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A Grano Alimentos, empresa de alimentos congelados sediada em Serafina Corrêa, no Rio Grande do Sul, acaba de anunciar uma captação de R$ 70 milhões. Os recursos foram levantados com a emissão primária de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) de natureza ESG (do inglês, Ambiental, Social e Governança). A oferta foi coordenada pelo Itaú BBA.
O CRA da Grano tem prazo de vencimento de cinco anos e o montante captado na oferta vai ser utilizado para financiar um sistema de integração com pequenos produtores. Nesse modelo de negócio, a empresa fornece mudas e conhecimento técnico para que o agricultor inicie a plantação. A Grano se compromete a comprar os vegetais. Atualmente, mais de 120 famílias de agricultores locais, em 32 municípios gaúchos, fazem parte desse programa.
“Hoje, 93% da nossa cadeia de agricultores semi-integrados são representados pela agricultura familiar”, explica Michele Lopes, diretora de sustentabilidade da Grano. Pelo impacto social da atividade da empresa, foi possível enquadrar a emissão do CRA em uma operação ESG com rótulo social, diante do compromisso de manutenção da agricultura familiar.
“Com a caracterização do selo social também conseguimos reduzir custos, por acessar fundos que só podem investir nessa vertente do ESG”, afirma o CFO, Wilrobson Bassiano.
Impacto das enchentes
A emissão ainda estava em processo de auditoria quando o Rio Grande Sul foi devastado pelas enchentes recentes. Diante disso, a Grano postergou algumas dívidas de aquisição de mudas e aumentou o planejamento de compras para o quarto trimestre de 2024, para que o agricultor consiga maximizar receitas nesse período, compensando as perdas do segundo trimestre.
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A Grano se apresenta como “a maior empresa de vegetais congelados do Brasil” mas reconhece que ainda é um negócio de médio porte. Para este ano, a expectativa é obter um faturamento de R$ 350 milhões. “Para nós é um marco, como empresa média, conseguir acessar o mercado de capitais”, afirma Bassiano.
A resolução 5118 do Conselho Monetário Nacional (CMN), publicada em fevereiro deste ano, ajudou a acelerar a captação. A emissão de títulos incentivados, como os CRAs, passou a ser mais restrita, vedando ofertas que não estivessem diretamente vinculadas ao setor agrícola.
Pesquisa e novas aquisições
O CEO da Grano, Fernando Giansante, contou ao InfoMoney que uma parte dos recursos captados na emissão vai ser direcionado à pesquisa e desenvolvimento. “Trata-se de um projeto que, se der certo, vai trazer uma grande inovação para o segmento em termos de produto. Isso envolve teste de lavoura, pesquisa, uma série de iniciativas”, afirma.
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Em julho do ano passado, a Grano anunciou a compra da Gerônimo, startup produtora de alimentos plant-based, como hambúrgueres de grão de bico e quibe de berinjela, em uma transação que não teve o valor divulgado. Outra aquisição foi da marca Mr.Veggy, em 2022.
“Existem teses que estamos sempre analisado e tem uma em curso sendo apreciada pelo sócio-controlador”, afirma Giansante. A Grano é controlada pelo fundo Arlon, da gestora americana Conti. O CEO diz que M&As podem vir a ser uma alavanca para novas captações no mercado de capitais.