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Por “dólar + 5%”, brasileiros mais que dobram aportes em renda fixa no exterior

Volume de investimento na classe renovou recordes vistos em 2020, segundo dados do Banco Central

Monique Lima

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Os juros mais altos dos Estados Unidos desde 2001 está prestes a fazer aniversário — dia 27 de julho marcará um ano do último aumento do Federal Reserve (banco central dos EUA), que elevou as taxas de referência a 5,5% – e o fenômeno, considerado raro, tem sido aproveitado pelos brasileiros.

Somente em 2024, os brasileiros aportaram US$ 9,33 bilhões em títulos de renda fixa americanos, o equivalente a R$ 50,52 bilhões, considerando a cotação atual do dólar, de R$ 5,42. O montante é mais do que o dobro do registro na mesma janela do ano passado, que foi de US$ 3,51 bilhões (cerca de R$ 16.799,23, considerando a cotação do dólar do fim do período, de R$ 4,78). Os dados são do balanço de pagamentos do Banco Central, divulgados na segunda-feira (24).  

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O ano de 2024 têm sido de quebra de recordes de aportes mensais dos brasileiros em renda fixa no exterior. Janeiro, fevereiro e maio foram os meses de maiores volumes investidos, nesta ordem, superando os valores de 2020. Respectivamente, os investimentos foram de US$ 2,9 bilhões, US$ 2,6 bilhões e US$ 2,2 bilhões.  

Segundo o Banco Central, os títulos de renda fixa considerados no levantamento são títulos do Tesouro Americano, títulos de dívida de empresas e contas remuneradas, como os CD (similar ao CDB brasileiros).  

Analistas e gestores têm apontado a renda fixa dos Estados Unidos como uma oportunidade relevante desde o ano passado, quando os juros atingiram o pico atual. Segundo eles, os rendimentos estão altos em títulos considerados os mais seguros do mundo, com o adicional de remunerarem em moeda forte.  

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Segundo a Janus Henderson, até mesmo os americanos estão aproveitando o fluxo. Contas remuneradas e fundos de curto prazo [money market funds] atingiram um recorde de US$ 6,3 trilhões neste ano, o maior volume da história, segundo John Lloyd, gestor de portfólio da gestora britânica.  

Papéis preferidos

Segundo os dados do Banco Central, a escolha dos brasileiros tem sido por títulos de longo prazo — classificados como aqueles com vencimento superior a um ano. Dos US$ 9,3 bilhões investidos no ano, 91,3% foram nos papéis mais alongados.  

Segundo Lloyd, essa é a melhor escolha neste momento por dois motivos. O primeiro é a cautela dos investidores que ainda estão mais atentos aos títulos de curto prazo e as contas remuneradas e não precificaram a queda dos juros nos papéis mais longos, que estão com preços menores. O segundo, é justamente essa precificação que irá acontecer em algum momento, elevando os preços dos títulos com remunerações mais altas.  

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O ganho é duplo: com a valorização dos preços dos títulos e a remuneração dos juros, que ficará bloqueada em pagamentos mais altos.  

Atualmente, os Treasuries de 10 anos estão pagando 0,5 ponto percentual a mais do que um ano atrás, saindo de um yield de 3,74% para 4,24%. Papéis com vencimentos menores também abriram, como os de vencimento em 5 anos, que passaram de 3,99% ao ano para 4,26% em junho, ante um ano atrás.  

Os títulos mais curtos são os que oferecem a maior remuneração, mas inverteram os rendimentos, pagamento menos atualmente do que um ano atrás. O Treasury Bill de um ano diminuiu seu rendimento de 5,25% para 5,09% ao ano, conforme dados desta terça-feira (25).  

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Ações em baixa  

O S&P 500 passou por um rali no começo deste ano, valorizando 25,7% entre junho/2023 e junho/2024, mas isso passou longo das vistas e dos investimentos dos brasileiros. Os aportes diminuíram de US$ 1,02 bilhão entre janeiro e maio de 2023 para US$ 614 milhões no mesmo período deste ano.  

Já os fundos de investimento internacionais passaram por alguma recuperação entre o ano passado e este ano. Em 2023, os fundos fecharam com um saldo negativo de US$ 955 milhões. Entre janeiro e maio deste ano, houve uma recuperação de US$ 729 milhões, mesmo após saídas líquidas de US$ 569 milhões no mês passado.