Lula.
“É importante lembrar que a inflação está controlada neste país. Eu quero cuidar de controlar a inflação porque quero que o povo tenha direito a comer do bom e do melhor, o mais barato possível”, concluiu.